Ao anunciar, através de sua coordenação de campanha, que vai abandonar o discurso da continuidade para se dissociar da altíssima impopularidade do prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB, agora PSD), o candiato do PSDB agora a prefeito de São Paulo, José Serra, volta a cometer os mesmos erros de quando se distanciou do presidente Fernando Henrique Cardoso em 2002 e em 2006.
Por José Dirceu, em seu blog
Em 2002, candidato a presidente da República (perdeu para o presidente Lula) e dada a desaprovação do governo federal tucano, José não deixou o então presidente FHC botar os pés em seu palanque. Apesar de ser candidato ao Planalto pelo PSDB, partido de ambos.
Em 2006, candidato a governador, de novo não quis FHC em sua campanha e o ex-presidente praticamente foi exilado durante a disputa daquele ano. Depois de ter escolhido Kassab como seu vice em 2004, deixado a prefeitura para ele quando abandonou o cargo, e apoiado Kassab na reeleição de 2008, José agora quer disassociar-se dele.
José não tem partido, programa, companheiros, lealdade, nada
É reprise, já vimos esse filme antes. José acha que o eleitor não pensa, não avalia, não compara, e pior, não tem memória. Foi ele que criou Kassab em 2004, porque precisava do apoio e tempo de TV do partido em que o hoje prefeito estava então, o PFL/DEM.
José erra de novo, agora, quando centra a campanha em si próprio. José não tem partido, programa, companheiros, lealdade, nada. Para ele isso não conta. Para ele só conta ele, o técnico e o político José. Não se toca do alto índice de rejeição (37% pelo último Datafolha) e da desconfiança do eleitorado em relação a seu nome. Desconfiança, dentre outros motivos, quanto a sua reitarada disposição de cumprir o mandato até o fim, já que nunca cumpriu antes os de senador, prefeito e governador.
Assim, eu repito, é difícil José vencer. Vai perder, inexoravelmente. Como ele sabe, as pesquisas não mentem. Não adianta ele querer se disassociar de Kassab agora. Queira ou não, terá que responder pela gestão do atual prefeito nas entrevistas, nos debates e na TV. E, o mais importante, perante o eleitor. Que existe, José. O eleitor não é só um mero número ou um produto para ser manipulado pelo marketing ou pelo discurso enganoso do tucanato, como já comprovamos esses anos todos no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário