Mais uma máscara acaba de cair. E muitas outras estão prestes a ter o mesmo fim. Diz a sabedoria popular que a mentira tem pernas curtas; que é mais fácil pegar um mentiroso que um coxo. O mesmo vale para o hipócrita. Quem tem o DNA da canalha da UDN (União Democrática Nacional) e vive a falar em moral e ética, não deve ser levado a sério.
Discípulo do udenista Carlos Lacerda que sonhou com a presidência da República através de golpe de Estado – tentou derrubar Getúlio Vargas em 1954, e João Goulart dez anos depois desfraldando a bandeira da moral e da ética- o senador Demóstenes Torres, do DEMO de Goiás, tudo fez para derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre com o falso moralismo do combate à corrupção.
Nos 15 meses de governo da presidenta Dilma Rousseff, o senador goiano também procurou infernizar, também com denúncias de corrupção, sempre contando com o irrestrito apoio da velha mídia conservadora, venal e golpista, em especial a revista Veja – o lixo do jornalismo –, e a Rede Globo – o câncer da imprensa brasileira, única que não viu o comício pelas Diretas-Já há exatos 28 anos (10-04-1984) com 1,2 milhão na Candelária, Rio de Janeiro.
Contudo, para atender ao amigo Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Demóstenes tentou trocar o DEMO pelo PMDB para poder se aproximar da presidenta Dilma. Afinal, os negócios nada republicanos de Cachoeira em Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Tocantins precisavam se expandir, e, para tanto, a aproximação com o Palácio do Planalto seria fundamental. Cachoeira pensava alto e pretendia ver o amigo como ministro do Supremo Tribunal Federal. Já pensou, amigo leitor, Demóstenes e Gilmar Mendes (ou Gilmar Dantas, conforme o jornalista Ricardo Noblat) sentados lado a lado no plenário do STF?
Não há quem duvide da cassação do senador Demóstenes Torres, até porque agora o Conselho de Ética do Senado será presidido pelo senador socialista Antonio Carlos Valadares. O próprio Demóstenes já se considera um cadáver político, posto que abandonado até mesmo pelos correligionários de partido que o ameaçavam expulsar, e ele se antecipou se desfiliando do DEMO.
Porém não basta a cassação do falso moralista que não tem como negar o seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, este preso em Mossoró num presídio federal de segurança máxima. É imprescindível a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a ação da rede criminosa que envolve muita gente “importante” e que, como tem o braço muito longo, pode chegar até no poder Judiciário, e vai desmascarar a velha mídia, notadamente a semanal da famiglia Civita que denunciou um grampo, sem áudio, com a conivência do então presidente do STF, Gilmar Mendes e Demóstenes Torres.
Uma CPI certamente vai provar que o “grampo” da conversa do senado com Gilmar Mendes, divulgado pela VEJA, foi uma armação grosseira para se vingar dos delegados federais Paulo Lacerda e Protógenes Queiroz - o que acabaram conseguindo -, e também para atingir o governo do presidente Lula. O senador goiano e o ex-presidente do STF são como carne e unha, tendo o senador acolhido em seu gabinete num cargo comissionado a enteada de Mendes, agora exonerada. Se provada a armação, o impeachment de Mendes desta vez poderá ser decretado.
O governador tucano Marconi Perillo também tem muito a esclarecer à CPI sobre o financiamento de suas campanhas e a lei estadual que autoriza a exploração de loterias instantâneas e até mesmo das máquinas caça-níquel. Além disso dezenas de auxiliares seus, da área de segurança, adiantavam a Cachoeira as operações policiais e assim o contraventor “limpava a área”.
Mas também quem tem muito a perder com a CPI é a revista VEJA. Se a comissão for fundo na apuração da ligação do jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal da semanal da Abril em Brasília com a bandidagem. Policarpo e sua turma de arapongas trocaram mais de 200 telefonemas com Cachoeira. Este se gaba de ser o responsável pelos furos da VEJA.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel também terá de explicar por que passou tanto tempo sentado em cima das denúncias da ligação de Demóstenes Torres com Carlinhos Cachoeira. Esse comportamento do procurador ensejou a comparação com o procurador-geral da República do Coisa Ruim (FHC), Geraldo Brindeiro, o engavetador – geral. Roberto Brindeiro é como está sendo chamado o atual procurador-geral.
O que muita gente está perguntando é por que o comportamento da velha mídia diante de todas as evidências de ações criminosas desse pessoal todo é infinitamente diferente de quando denunciava ministros da presidente Dilma? Esse comportamento prova que essa mídia é tão hipócrita quanto o “moralista” Demóstenes Torres.
Esta é a maior e melhor oportunidade de se passar muita coisa a limpo. Contudo é imprescindível o acompanhamento popular da CPMI – Comissão Mista da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
* Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do
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