O senador Aécio Neves precisa tomar mais cuidado com os
títulos dos seus artigos semanais na Folha. “Ladeira abaixo” é o título
do seu texto desta segunda-feira [4], o que pode gerar várias
brincadeiras com a sua cambaleante candidatura presidencial pelo trôpego
PSDB.
Por Altamiro Borges*, em seu blog
O alvo do mineiro, desta vez, foi a Petrobras. Depois do forte desgaste sofrido com a sua insana cruzada contra a redução das contas de luz, ele agora resolveu atacar a estatal de petróleo. Mas qual a moral do grão-tucano para falar da Petrobras?
Segundo Aécio Neves, a estatal atravessa uma profunda crise e perdeu o posto de maior empresa do setor na América Latina para a colombiana Ecopetrol por causa do seu aparelhamento e da péssima gestão. Ele insinua que a direção da Petrobras é “inepta” por ser composta por “dirigentes nomeados pela sua lealdade aos governantes, desconsiderando-se as qualificações requeridas ao cargo”. Afirma ainda que a empresa sofre “com o uso político”. O objetivo do texto, evidente, é montar o seu palanque eleitoral para 2014.
Sem defender abertamente a privataria de FHC, Aécio Neves segue os conselhos do seu “mentor”, assume a carranca neoliberal e sataniza as estatais – e não apenas a Petrobras. Para ele, o governo Dilma trata estas empresas “como se fossem patrimônio do PT”. Para piorar, alerta, o governo ainda estatiza. “Levantamento divulgado ano passado mostra que o PT criou mais estatais que todos os governos pós-militares. Parafraseando um dilema de outrora, a saúva do aparelhamento partidário pode acabar com o Brasil”.
Aécio não tem moral para falar na “saúva do aparelhamento partidário que pode acabar com o Brasil” – já que foram os tucanos que aparelharam as estatais, num show de fisiologismo, e que destruíram o país. Basta lembrar que FHC nomeou como chefão da Agência Nacional de Petróleo (ANP) o seu ex-genro, David Zylbersztajn, e que este sujeito quase afundou a estatal – a trágica cena do acidente na plataforma P-36, em março de 2001, ainda está na memória dos brasileiros.
O plano do PSDB, atestado em vários documentos, era privatizar a estatal. Zylbersztajn até gastou fortunas numa agência de publicidade para mudar seu nome para Petrobrax. Aécio Neves quer retomar esta loucura privatista. Desta forma, a sua cambaleante candidatura é que rolará ladeira abaixo. E haja ressaca!
* Altamiro Borges é jornalista, secretário nacional da Questão da Mídia do PCdoB e presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé
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