Foto: Sérgio Lima/Folhapress
Operação que parou na mão da subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio tem gravação que revela como senador atuou nos bastidores para promover a aprovação do projeto que previa a legalização dos jogos no Brasil; crime ou promiscuidade?
247 – Surgiram, enfim, as primeiras
gravações da Operação Vegas, e não foi em boa hora para o senador
Demóstenes Torres (sem partido-GO), que enfrenta processo de cassação.
Grampos obtidos com exclusividade pelo jornalista Gerson Camarotti, que
os publicou em seu blog (reproduzidadas abaixo),
revelam como o senador atuou nos bastidores para favorecer a aprovação
do projeto que previa a legalização dos jogos no Brasil.
Numa das gravações, Demóstenes fala para Cachoeira que a melhor
estratégia seria tentar aprovar a matéria na Câmara, já que, no Senado,
"a gente resolvia". No acerto, o ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO)
seria designado relator. Na mesma gravação, os dois ainda tratam de
negócios na Infraero.
Em outra interceptação, o senador fala para Cachoeira que tentou sem
sucesso levar "o pessoal" para falar com o deputado Ronaldo Caiado
(DEM-GO). O senador diz que "Caiado não recebe o pessoal". E diz que
pediu para o então líder do DEM liberar a bancada.
Diante dos grampos, fica a questão, levantada no momento em que
a subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio disse que não via
crime na conduta de Demóstenes registrada pelo Operação Vegas: trabalhar
com um bicheiro na tentativa de aprovar um projeto de legalização de
jogo não passa de promiscuidade ou é mais do que isso?
Gravações exclusivas da Operação Vegas obtidas
pelo blog revelam como o senador Demóstenes Torres atuou nos bastidores
para ajudar a aprovação do projeto que previa a legalização dos jogos no
Brasil.
Nesse caso, mais uma vez, ele coloca o mandato e o prestígio de
parlamentar a serviço de Carlinhos Cachoeira, preso por chefiar a
exploração ilegal de jogos.
Numa gravação, Demóstenes fala para Cachoeira que a melhor estratégia
era tentar aprovar a matéria na Câmara, pois no Senado “a gente
resolvia”. No acerto, o ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) seria
designado relator. Nesta mesma gravação telefônica, os dois ainda tratam
de negócios na Infraero.
Na
segunda interceptação da Polícia Federal, Demóstenes fala para
Cachoeira que tentou sem sucesso levar “o pessoal” para falar com o
deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). O senador diz que “Caiado não recebe o
pessoal”. E diz que pediu para o então líder do DEM liberar a bancada.
Ao blog, Caiado confirma que conversou com Demóstenes na ocasião e
que ele fazia lobby pelo projeto que liberava a legalização dos jogos no
Brasil. Mas ressalta que nunca recebeu esse grupo de lobistas, e muito
menos o contraventor Carlinhos Cachoeira.
“Houve uma tentativa de diálogo. O Demóstenes queria levar um grupo
de pessoas que defendiam a legalização do jogo. Mas não recebi esse
grupo. Muito menos o Cachoeira. Foram várias tentativas, mas enquanto
fui líder, não deixei essa matéria ser votada”, disse Caiado.
O
advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que faz a defesa de
Demóstenes, disse que não faria comentário sobre as gravações
telefônicas. “Se falar, estarei dando legalidade às interceptações que
são ilegais”, disse Kakay.
Nenhum comentário:
Postar um comentário