sexta-feira, 11 de agosto de 2006

As falcatruas desenterradas de Alckmin

As falcatruas desenterradas de Alckmin


Por Altamiro Borges
Segundo as especulações da mídia hegemônica, o candidato da oposição liberal-conservadora, Geraldo Alckmin, ficou extremamente abatido com as últimas pesquisas de opinião, que confirmam sua queda nas sondagens eleitorais – inclusive nas regiões Sul e Sudeste e entre os mais escolarizados. No comando de sua campanha, que reúne os rentistas “modernos” do PSDB, os velhos oligarcas do PFL e os trânsfugas do PPS, o clima seria de velório.


Alckmin no traço de Maringoni Os mais afoitos já estariam procurando os bodes expiatórios para justificar a possível surra na eleição presidencial. Em recente entrevista, o próprio FHC, conspirador-mor da direita brasileira, reconheceu que Alckmin “não tem carisma” e que talvez tenha sido um erro a sua escolha.


Fique esperto, Geraldo Alckmin


Diante deste deprimente cenário, o bloco PSDB-PFL teria decidido “baixar o nível” da batalha sucessória. A agência de notícias Reuters revela que “em reunião da coordenação política da campanha nesta quarta-feira (9), tucanos e pefelistas resolveram que precisam explorar com maior contundência o escândalo do mensalão e ligar Lula ao episódio. 'Queremos extirpar essa praga da corrupção', disse Alckmin, negando, porém, que seja uma nova estratégia da campanha após o resultado negativo das sondagens eleitorais. Nos bastidores, contudo, pessoas diretamente envolvidas na campanha dizem que "não engoliram’ as pesquisas, sobretudo os indicadores que revelam o crescimento da avaliação positiva do governo Lula”.


Confirmadas estas notícias de bastidores, a batalha sucessória de 2006 promete ser uma das mais sujas da história republicana do Brasil. Mas é bom Geraldo Alckmin ficar esperto. Há muito chumbo-grosso para ser disparado contra ele nesta campanha. Seu tempo de anonimato, em que a mídia garantia uma poderosa blindagem para salvar a imagem do “picolé de chuchu”, parece que acabou.


Supremo quebrou artifício anti-CPI


No início de agosto, dez dos onze juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) anularam uma norma do Poder Legislativo de São Paulo que condicionava a criação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) à aprovação em plenário dos seus requerimentos. Com isso, fica aberto o período de caça ao tucano. Muita sujeira pode vir à tona.


Apesar do discurso udenista, esse “paladino da ética” sempre tentou evitar qualquer investigação sobre as falcatruas do seu governo. Para isto, ele inclusive utilizou um artifício legal do período da ditadura militar visando impedir a instalação das CPIs, o qual exigia que os respectivos requerimentos fossem aprovados pela maioria absoluta dos deputados. O STF destruiu esta trincheira ao julgar procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) proposta pelo PT contra a norma em vigor na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Caixa-2, propinas e fraudes


A decisão do STF abre caminho para que sejam desenterrados os 69 pedidos de CPIs bloqueados pelo ex-governador Geraldo Alckmin desde 2003. Destas, 37 são para investigar irregularidades, fraudes e casos de corrupção praticados diretamente pela administração estadual.


Em 278 pagamentos, 255 irregulares


Ainda segundo o TCE, houve “desvio de finalidade” por parte deste banco ao veicular anúncio em órgãos ligados aos deputados estaduais em troca de apoio na Assembléia Legislativa, uma espécie de compra de votos. Ao analisar 278 pagamentos às duas agências, uma auditoria interna apontou irregularidade em 255 operações.

Corrida contra o tempo


A decisão do STF deixou em polvorosa os deputados estaduais paulistas. “Assim que ela for publicada, queremos que seja cumprida e que a mesa da Assembléia Legislativa aja com isenção. Será uma corrida contra o tempo”, afirma o deputado Renato Simões. O início das CPIs poderá acabar de vez com a aura de paladino da ética do candidato Geraldo Alckmin. A “praga de corrupção”, que ele afirma hipocritamente querer extirpar, poderá significar a pá de cal definitiva na sua combalida candidatura.

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