É cada vez maior o número de telespectadores, e até de profissionais de TV, abismados com tantas baixarias, desmandos e irresponsabilidades observados em alguns programas da televisão aberta que nos fazem pensar que qualquer código de ética que pudesse existir já foi para o espaço há muito tempo.
Em julho de
Muito educada e simpática, a atriz aceitou conversar, mas jornalistas que estavam próximos a ela correram para avisá-la sobre as más intenções da “falsa repórter” que queria, na verdade, “arrotar” em seu rosto. Boquiaberta, Laura ficou perplexa com aquele absurdo e perguntou a uma amiga, quase sem acreditar naquilo:
-Mas o que foi que eu fiz para ela querer fazer isso comigo?
Quanta inocência da Laura, não? Ela que na época tinha 82 anos, e mais de 50 como respeitada atriz, disse depois que jamais poderia imaginar que num outro canal do mesmo veículo onde trabalhou em produções tão bem feitas e memoráveis, poderia haver algo tão repugnante no ar como essa coisa de “arrotar” sem mais nem menos no rosto das pessoas.
Diante disso, a tal “mulher arroto” acabou “aposentada” pelo próprio Pânico que, apesar da irreverência muitas vezes fora de controle, decidiu tirar a inconveniente personagem do ar. E nunca mais se soube dessa moça, que se prestou a esse papelão.
Por esses dias recebi pela internet um texto de Wagner Moura, também queixando-se de ter sido vítima de uma brincadeira de muito mau gosto do mesmo Pânico, cujos integrantes o cercaram para dar uma entrevista no meio da rua, na saída de uma premiação em São Paulo, e esfregaram gel em sua cabeça. Wagner demonstrou toda sua indignação ao escrever:
“Entrei num taxi. No caminho pra casa , eu pensava no fundo do poço em que chegamos. Meu Deus, será que alguém realmente acha que jogar meleca nos outros é engraçado? Qual será o próximo passo? Tacar cocô nas pessoas? Atingir os incautos com pedaços de pau para o deleite sorridente do telespectador? Compartilho minha indignação porque sei que ela diz respeito a muitos; pessoas públicas ou anônimas, que não compactuam com esse circo de horrores. Estamos nos bestializando, nos idiotizando. O que vai na cabeça de um sujeito que tem como profissão jogar meleca nos outros? É a espetacularização da babaquice. Amigos, a mediocridade é amiga da barbárie! E a coisa tá feia.
O caso aconteceu em 2008 e alguns críticos estão especulando que ele poderia ter voltado à tona, pelas mãos de concorrentes, para desestabilizar a audiência do Pânico que mudou da Rede TV para a Bandeirantes, alavancando seus números no domingo. E é aí que mora o problema. Como um programa desse nível consegue ganhar tantos pontos na preferência do público?
O lixo está aí, indiscutível, mas não podemos deixar de analisar que se ele está com boa audiência é que tem gente assistindo e pelo visto, muita gente. Será que é disso que o povão mais gosta, a ridicularização do ser humano, o escracho, a bobagem explícita?
Essa é uma pergunta que deixo para os sociólogos de plantão: como um programa do nível desse Pânico, fazendo o que faz há tantos anos, consegue ser aplaudido por alguns setores da mídia e atrair um certo tipo de público que acha tudo muito engraçado e criativo?
Talvez, se lá em 2008, o ator Wagner Moura, premiado pela APCA, por sua atuação como Capitão Nascimento, em Tropa de Elite, tivesse levado a ficção a sério, não teria sido vítima de falsos repórteres cujo foco não é a a informação, mas a ridicularização e o constrangimento do ser humano...
Publicado no Blog Direto da Redação
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