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Por que Gilmar Mendes, do STF, não moveu ação contra Lula?
Estranhíssimo que um ministro do Supremo Tribunal Federal e
ex-presidente do mesmo STF vaze conversa reservada com um ex-presidente
da República. Muito mais estranho: se a conversa teve tal gravidade, por
que Gilmar Mendes não reuniu o tribunal no dia seguinte e não denunciou
o fato? Por que não fez uma representação contra Lula? Era o seu dever.
Por que esperou um mês para se dizer indignado?
É digno de um ministro, ex-presidente do Supremo, vazar através da
imprensa informações desse teor? Se é que são verdadeiras. Se era para
revelar, por que ele mesmo não revelou? Por que esperou a Veja fazer o trabalho para, só então, numa tabelinha, dizer o que disse?
Nelson Jobim, também ex-presidente do Supremo, em entrevista ao jornal Zero Hora,
negou que o Mensalão tenha sido tema da conversa. Contou Jobim: "Foi
uma conversa institucional. Não teve nada nos termos em que a Veja está falando".
Perguntado sobre a hipótese de Lula e Gilmar terem conversado reservadamente, Jobim negou: "Não, não, não".
E por que a revista Veja? O que já produziu para a história o quarteto Veja,
Gilmar, Jobim… e Lula? Em 3 de setembro de 2008, acompanhado de outros
ministros do Supremo, Gilmar Mendes foi ao Palácio. Para, como disse
então, "chamar às falas o presidente" Lula.
Isso porque a mesma Veja havia publicado capa sobre grampos. E informado que Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres tinham sido grampeados.
O grampo nunca existiu. Mas a cobrança de Gilmar, nisso auxiliado pelo
mesmo Jobim, então ministro da Defesa, levou à queda de Paulo Lacerda e
diretores da Abin. Mais grave: reverberado por colunas amestradas, o
grampo que nunca existiu foi a arma usada para atacar a Operação
Satiagraha. Aquela que prendeu Daniel Dantas.
O campo para os ataques foi a CPI dos Grampos. CPI presidida pelo
deputado Marcelo Itagiba. Itagiba, que teve ajuda do presidente do banco
de Daniel Dantas para sua campanha. Tudo sempre muito estranho. Ou,
muito claro.
Estranho, por exemplo, que Demóstenes Torres, o mesmo da CPI do
Cachoeira, tenha empregado em seu gabinete uma enteada de… Gilmar
Mendes.
Aliás, depois disso tudo, o ministro Gilmar Mendes ainda se considera
habilitado para votar no caso Mensalão? Esse gesto do ministro se torna,
obviamente, uma declaração de voto antecipada.
Mais um fato estranho: por que Lula, tão experiente, tão rodado, põe-se
outra vez numa conversa do gênero com Jobim e Gilmar Mendes? A
assessoria de Lula negou o que Gilmar Mendes diz que ele disse. Se
disse, ou tivesse dito, isso seria um desastre.
De qualquer forma, o ex-presidente Lula cometeu, ao menos, um erro
político. Não bastaram o grampo que não existiu e a atuação anterior
desse triunvirato Gilmar Mendes, Jobim e Demóstenes Torres?
O que Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal, foi fazer no
escritório de um advogado, Jobim, e com um ex-presidente da República?
E por que, ainda e mais uma vez, Lula confiou em… Gilmar Mendes?
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