terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O lançamento de Aécio Neves: roteiro da derrota

O povo, que sabe tudo, diz: passarinho na muda não pia. O PSDB, que não costuma (nem sabe) ouvir o povo, não respeita essa sabedoria e, em seu chilrear interminável, desenha lições de abismo.

O PSDB – por meio do alto cardinalato tucano, formado por Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e o presidente da sigla, Sérgio Guerra – acaba de lançar, em Brasília, o nome de Aécio Neves para a sucessão da presidenta Dilma Rousseff em 2014. A cerimônia foi bem ao estilo tucano – altissonante e fanfarrão. O cenário foi uma reunião de prefeitos eleitos pela legenda. Foi um ato em que não faltaram manifestações de mandonismo. Quando Aécio alegou que um líder não se autoproclama, FHC logo corrigiu, do alto de sua onipotência: "eu estou te proclamando", logo seguido pelo “eu também” de Tasso Jereissati. É um autoritarismo tipicamente tucano, que atropela a escolha partidária e inclusive as regras legais para a indicação de um candidato. “Não precisa de nada, de convenção, de nada. Ele será ungido como candidato”, comandou FHC. Ele, disse o ex-presidente, tem que desde já “assumir posições” como líder político. “Se possível, com uma plataforma mais forte que o partido ofereça a ele”, agregou.

Este é o ponto de partida da lista de problemas da candidatura ungida pelos cardeais tucanos. Qual a plataforma? O mesmo roto e rejeitado programa neoliberal, derrotado sucessivamente nas urnas desde 2002? A mesma agenda do desemprego, do retrocesso econômico, de empobrecimento do povo e concentração cada vez mais acentuada da renda? Do desmonte do Estado, do ataque contra os direitos sociais, o retorno da precarização do trabalho e redução dos direitos trabalhistas? Das privatizações e da privataria tucana? Do alinhamento automático e submisso aos ditames dos EUA e da União Europeia? Dos emissários do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial como autores, gestores e fiscais da política econômica brasileira? Do país em posição de joelhos perante o imperialismo?

Qual é o programa que o PSDB pode oferecer como alternativa ao que o Brasil aprova (com o índice de 80% alcançado por Dilma Rousseff), e que vem sendo executado no Brasil desde 2003 pelos governos das forças democráticas, patrióticas e progressistas?

É legítimo que um partido tenha um candidato à Presidência da República, mas o convescote de prefeitos tucanos, sob os ditames de FHC e sua turma, entra fraco na disputa.

Eles sabem disso. Daí a indisfarçável campanha que tem no alvo Lula, Dilma e as forças de esquerda, promovida pelo udenismo de quinta categoria de vestais esfarrapadas que ocultam, sob a bandeira rota do moralismo, aquele programa que não ousam confessar.

O roteiro traçado por FHC a partir da reunião de prefeitos do PSDB é o ponto de partida para mais uma derrota desse partido superado na vida política brasileira. Ao lado dos reacionários do PFL (hoje DEM), os tucanos protagonizaram um ciclo político que já ficou para trás e que já não tem caminho de retorno. O Brasil vive desde 2003 um novo ciclo político, sob a condução de forças democráticas e patrióticas que muito têm feito e têm ainda mais a fazer pela transformação do país em uma nação desenvolvida, democrática, com progresso e justiça social.

Por isso mesmo, o PSDB e o DEM foram derrotados nas urnas em 2012, situação agravada pelo verdadeiro estilhaçamento do ninho tucano, novamente confirmado no encontro de prefeitos eleitos pela legenda no estado de São Paulo, na quarta-feira (28 de novembro), onde a tônica foi a discórdia, não a unidade. O remédio sonhado por FHC, como revelou no texto publicado em O Estado de S. Paulo no domingo (2), é a mobilização. Em seu devaneio, ele espera desencadear um movimento oposicionista com apelo de massas, uma proclamação voluntarista incapaz de prosperar nas atuais condições políticas brasileiras.

O ex-presidente tucano proclama a necessidade de falar para o povo. Mas falar o quê? Para que povo? O “povo” que ele espera mover são moradores dos bairros nobres de São Paulo e demais capitais; fora destes limites, sua audiência cai a quase zero e sua capacidade de mobilização é nula.

 

Editorial do VERMELHO

2 comentários:

Francy Granjeiro disse...

Depois da derrota da elkeição passada o lobista Tasso Jereissat falou que política nunca msis...que ia se afastar????

Francy Granjeiro disse...

Depois da derrota da eleição passada o lobista Tasso Jereissat falou que política nunca mais...que ia se afastar????

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