O promotor sobe ao picadeiro e dá à imprensa mais defuntos frescos
Alceu Nader
Palhaçada.
Esta talvez seja a palavra que traduza com mais precisão o picadeiro midiático montado pelo promotor Sebastião Sérgio da Silveira.
Desta vez, a imprensa teve quase nenhuma culpa pelos prejuízos causados na economia. Tampouco pelos lucros auferidos pelos especuladores.
A irresponsabilidade do promotor bateu no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Gilmar Mendes ocupou uma das reportagens do Jornal da Cultura, de São Paulo, para cobrar mudanças na política de divulgação de depoimentos de acusados contra terceiros.
Trata-se de um bom sinal, pois o Poder Judiciário não pode engolir a reação corporativista dos promotores de São Paulo, alegando que o colega nada fez de errado porque o caso não está sob sigilo.
São desculpas esfarrapadas como essa que entulham a legislação de formalismos que alimentam chicanas e só fazem alimentar a impunidade.
Em períodos como o que o país atravessa, a imprensa quer – em número cada vez maior – defuntos frescos, não importa o peso, a quantidade nem a origem.
Em períodos como o que o país atravessa, a imprensa quer – em número cada vez maior – defuntos frescos, não importa o peso, a quantidade nem a origem.
o promotor Sebastião Sérgio da Silveira os deu.
Numa das boas reportagens do Jornal Nacional sobre o caso, foi frisado que ele deixou várias vezes a sala de interrogatório para saciar os jornalistas.
A intimidade com que o promotor tratou as acusações merece investigação: qual o interesse político e/ou econômico de Sebastião Silveira, que não teve sequer o cuidado para se referir a Antonio Palocci como então prefeito do período em que foram cometidas as irregularidades, mas sim ao "ministro".
A intimidade com que o promotor tratou as acusações merece investigação: qual o interesse político e/ou econômico de Sebastião Silveira, que não teve sequer o cuidado para se referir a Antonio Palocci como então prefeito do período em que foram cometidas as irregularidades, mas sim ao "ministro".
Outro detalhe que não pode passar despercebido no circo é a vestimenta do acusado e depoente, que fez as graves denúncias sem a companhia de advogado.
Rogério Buratti chegou ao depoimento apresentando ao país o novo modelito do macacão amarelo-laranja para presidiários de São Paulo.
Depois de espalhar apreensão na economia, graças à irresponsabilidade do promotor, saiu de camisa pólo azul listrada dando chauzinho para os policiais
O circo armado só confundiu ainda mais e ameaçou um dos pilares que ainda se mantêm em pé do governo Lula. No mesmo Jornal Nacional, o comentarista Arnaldo Jabor atribuiu a confusão ao grupo do deputado José Dirceu, a quem Buratti estaria ligado. Para ele, a confusão vivida hoje no mercado financeiro, e com repercussões no exterior, pode ter dois propósitos: levantar ainda mais a poeira para que se torne impossível limpar a paisagem política do Brasil ou enlamear todos com a mesma sujeira.
A imprensa erra, porém, ao não diferenciar as biografias de denunciantes e de denunciados. No começo desta semana, tivemos o doleiro Toninho Barcelona ocupando a revista Veja com o assombroso título "Ele quer falar". Durante a semana, constatou-se que "ele quer extorquir", conforme a opinião da maioria dos parlamentares da CPMI dos Correios – da oposição e da situação – que vieram ouvi-lo em São Paulo.
A delação premiada que os promotores de Ribeirão Preto ofereceram a Rogério Buratti ainda não está assegurada.
Quem vai defini-la são os juízes dos vários processos a que o ex-assessor do então prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, será submetido.
O promotor Silveira, que deve a Buratti seus minutos de fama, certamente irá recomendar a que o réu colaborou com a Justiça.
O chefe do circo precisa enquadrar o palhaço.
O chefe do circo precisa enquadrar o palhaço.
2 comentários:
Parabéns. Foi um achado de grande valor. Este texto é como um balsámo nesta fogueira de intrigas e fofocas.
hahahaha a bruxa está no seu blog hehehehehehehhe
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