Escutas da PF evidenciam ligação entre novo senador e Cachoeira
Telefonema interceptado pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostra o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, conversando com um de seus aliados sobre um acordo que teria sido firmado com Wilder Morais (DEM-GO), herdeiro da vaga de Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) no Senado. As gravações não deixam claro quais seriam os termos desse acordo e quando ele teria sido feito.
Demóstenes foi cassado na quarta (11) por quebra de decoro parlamentar em função de seu envolvimento com o contraventor, acusado de corromper políticos e de comandar jogos ilegais em Goiás. Na ligação, de maio do ano passado, Cachoeira orienta o ex-vereador tucano de Goiânia Wladimir Garcez, apontado pela PF como elo da organização com políticos, sobre uma reunião que teria com Wilder. Eles discutem como abordar o suplente de senador, que estaria "falando mal" de Cachoeira. "Tinha um acordo aí. Pode falar do acordo meio a meio?", pergunta Garcez a Cachoeira.
Na ocasião, Wilder já era secretário de Infraestrutura de Goiás, nomeado pelo governador Marconi Perillo (PSDB). No diálogo, o ex-vereador indaga Cachoeira se deve "jogar na cara" do suplente a ajuda dada pelo contraventor, que responde: "Se tiver oportunidade, você joga". Horas mais tarde, o ex-vereador volta falar com Cachoeira e presta contas do encontro.
Ele diz ter lembrado Wilder do empenho de Cachoeira para que obtivesse a suplência de Demóstenes. Diz que o contraventor enfrentou a "raiva" de outros pleiteantes à vaga para bancá-lo na chapa.
Os problemas entre Cachoeira e o agora senador revelados nas conversas gravadas pela PF ocorreram num momento em que Wilder estava se separando de Andressa Morais, que no mesmo ano viria a morar com o contraventor na casa que pertencia ao governador Marconi Perillo.
As escutas da PF mostram que ela insistia em viver com Cachoeira, mas ele resistia, para não criar problemas com o suplente. "Você não entende. Deixei tudo por você" cobrou ela, numa conversa interceptada.
Fonte: Agência Estado
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