sábado, 23 de março de 2013

O favoritismo de Dilma

A 18 meses da eleição e com favoritismo inédito, Dilma venceria rivais no 1º turno


JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO , DANIEL BRAMATTI - O Estado de S.Paulo
 
A presidente Dilma Rousseff larga na corrida para sua sucessão com um eleitorado espontâneo três vezes maior do que a soma de todos os seus adversários. Segundo pesquisa nacional do Ibope feita em parceria com o Estado, ela alcança maioria absoluta em todas as simulações de primeiro turno testadas e é a única entre os presidenciáveis com potencial de voto positivo: tem mais eleitores que admitem votar nela do que os que rejeitam a essa hipótese.

Nunca houve uma candidata como Dilma - nem um candidato - na redemocratização. Desde 1989, nenhum presidenciável alcançou, a um ano e meio da eleição, 35% de intenção de voto espontânea - pesquisa na qual o eleitor diz em quem pretende votar sem que o entrevistador mostre ou diga nomes de candidatos.
Quando foram reeleitos, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só chegaram a essa taxa após a propaganda eleitoral na TV. Em março de 2006, a seis meses de se reeleger, Lula tinha 27% na pesquisa espontânea. Em julho de 1998, três meses antes de sua reeleição, Fernando Henrique marcava 25% nesse tipo de pergunta. 

Dilma é a candidata à reeleição mais precocemente bem-sucedida entre todos os presidentes brasileiros: suas aparições na TV, anunciando cortes de impostos e tarifas, lhe renderam nove pontos a mais na pesquisa espontânea desde novembro do ano passado. Ela pulou de 26% para 35% em quatro meses. O fato é tão inédito que não há parâmetro histórico para saber se o fenômeno é duradouro.

Sem marca. Em boa parte, a vantagem comparativa de Dilma se deve à falta de outros candidatos com presença marcante na cabeça do eleitor. Adversária com maior potencial segundo o Ibope, Marina Silva (sem partido) tem apenas 2% de intenção de voto espontânea. Os tucanos José Serra e Aécio Neves têm 4% e 3%, respectivamente. Eduardo Campos (PSB) e Joaquim Barbosa têm 1%. Lula tem 12%.

O Ibope mediu o potencial de voto dos candidatos, que, a esta altura da campanha, é o melhor termômetro para avaliar a viabilidade de cada um. Dilma tem potencial de 76%. É a soma dos 52% que dizem que votariam nela com certeza com os 24% que poderiam votar. Como outros 20% não votariam nela de jeito nenhum, a petista tem um saldo positivo de 56%. Ninguém afirmou desconhecer a presidente.

Marina fica zerada no potencial de voto: enquanto 40% dizem que votariam nela com certeza (10%) ou poderiam votar (30%), outros 40% afirmam que não votariam na ex-senadora de jeito nenhum. Ela é desconhecida por 19% do eleitorado. Todos os outros cinco presidenciáveis testados estão, por ora, com saldo negativo.

Aécio tem 25% de eleitores que votariam ou poderiam votar nele hoje, contra 36% que rejeitam seu nome: saldo negativo de 11 pontos. Já Eduardo Campos tem saldo negativo de 25 pontos: 10% admitem votar nele contra 35% que não votariam de jeito nenhum. Em favor de ambos, uma grande parte dos eleitores não os conhece o suficiente para opinar: 39% desconhecem Aécio; 54%, Campos.

José Serra (PSDB) é o caso oposto. Duas vezes derrotado na eleição presidencial, o tucano só é desconhecido por 14% dos eleitores brasileiros. Apesar de reconhecido, seu saldo é negativo em 15 pontos: 35% admitem poder votar nele, contra 50% que afirmam que não votariam de jeito nenhum. Ao contrário dos outros nomes da oposição, Serra tem pouco espaço para crescer.

A alta rejeição de Serra e o baixo conhecimento dos nomes dos demais oposicionistas tornam as simulações do que seria a eleição de 2014 mais favoráveis para Dilma, por enquanto.

Cenários. As taxas de intenção de voto estimulada da presidente variam de 53% a 60%, de acordo com o número de presidenciáveis na disputa. A comparação dos três cenários testados pelo Ibope revela que quanto mais candidatos estiverem no páreo, maior a probabilidade de segundo turno. Mesmo assim, se a eleição fosse hoje, a maior chance seria de que Dilma se reelegesse no primeiro turno.

Num cenário "todos contra todos", que inclui sete candidatos, inclusive Aécio e Serra que, hoje, estão no mesmo partido, Dilma chega a 53% do total de intenções de voto contra 33% da soma de seus adversários: 12% de Serra, 8% de Marina, 7% de Aécio, 3% de Joaquim Barbosa (presidente do STF), 2% de Campos e 1% de Fernando Gabeira (PV). Outros 6% dos eleitores anulariam ou votariam em branco, e 8% não souberam responder. 

Num segundo cenário, com apenas quatro presidenciáveis, Dilma vai a 58% das intenções de voto, contra 12% de Marina, 9% de Aécio e 3% de Campos. A presidente ganharia cinco pontos em comparação ao cenário "todos contra todos", enquanto a soma dos rivais perderia nove pontos.

Sem Campos. Num cenário sem a candidatura de Eduardo Campos, Dilma Rousseff alcançaria a 60% do total de votos, enquanto Marina ganharia um ponto e passaria a 13%, e Aécio permaneceria com 9%.
Segundo Marcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, "esta pesquisa tem o menor índice de eleitores que não sabem dizer espontaneamente em quem votar a esta altura da sucessão presidencial". "Isso se deve à alta aprovação de Dilma, e à exposição que ela ganhou pela força do cargo. Mas há espaço e tempo até a eleição para outros candidatos se tornarem mais conhecidos e melhorarem ou não sua posição na pesquisa", pondera.

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