Por Redação - de São Paulo
O escândalo que envolve a alta cúpula do governo tucano no Estado de
São Paulo ganhou, nesta sexta-feira, mais um ingrediente explosivo. Uma
carta, datada de 2008, encaminhada por um funcionário da Siemens à
matriz, na Alemanha, revela que a formação de cartel e um pesado esquema
de corrupção, com o pagamento de propinas a funcionários
públicos da confiança de governadores como José Serra e Geraldo Alckmin,
não eram exclusivos da área de transportes. Ocorrem nas demais
instâncias da administração. O documento originou apuração sobre
ilegalidades nas empresas públicas ligadas ao sistema de trens e metrô
paulistas e do Distrito Federal.
Em matéria divulgada na última edição do diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo,
os jornalistas Fernando Gallo e Fausto Macedo acrescentam que “a carta
que levou a investigações, no Brasil e na Alemanha, sobre
irregularidades cometidas pela Siemens em licitações e formação de
cartel no sistema metroferroviário cita ‘práticas ilícitas’ não só nos
transportes, mas também nos setores de energia e de equipamentos médicos
da empresa. Para os investigadores, a rotina denunciada no documento,
enviado em junho de 2008 à matriz da multinacional, engloba fraudes em
concorrências públicas e pagamento de propinas a agentes públicos
brasileiros”.
“A carta com as acusações, que hoje os investigadores sabem ser de um
ex-executivo da multinacional, foi enviada ao ombudsman da Siemens na
Alemanha e a autoridades brasileiras em junho de 2008. Embora fosse
anônima, a riqueza de detalhes que continha em suas cinco páginas, 77
tópicos e seis anexos levou os investigadores a deflagrar uma apuração
sem precedentes. Na Siemens, resultou na demissão da cúpula em diversos
países – inclusive no Brasil. Em muitos países, resultou também na
instauração de procedimentos investigatórios pelos órgãos competentes”,
acrescenta.
Segundo a reportagem, o autor da denúncia que colocou a Siemens no
centro do grande escândalo mundial não fornece detalhes sobre malfeitos
nessas áreas específicas nem cita nomes ou esferas de governo. “No
Brasil, a multinacional alemã tem contratos milionários com empresas de
diversos governos. No federal, controladas da Eletrobrás como Furnas,
Chesf e Eletronorte tem contratos com a empresa. No governo paulista, a
Cesp contratou a Siemens em diversas ocasiões. Os investigadores veem o
relato do denunciante como verossímil porque outras informações
transmitidas na carta agora são confirmadas pelos seis executivos que
trabalharam na Siemens e firmaram, em 22 de maio de 2013, acordo de
leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). São
subscritores do pacto o Ministério Público Federal e o Estadual”.
Quatro executivos brasileiros e dois alemães da Siemens, que ocupavam
cargos do alto escalão da companhia, revelaram a formação de um cartel
no sistema metroferroviário de São Paulo, situação já apontada pelo
autor da carta.
“É impressionante observar que, apesar de todos os escândalos e consequências para toda a companhia, a Siemens Brasil continua pagando propinas
no Brasil para conseguir contratos lucrativos”, acentuou o denunciante.
“Espero que as informações mencionadas possam ajudá-lo em sua difícil
função como ombudsman em uma companhia que não aprendeu com as lições do
passado.”
Trechos da carta:
“Eu gostaria de trazer para o seu conhecimento alguns fatos e
documentos que demonstram práticas ilícitas adotadas pela Siemens no
Brasil, nos dias de hoje e no passado, particularmente nos seguintes
projetos: CPTM Linha G (Linha 5 do Metrô de São Paulo), CPTM Série 3000 e
contrato de manutenção do Metrô-DF.”
“Esse tipo de prática não é privilégio da divisão de transportes.
Elas também são comuns nas áreas de transmissão e distribuição de
energia, geração de energia e na divisão de sistema de saúde, que
trabalham com empresas públicas.”
“Essa carta e os documentos anexados a ela serão distribuídos às
autoridades brasileiras que estão investigando o caso de pagamento de
propina pela Alstom em diversos projetos do Brasil, dentre os quais a da
linha G da CPTM.”
“É surpreendente observar que, apesar dos escândalos e das
consequências para toda a companhia, a Siemens Brazil continua a pagar
propina no País para ganhar contratos rentáveis.”
Um comentário:
Onde está o Ministério Público?
Onde está o STJ?
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