Um grupo de senadores, entre eles o líder do PT, Walter Pinheiro (BA), encaminhou um pedido à Procuradoria-Geral da República para que ela repasse as gravações grampeadas pela Polícia Federal entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO). Como o procurador-geral Roberto Gurgel — que aparentemente faz vistas grossas para o caso — ainda não respondeu ao pedido, eles irão pessoalmente nesta terça (27) à procuradoria cobrar as gravações.
Os senadores querem que Demóstenes Torres explique sua relação com Cachoeira, que está preso. Demóstenes discursou na tribuna do plenário no dia 6 de março e admitiu que era amigo de Carlinhos, mas que não praticou nenhuma atividade ilícita.
“Nós não podemos tapar o sol com a peneira. Esta casa da Federação não terá moral para notificar, para convidar, para intimar qualquer cidadão a depor em suas comissões, se nós não ouvirmos os esclarecimentos do senador Demóstenes”, discursou o senador Pedro Taques (PDT-MT).
O senador Jorge Viana (PT-AC), que manifestou apoio a Demóstenes no início de março, disse que desde o discurso de Torres as coisas “se agravaram muito”. Até o dia 6 de março as denúncias publicadas na imprensa diziam que ele tinha recebido eletrodomésticos de presente de casamento de Carlinhos Cachoeira e trocado centenas de telefonemas com o bicheiro. De lá para cá, novas reportagens apontam que Demóstenes se comunicava com Cachoeira por meio de um telefone habilitado nos Estados Unidos, para evitar grampos. Além disso, há denúncias de que o senador teria recebido dinheiro proveniente do jogo do bicho.
Os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Eduardo Braga (PMDB-AM) foram mais cautelosos. Para Dias, o colega de oposição já está sendo investigado e já deu explicações. “Quando nós reivindicamos a presença de um ministro, quando nós encaminhamos à Procuradoria-Geral da República representações, nós o fazemos porque autoridades públicas denunciadas não estão sendo investigadas. Não é o caso do senador. Segundo a imprensa veiculou, esse inquérito tem três anos. A investigação se dá, portanto, há cerca de três anos, e o próprio senador, no dia 6 de março, daquela tribuna, pediu que fosse investigado”.
Já para o líder do governo, Eduardo Braga, o caso de Demóstenes não configura quebra de decoro parlamentar e, portanto, não deve ser tratado pela Comissão de Ética do Senado. “Espero que esse processo não seja politizado. Ele é de natureza criminal, não é de decoro. E deve ser tratado na instância correta [o Supremo Tribunal Federal]”.
Informações do Jornal do Brasil
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