quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Terá sido Gurgel o "entrevistado" de Veja?

Em setembro, Marcos Valério teria prestado um depoimento secreto a Roberto Gurgel, onde teria falado de seu temor de ser assassinado; no mesmo mês, Veja dedicou capa ao empresário, atribuindo a ele frases como "Lula era o chefe", supostamente ditas a terceiros, mas que não foram gravadas. Teria sido o procuradorn geral o interlocutor de Veja?


Numa coontroversa reportagem, o panfleton direitista da Editora Abril, a revista Veja, publicou em 19 de setembro, uma suposta entrevista com o empresário Marcos Valério com graves acusações: o ex-presidente Lula seria o chefe do chamado "mensalão"; o caixa do PT em 2002 teria sido de 350 milhões de reais; Valério estaria sendo ameaçado de morte; e Lula só não teria sido pego porque Valério, Delúbio Soares e José Dirceu decidiram protegê-lo.

Todas essas acusações sem comprovação foram publicadas entre aspas e apresentadas ao leitor como uma entrevista de Marcos Valério a Veja feita com o gravador ligado. Informação que a própria matéria desmentiu ao dizer que as declarações haviam sido ditas por Valério a terceiros, a interlocutores próximos, sem existir gravações delas.

Agora, os jornalistas Felipe Recondo e Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo, voltam ao assunto e afirmam que, em setembro, Valério teria prestado um depoimento secreto ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel no qual ele teria citado os nomes de Lula, do ex-ministro Antonio Palocci e também de Celso Daniel, o prefeito assassinado de Santo André. Teria dito também que teme ser assassinado, um conteúdo semelhante ao divulgado por Veja em setembro.

A controversia sobre aquela reportagem da revista que é o principal porta voz da direita baseou-se em parte na existência ou não das fitas contendo a entrevista de Valério. Semanas depois, ao afirmar em entrevista ao jornal O Globo que as declarações de Valério podiam ser comprovadas em juízo com as fitas ou sem elas, o próprio diretor da revista, Eurípedes Alcântara, sinalizou que Veja não possui áudio algum contra Lula.

Como deixar de imaginar que o próprio Gurgel possa ter sido o "interlocutor próximo" de Marcos Valério, ouvido pela revista Veja? Em tese, o depoimento prestado pelo empresário ao procurador-geral Gurgel, que ainda nem foi analisado pelo Supremo Tribunal Federal, corre em segredo de Justiça. Mas o senador Fernando Collor, que já apresentou várias representações contra o procurador, tem também denunciado encontros frequentes de repórteres de Veja com pessoas próximas ao procurador geral.

Há uma tentativa de incriminar Luiz Inácio Lula da Silva. O julgamento do chamado "mensalão" não teve o efeito arrasador na eleição municipal deste ano, como a direita pretendia, e o próprio procurador geral confessou. O Partido dos Trabalhadores e as demais agremiações do núcleo de esquerda da base do governo (entre eles o PCdoB) foram claramente vencedores nesta eleição na qual as agremiações de direita (PSDB, DEM e PPS) declinaram em graus variados. Realidade que impõe a conclusão visível sobre as manobras da direita: seu objetivo é excluir Luiz Inácio Lula da Silva da arena política no Brasil e derrotar, ou amesquinhar, a tendência do voto à esquerda que se fortalece no eleitorado.

Com informações do portal 247

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