segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Tucanos podem se despedir da Presidência da República

Messias Pontes *

 

Com complexo de vaca, o tucanato caminha célere para o brejo. Pelo menos no curto ou médio prazo o desesperado desejo de retornar ao poder central para entregar o que sobrou do patrimônio público não passa de um sonho. Nem mesmo a velha mídia conservadora, venal e golpista, toda ela tucana - sendo a maioria serrista – conseguiu manter a blindagem para encobrir a roubalheira dos que se apresentavam como vestais da moral e da ética.


O jornalista Amaury Ribeiro Júnior, com o seu A privataria tucana, já havia dessecado as falcatruas que se constituíram no maior escândalo de corrupção desde que o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República. Antes os também jornalistas Aloysio Biondi com os seus dois volumes do O Brasil Privatizado, e Larissa Bortoni e Ronaldo de Moura com O mapa da corrupção no governo FHC já haviam descortinado todo o processo de corrupção nos oito anos de desgoverno do Coisa Ruim. Várias outras publicações foram lançadas sobre os crimes de lesa-pátria e o desvio de dinheiro público para financiar campanhas tucanas, inclusive do Coisa Ruim a presidente da República.

A velha mídia fez de tudo evitar que a maioria dos brasileiros tomasse conhecimento dessas publicações. Mas agora não deu mais pra segurar. Até mesmo a Rede Globo e a Folha de São Paulo, os mais tucanos de todos, entregaram os pontos e passaram a noticiar, mesmo de maneira discreta, o que a revista IstoÉ vem revelando nas quatro últimas edições sobre a roubalheira tucana nas duas últimas décadas em São Paulo, o já consagrado trensalão.

A maior de todas as empresas estrangeiras que forneciam trens, metrôs e serviços para o governo tucano de São Paulo – a Siemens – reconheceu publicamente que fazia parte do cartel com a francesa Alstom e outras multinacionais. O montante da roubalheira que irrigou o propinoduto tucano ultrapassa a casa de meio bilhão de reais. Tudo isso será utilizado durante a campanha presidencial do próximo ano e mostrado nos mínimos detalhes. Quanto mais tentam negar a participação de tucanos de alta plumagem no trensalão, mais o Coisa Ruim e Zé Serra se desmoralizam, pois são categoricamente desmentidos pelas apurações do Ministério Público e do Cade. Não dá mais para essa dupla continuar batendo carteira e sair gritando pega o ladrão.

A irreversível divisão no ninho tucano contribui para a acelerada caminhada para o brejo. O ex-governador paulista José Serra – o Zé Bolinha de Papel – continua com sua obsessão de disputar pela terceira vez a Presidência da República e já deixou muito claro que não aceita em hipótese alguma apoiar a candidatura do também tucano senador mineiro Aécio Neves. Os dois vão continuar se bicando e plantando notinhas em colunas de jornais contra o outro. Serra é mestre nessa arte, inclusive contra o seu rival mineiro.

Com Aécio no comando nacional do PSDB e com sua pré-candidatura presidencial já lançada pelos principais cardeais tucanos, não resta a Serra outra saída a não ser migrar para outra legenda. Para tanto já tem convite do presidente nacional do PPS, o também direitista Roberto Freire. Ambos sonharam com a fusão do PPS com o PMN que renderia mais um tempinho no rádio e televisão, mas o sonhado MD nasceu morto.

Pra complicar tanto as pretensões de Serra quanto de Aécio, os dois andam mal nas pesquisas de intensão de voto, mesmo com a grande queda da popularidade da presidenta Dilma que despencou 30 pontos percentuais depois das manifestações de junho último, mas que já reconquistou seis. Ademais, a economia dá sinais de recuperação e a inflação está sendo mantida sob controle, o que fortalecerá a candidatura de Dilma à reeleição.

Em alguns estados o candidato tucano, seja quem for, não terá palanque, pois o PSDB está em processo de extinção, como no Ceará, onde o PSDB já foi o maior partido, tendo mais de 120 prefeitos e mais da metade dos deputados federais e estaduais, além dos três senadores. Atualmente só tem um federal e dois estaduais, mas estes já anunciaram a intenção de migrar para outras legendas: o líder João Jaime deve ir para o DEMO fazer dobradinha com o ex-deputado federal Moroni Torgan, e Fernando Hugo já está de malas prontas para ir para o PSD, apêndice do PSB do governador Cid Gomes.

O senador Aécio Neves tem insistido com o ex-governador e ex-senador Tasso Jereissati para que este se candidate a um cargo majoritário – governo ou Senado -, mas o líder maior tucano no Ceará já anunciou a sua disposição de permanecer longe das disputas eleitorais, mesmo tendo aparecido na última pesquisa de intenção de voto com o maior percentual. Jereissati nunca disputou uma eleição metendo a mão no bolso. Sempre se elegeu com o uso e abuso da máquina governamental nas três vezes que disputou e ganhou o governo do Estado e a senatória. E agora principalmente, pois não tem mais prefeitos, vereadores, senadores nem deputados. Aqui no Ceará deu pichilinga (piolho), e muita, no ninho tucano que está a caminho da extinção.

 

* Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.

 

 

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