25/08/2005 - 15h40"Se Lula não viu nada, como pôde chegar a presidente?", diz FHC,
SÃO PAULO, 25 de agosto (Reuters) - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) duvida que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca tenha visto indícios de práticas que provocaram a atual crise política em seu governo.Em entrevista à rádio CBN nesta quinta-feira, ele afirmou que mesmo aqueles que não tinham ilusão com o PT, hoje se sentem um pouco desiludidos.
"Não é possível ter feito tanta coisa equivocada e ninguém ter percebido. Será que o presidente Lula nunca viu nada? Se ele nunca viu nada, como é que pode chegar a ser presidente?", questionou o ex-presidente."Falta agora seiva, crença, as pessoas podem dizer o que quiserem, mas política sem crença não funciona, você tem que acreditar.
Nesse momento o que há é descrença", acrescentou.Para Fernando Henrique, há temores em alguns setores e perplexidade de outros. Sobre a apuração das denúncias, disse que se trata de um processo lento e trabalhoso de investigação."E não adianta interrogar mais pessoas, agora realmente é o trabalho de fazer o dever de casa", afirmou.Ele criticou o que chamou de paralisia do país em função da crise política e afirmou que o PT foi atingido em sua "credibilidade" e que o sistema político brasileiro vive um processo de "decomposição" bastante sério
Comentário - Vindo de FHC - O príncipe das Astúcias - seria cômico, se não fosse trágico!!!
quinta-feira, 25 de agosto de 2005
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Um comentário:
MOVIMENTOS
Passeata em São Paulo reúne 30 mil
"com Lula contra a corrupção"
-
A passeata desce a Consolação: adesão e papel picado
Por Renata Mielli*
O ato Contra a Corrupção, pelas mudanças na política econômica e por uma Reforma Política democrática, nesta sexta-feira (26) em São Paulo, no momento da passeata chegou a reunir mais de 30 mil pessoas. A manifestação conquistou a simpatia da população e teve grande adesão dos que passavam. Papel picado chovia dos altos edifícios arrancando dos manifestantes o velho bordão: papel picado, papel picado, o povo está do nosso lado!
A manifestação foi convocada pelas entidades que fazem parte da CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) – UNE, Ubes, UEE-SP, Upes, CUT, MST, CMP, Conam, Marcha Mundial de Mulheres, entre muitas outras; foi aos poucos ganhando corpo e tomando todo o vão livre do Masp. Por volta das 13 horas, os manifestantes saíram em passeata pela Avenida Paulista, desceram a Avenida da Consolação e seguiram até o Viaduto do Chá para fazer um grande ato político em frente à prefeitura de São Paulo, que denunciou as gestões tucanas do prefeito José Serra e do governador Geraldo Alckmin.
Dia de luta política e social
As pessoas foram chegando de todos os lados, com bandeiras azuis, brancas, amarelas, vermelhas. O ponto de encontro era o Masp – Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, cartão postal da cidade que fica incrustado bem no meio da Avenida Paulista, centro do poder econômico do país. Os manifestantes iam se aproximando, determinados a fazer do 26 de agosto de 2005, um dia histórico na luta política e social.
Os manifestantes portavam faixas e pirulitos denunciando a tentativa da direita de desestabilizar o governo. Palavras de ordem como o "Fica Lula! Pela Reforma Agrária, Fica Lula! Pelo emprego", entre outras ecoavam por toda extensão da Rua da Consolação que ficou tomada pela passeata.
Além das entidades, participara representantes de partidos políticos e parlamentares. Estavam na manifestação os deputados estaduais Roberto Felício (PT-SP), Nivaldo Santana (PCdoB-SP), Ana Martins (PCdoB-SP), Renato Simões (PT-SP) o deputado federal e membro da CPI dos Correios, Jamil Murad (PCdoB-SP), entre outros.
"Mudar a política econômica"
O presidente da UNE, Gustavo Petta, e outras lideranças presentes no ato, relembraram um outro 26 de agosto que entrou para a história do país e dos movimentos sociais brasileiros. “Em 26 de agosto de 1999 uma grande passeata ocupou Brasília sob a bandeira do Basta de FHC! Hoje, seis anos depois, uma grande passeata ocupa as ruas de São Paulo para dar um recado ao presidente Lula: você foi eleito para fazer mudanças profundas no Brasil”.
Entre essas mudanças, o presidente da UNE listou a Reforma Agrária, a Reforma Universitária, Urbana, as mudanças na política econômica, a valorização do emprego, a Reforma Política. “O Lula tem que tomar lado ao discutir a Reforma Agrária, ao discutir a Reforma Urbana, ao discutir a questão do emprego. Não podemos aceitar o orçamento proposto pelo Ministério da Fazenda – nós estamos nas ruas para apoiar as mudanças e para desmascarar a alternativa da direita de desestabilizar o governo, que não tem moral nem legitimidade para falar de ética. Estamos nas ruas para disputar a fundo o projeto que garantiu a eleição de Lula em 2002”.
