quinta-feira, 20 de junho de 2013

Manifestações no Brasil e na Turquia são diferentes, diz Patriota

 

Em visita a Oslo, na Noruega, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, rebateu nessa quarta-feira (19) a comparação entre as manifestações que ocorrem no Brasil e os protestos na Turquia. Patriota disse que os episódios de violência nos protestos são isolados.


Segundo ele, os protestos são democráticos e o governo ouve os apelos da sociedade civil. Na Turquia, os protestos ocorrem há três semanas, registrando quatro mortos e mais de 7 mil pessoas feridas.


“É uma situação diferente [se comparada com a da Turquia]”, disse Patriota, que encerrou nesta quarta (19) a viagem a Oslo, onde participou de um seminário sobre segurança e paz mundiais. “As manifestações foram, predominantemente, pacíficas. Ocorreram episódios de violência aqui e ali e, claro, as forças de segurança têm de estar preparadas porque há grande número de pessoas envolvidas.”

O ministro acrescentou que "a expectativa é que eles [os manifestantes] vão continuar a manifestar-se de forma pacífica. Brasil. O governo está ouvindo as vozes da sociedade civil. E é natural que os indivíduos ou grupos queiram participar do debate democrático sobre o futuro do país”.

A âncora da emissora estadunidense CNN de televisão Christiana Amampour perguntou sobre “a explosão de descontentes” no Brasil e mencionou as reivindicações dos manifestantes sobre os gastos com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, mais investimentos para a educação, a redução dos preços das passagens de ônibus e o combate à corrupção.

Patriota reiterou que a sociedade civil está no seu direito ao protestar. “A sociedade civil tem o direito de se manifestar. Vamos ver o que podemos fazer juntos”, ressaltou, lembrando que a presidenta Dilma Rousseff foi vítima da ditadura e ficou presa. “[A presidenta] irá garantir que todas as vozes que têm reivindicações legítimas sejam ouvidas.”

O chanceler fez uma análise sobre a situação econômica e social do Brasil, informando que o país é atualmente uma nação mais forte e que fez conquistas importantes, como o combate à pobreza e à fome, aumentando o número de pessoas na classe média. “O Brasil tem hoje uma situação de quase pleno emprego, que é bastante em contraste com muitas economias do mundo desenvolvido, na Europa, por exemplo”.

Segundo ele, esses padrões de vida têm dado lugar a um novo conjunto de expectativas. "E isso é, penso eu, a mensagem central das manifestações”, disse Patriota. Ele destacou que, no país, a democracia é plena: “Temos lutado no Brasil para obter a democracia que temos hoje”.

Fonte: Agência Brasil

Um comentário:

XAD disse...

Fascistas, Fascistas! Não passarão!!!

Acabo de voltar da passeata na Av. Paulista, convocada pela direção nacional do PT. Éramos não mais de 200 militantes.

Quando cheguei à concentração, na Av. Angélica, vi que talvez não conseguíssemos caminhar nem 100 metros… O ódio dos que estavam na Paulista e que ocupam as ruas há dias era total. Mas esse ódio não era direcionado apenas ao PT. Era contra qualquer bandeira, qualquer movimento social organizado. A CUT estava presente. O Movimento Passe Livre. E a UNE também.

Durante a passeata, várias bandeiras foram atacadas, rasgadas e queimadas sob gritos de “Fora PT, vai tomar no cu!”, “o povo acordou”, “oportunistas” e, last but not least, “mensaleiros”!!!

Desde o início, foi necessário formar um cordão humano para “proteger” o final da passeata. Às vezes, formava-se um cordão também na lateral.

Os ataques acompanharam toda a passeata. Fomos vaiados na maior parte do tempo. O silêncio só veio quando cantamos um trecho do hino nacional. Também gritávamos: “Sem violência”, “Democracia”, “Vem pra rua, vem contra a tarifa”, “olha que loucura, contra partido, parece ditadura” e “R$ 3 não dá, contra a tarifa, é passe livre já”.

Durante o trajeto, tentaram invadir a passeata, ameaçaram, provocaram, partindo para a agressão, xingando o tempo todo. Foi tenso. Deu um medo danado.

Um dos gritos que se expandia com muita facilidade, espalhando-se pela Paulista, era: “O povo unido não precisa de partido”. Enquanto gritavam, as pessoas, que ocupavam as laterais da avenida, colocavam os braços para cima, em gesto típico do nazismo/fascismo.

Seguimos até o Masp. Não sei nem dizer como conseguimos. Nessa hora, os gritos de “abaixa a bandeira” tornaram-se cada vez mais fortes. E os ataques também. Chutes e ameaças, de um grupo de “carecas” e fortões, que seguiu a passeata durante todo o trajeto, tornavam a cena totalmente assustadora.

Na altura da estação Trianon-Masp fomos cercados. A passeata tornou-se, praticamente, um cordão humano, de um lado e de outro. Começaram a jogar rojões em cima da gente e bolas de papel com fogo.

Nessa hora, correram avisos para que a gente guardasse as bandeiras. Eu, por exemplo, estava empunhando uma bandeira da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (acho que era isso) e desfilei o tempo todo enrolada numa bandeira do PT. Alguém pegou a bandeira da UEE e outro me avisou para tirar a bandeira do PT e guardar na mochila (para evitar linchamento e coisas do tipo, caso a passeata se dispersasse).

Para vocês terem uma ideia, eu estava compondo o segundo cordão no fim da passeata. Não foi nada fácil.

Nesse momento surgiu o grito: “Fascistas, Fascistas, Não Passarão!!”.

O grito foi entoado em uníssono, com muita força. Embora o momento não fosse propício, cheguei a rir quando uma moça, que estava atrás de mim, soltou: “gente, não adianta gritar isso, eles não sabem o que é, vão achar que é só provocação e, ao que parece, somos minoria!!”.

E éramos. Depois de alguns minutos, abaixamos as bandeiras, a passeata foi invadida. Dispersamos.

Voltei para casa, com a bandeira na mochila, pensando. Pensando muito. Lembrei do Allende.

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