quarta-feira, 29 de agosto de 2012

CPMI: Veja e Policarpo Júnior são citados como pivôs de crise

A revista Veja e o jornalista Policarpo Júnior voltaram a ser citados na CPMI que investiga o crime organizado liderado pelo contraventor Carlos Cachoeira. Em depoimento nesta terça-feira (28), o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot, acusou a revista Veja de ter provocado a demissão dele. “Nada teria acontecido se não fosse a reportagem da Veja”, disse Antônio Pagot.


O ex-diretor do Dnit foi demitido em julho do ano passado após divulgação de matéria da revista Veja que acusava integrantes do Partido da República (PR) de comandar, por meio do Ministério dos Transportes, esquema de superfaturamento de obras por parte de empreiteiras.

Interceptações telefônicas da Polícia Federal, além de revelar relação estreita entre o diretor da sucursal da revista em Brasília, Policarpo Júnior, com a rede liderada por Cachoeira, apontam que o bicheiro tramou a saída de Pagot do Dnit, por não ter atendido as reivindicações da Construtora Delta.

Para o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), o diretor do Dnit foi “vítima” da organização criminosa que, segundo ele, tramou a sua queda. “Ele contrariou os interesses da empresa Delta, especialmente em obras que estavam ligadas ao Dnit. Essa contrariedade gerou matérias jornalísticas que, de alguma forma, contribuíram para a sua queda”, avaliou.

Convocação necessária

De acordo ainda com o relator, o depoimento mostra as relações entre o repórter e a organização criminosa. “O que está sob a nossa análise é se essa relação é uma relação de fonte ou de vínculos econômicos com a organização criminosa. Precisamos investigar”, defendeu o petista.

O deputado Emiliano José (PT-BA) também voltou a defender a convocação do jornalista Policarpo. De acordo com Emiliano, o depoimento de ex-diretor do Dnit demonstra que “há envolvimento de Policarpo e da Veja nas armações que resultaram na saída de Pagot”.

Reforma Política

Odair Cunha e Emiliano José acreditam que o depoimento de Pagot evidencia intermediação em doações legais a campanha eleitorais e, segundo eles, isso não caracteriza crime, mas reforça a necessidade de se discutir um sistema de financiamento público de campanha e a reforma do sistema político do país.

“É necessário concluir a reforma política. Precisamos fazer o financiamento público de campanha ou continuaremos assistindo ao que vem ocorrendo no país nos últimos anos", afirmou Emiliano.

 

Paulo Preto

A CPMI ouvirá, hoje, o engenheiro e ex-diretor da estatal paulista Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. O engenheiro é considerado homem de confiança do tucano José Serra.

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