quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

BORIS CASOY: A QUEDA DO MURO DE BERLIM

A saída do apresentador da Record mexe com a delicada questão do controle editorial da informação. As virtudes e defeitos do velho âncora, que criou uma odiosa divisão do jornalismo nas TVs por onde passou.




Não acredite nessa história de que Boris Casoy teve o contrato rescindido pela Record por interferência do Planalto, como andam espalhando.
É mais uma maledicência que tentam imputar ao governo do presidente Lula. Quem conhece os bastidores da emissora do bispo, sabe que era antigo o desejo da Record de se livrar do jornalista. Pelo menos desde julho último, este colunista, que vive longe da metrópole, sabia dessa intenção. O que aconteceu é que a emissora resolveu antecipar o desligamento, que estava previsto para fevereiro, logo após as férias do apresentador. Quem ganha e quem perde com a saída de Boris? Para um segmento limitado de telespectadores, que se acostumaram com os bordões do apresentador, ele vai fazer falta.

Para esses, Boris era visto como um justiceiro implacável, a palmatória do mundo sempre pronta para bater nos corruptos e safados de toda espécie.
Para a maioria, entretanto, o estilo Boris cansou. Seus comentários e frases feitas deixaram de ser novidade e acabaram se revelando vazios e inúteis, mais parecendo jogadas de efeito para agradar a torcida. O telespectador, que não é tão bobo quanto imaginam os editores do JN, acabou descobrindo que o jornal do Boris não iria salvar o Brasil e muito menos melhorar a vida do brasileiro.

Boris deixou de ser novidade e perdeu o bonde da história ao não renovar-se profissionalmente, o que é fatal em televisão. Manteve-se fiel ao projeto lançado em 1988 quando inaugurou o Telejornal Brasil no SBT.Boris foi parar na televisão meio por acaso, graças ao olhar clínico de Marcos Wilson, profissional experiente que estava assumindo o departamento de jornalismo da emissora de Silvio Santos.


Boris transferiu-se para a Record, levando junto as mesmas virtudes e os mesmos defeitos dos tempos do SBT.

Boris não agrega, ele divide. E exigiu montar sua própria equipe, praticamente a mesma que começou com ele, e um núcleo exclusivo que não se misturasse com os demais profissionais do jornalismo da emissora. Com o fim da era Boris, cai o “muro de berlim” para satisfação geral na redação da Record. A questão mais delicada que vejo na saída de Boris é a editorial. Discordando ou não de seus comentários, temos que admitir que Boris gozava de uma liberdade de opinião como nenhum outro apresentador da TV brasileira.
Eliakim Araujo

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