Movimentos por "um Brasil mais justo"
Ao passar em frente ao Banco Central, o presidente da CUT, João Felício foi veemente ao criticar a política econômica do governo. “É preciso fazer pressão sobre o Banco Central para a redução da taxa de juros para que o Brasil possa crescer”. Ele defendeu que o Congresso Nacional faça a apuração e puna os envolvidos nas denúncias de corrupção e foi enfático ao dizer que: “Somos nós (os movimentos sociais) que podemos defender a ética na política, não o PSDB e o PFL. Nós que defendemos o Brasil justo e com igualdade. Neste ato, estão os movimentos que sempre reivindicaram um Brasil mais justo”.
Marcelo Gavião, presidente da UBES foi um dos porta-vozes da opinião dos estudantes. “Não adianta uma manifestação pedindo a cassação de alguns deputados. Porque você vai, manifesta, consegue a cassação. Mas só muda o ator. Tem que mudar o ator e o cenário. Por isso, estamos dizendo para o Lula que estes são os movimentos sociais que o elegeram em 2002. O presidente precisa se reaproximar do projeto de mudanças e deste compromisso, porque senão vai agonizar daqui até 2006. Lula tem, agora, dois caminhos: ou se rende à política econômica ditada pelo Ministério da Fazenda ou se reaproxima dos movimentos sociais”.
Fica Lula!
Wander Geraldo, presidente da Conam, mostrou o apoio da entidade ao projeto de mudanças no Brasil e foi duro ao denunciar as mazelas deixadas pelo tucanato no Brasil e no Estado de São Paulo. “Nós estamos com o Lula para mudar a política econômica e apurar as denúncias de corrupção e contra os governos tucanos de Alckmin e Serra – temos que desmascarar o PSDB, que foi o partido que destruiu o país”.
Louise Caroline, vice-presidente da UNE, realçou o papel dos estudantes e do movimento social diante da crise: “Os estudantes sabem que é tomando a rua que apontamos solução nos momentos de crise. Não pode ser a elite e a grande mídia que vão apontar a saída para os problemas do país. Porque a imprensa tem lado, e não é o lado do povo. Se a elite quer derrubar o Lula e ficar com a política econômica, nós queremos derrubar a política econômica e ficar com o Lula!”
Apoio popular
O ato desta sexta-feira mostrou que o povo e os movimentos sociais estão do lado de Lula para que ele faça, de fato, as mudanças para as quais ele foi eleito. O recado do presidente municipal da União da Juventude Socialista, Euzébio Jorge, para o presidente foi claro; “Lula você pode fazer as transformações que forem necessárias porque o povo vai dar sustentação. O povo vai se multiplicar e ocupar cada rua, fábrica, escola, universidade”.
Euzébio terminou cantando um trecho do Hino da Independência, que ganhou um coro de 30 mil vozes: “Brava gente, brasileira, longe vá, temor servil, ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil, ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil!”.
"Luta de classes"
João Felício criticou o governo de Geraldo Alckmin e a sua tentativa de arrocho salarial, e classificou este momento como o mais difícil da história de nosso país. “Não se trata de ficar dizendo para o Lula ficar ou para o Lula sair. A sociedade vai se dividir em duas: a burguesia e a classe trabalhadora, e é disso que a burguesia tem medo. Estamos no meio da mais ferrenha luta de classes. Viva a classe trabalhadora!”
Gritando palavras de ordem como "Reforma Política Já!", "E Se a direita quer dar golpe, vai levar é de chicote!", Augusto Chagas, presidente da UEE-SP, lembrou ao povo que o governo de São Paulo abafou 51 tentativas de abertura de CPIs. E deixou o recado dos estudantes paulistas para o governador: “A juventude de São Paulo vai fazer vigília em frente a Assembléia Legislativa até o veto que ele impôs ao aumento de verbas para a educação seja derrubado!
Unidade dos movimentos sociais
Paulinho, representando o MST, falou que as manifestações que estão ocorrendo por todo o país são “fundamentais para o destino do Brasil”. Ele destacou três aspectos principais da manifestação: a representação dos principais movimentos sociais; o fato de o ato ser o resultado de um processo de construção da unidade desses movimentos; e o momento pelo qual passa o país que, em sua opinião, é um dos mais importantes de nossa historia.
“A crise tem aspectos muito negativos, mas também tem aspectos positivos. Está chamando os movimentos sociais e a classe trabalhadora a se posicionar. A CMS tem que ir para as ruas para explicar o que esta acontecendo e tentar superar esse modelo de governo”, disse o orador do MST.
* Secretária de Comunicação do
Comitê Municipal do PCdoB de São Paulo
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