Passadas as eleições de outubro, nas quais o PSDB reduziu ainda mais a sua representatividade – perdeu 87 prefeitos e 641 vereadores –, os caciques tucanos já deflagraram a guerra pelo comando da sigla. As convenções nacional e estaduais estão agendadas para maio de 2013, mas a derrota eleitoral antecipou a disputa interna. As bicadas tucanas serão mais sangrentas.
Por Altamiro Borges*, em seu blog
Na aparência, há uma briga entre as teses da “renovação e da experiência” e entre “os paulistas e os mineiros”. Porém, o buraco é mais embaixo.
Na prática, o que está em jogo é a definição dos futuros candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais, além dos cargos legislativos de deputados e senadores, no pleito de 2014. Aécio Neves, o cambaleante presidenciável mineiro, agarrou-se à tese da renovação, defendida pelo grão-tucano FHC, presidente de honra do PSDB, para defender mudanças no comando da sigla. Já os paulistas, que sempre mandaram na legenda, retrucam que ela não pode estar a serviço de uma pretensa candidatura.
O duelo entre "mineiros" e "paulistas"
“Em oposição aos mineiros, os paulistas têm pregado a necessidade de uma liderança com experiência administrativa e longa carreira partidária”, descreveu o jornal O Globo de ontem (10). O nome apresentado por esta turma é o do ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, fiel aliado de José Serra. “A questão da renovação deve ser vista com cautela. Ela não deve se resumir à idade, mas a novas ideias e propostas. Alberto Goldman é excelente para o posto”, ressalta o presidente do PSDB em São Paulo, Pedro Tobias.
Já a turma de Aécio Neves defende o nome do atual secretário-geral da sigla, o mineiro Rodrigo de Castro. Ele coordenou a campanha eleitoral do senador em 2010 e, com fidelidade canina, garantiria o favoritismo do cambaleante presidenciável tucano na briga interna. O deputado Sérgio Guerra, atual presidente nacional do PSDB, também é aliado de Aécio, mas não pode disputar uma nova reeleição para o comando da legenda. Além disso, o pernambucano está com graves problemas de saúde.
"PSDB atravessa fase de ebulição"
Há também setores tucanos que defendem um nome neutro, fora do circuito São Paulo-Minas Gerais, para evitar maiores traumas no ninho já conflagrado. Nessa difícil busca pelo consenso, o principal cotado é o ex-governador Tasso Jereissati. “Ele poderia atuar como figura de equilíbrio diante das discordâncias entre paulistas e mineiros”, relata O Globo. O problema é que o cearense hoje não apita mais nada na sigla. Ele sumiu, literalmente, das eleições municipais no seu estado e tem se dedicado aos seus negócios empresariais.
Como afirma Josias de Souza, o blogueiro da Folha que transita bem no ninho tucano, a situação do partido não é nada fácil. “O PSDB atravessa uma fase de ebulição... A atmosfera de abulia provocou no tucanato um incômodo que precipita o debate interno sobre a troca de comando do partido... Com mais de seis meses de antecedência, volta à cena a perspectiva de divisão entre os partidários do projeto presidencial de Aécio Neves e seus contrários, à frente José Serra, que acaba de ser (a)batido na disputa municipal de São Paulo”.
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