Após a paralisação dos trabalhos devido às eleições municipais, os integrantes da CPI do Cachoeira vão ouvir, na próxima terça-feira (9), o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), flagrado pela Polícia Federal em mais de 100 ligações telefônicas com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
De acordo com a Comissão, o político vai falar à CPI na condição de convidado. Inicialmente, iria como investigado, mas os integrantes do colegiado, depois de muita discussão, mudaram o texto de convocação. Por isso, a temperatura política durante a oitiva deve ser elevada.
A situação de Leréia começou a ficar mais complicada em abril, após uma série de denúncias sobre a relação do deputado tucano com o esquema milionário comandado por Cachoeira. Nas conversas telefônicas interceptadas pela Monte Carlo, o parlamentar faz referências a cheques e ao uso de um cartão de crédito do contraventor para pagar a compra de jogos infantis para computador.
A PF apontou que há indícios do envolvimento comercial de Leréia com o bicheiro, como a sociedade na compra de um avião. Em depoimento reservado aos integrantes da comissão de sindicância, o tucano confirmou todos os casos, mas justificou que a troca de policiais havia sido feita somente por motivos de segurança.
Sociedade entre amigos
Durante as investigações, a Corregedoria teve acesso aos documentos da CPI nos quais o deputado era citado e ouviu gravações interceptadas pela Polícia Federal. "Constatamos que, ao contrário do que ele disse inicialmente, a relação dele com Cachoeira ia muito além da amizade, eles tratavam de negócios", comentou, na época, o relator do caso, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).
Delta está na mira
Na quarta-feira (10), um dia após o depoimento de Leréia, a comissão fará uma sessão administrativa para votação de requerimentos. Um grupo de deputados defende que os pedidos a serem apreciados devem ser os que tratam da quebra de sigilo de 12 empresas fantasmas abastecidas pela empreiteira Delta, no foco do escândalo.
Desvio
O canal de financiamento de campanhas políticas a partir de repasses milionários de recursos da construtora Delta para 18 empresas fantasmas identificadas pela CPI do Cachoeira, já soma R$ 421 milhões e pode até dobrar o valor quando dados inconsistentes remetidos à comissão forem atualizados.
Odair Cunha havia prometido apresentar, até 30 de setembro, um balanço completo de toda atividade financeira da quadrilha. O cruzamento das informações indica que boa parte do dinheiro foi sacada em junho, setembro e outubro de 2010, antes da eleição. O valor ultrapassa o dos recursos identificados no escândalo do mensalão.
Com informações do Correio Braziliense
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