Eram 5 e meia da manhã de um domingo de agosto de 2001 quando a juíza da cidade baiana de Juazeiro Olga Regina de Souza Santiago e seus dois filhos acordaram com rajadas de balas perfurando as paredes, portas e janelas de sua casa. Luz e telefones foram cortados e homens andavam no telhado da residência. Havia cerca de 50 policiais bem armados empenhados na invasão. Para defender Olga, apenas dois guardas municipais, cada um com um revólver, que foram logo dominados e espancados na frente dos vizinhos que assistiram a tudo. A empregada da juíza também apanhou, foi arrastada pelos cabelos e teve uma costela quebrada. O plano, que segundo a magistrada foi arquitetado pelo comando da polícia local, era matá-la com a própria arma, uma escopeta antiga dada por seu avó.
A operação só não foi até o fim porque, no momento em que os soldados se preparavam para entrar no quarto, Olga ligou do celular para um desembargador e denunciou aos berros a invasão. A juíza tirou fotos e filmou tudo. O Superior Tribunal federal, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos e a Organização das Nações Unidas já pediram previdências sobre caso. Até hoje ninguém foi punido. E, no que depender do Congresso Nacional, nunca será.
Olga Regina vinha sendo perseguida porque não fazia vista grossa aos excessos da polícia de Juazeiro. Chegou a fechar uma delegacia onde havia materiais de tortura e deu voz de prisão a um policial que atirou em um menino de rua. Por isso fez inimigos dentro da polícia baiana.
Em 20 de dezembro de 2004 a Comissão Parlamentar de Inquérito estava parada porquê o prazo para a finalização dos trabalhos tinha estourourado.No dia 26 de agosto de 2004 o deputado Bosco Costa (PSDB-SE), presidente da CPI, tentou colocar o texto final em votação, mas o número de deputados presentes não alcançava o mínimo necessário para votar o relatório.
Havia um processo de esvaziamento da comissão comandado por parlamentares do PFL que usam as próprias regras da Câmara para adiar cada vez mais a decisão final da Comissão.
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