quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Pelo Sensus, Alckmin é carta fora do baralho, cenário visto como tendência no Datafolha

Pesquisas convidam Lula a relaxar, não para se exibir.
Antonio Machado

É muito difícil explicar a interrupção do processo de crescimento de Geraldo Alckmin, acompanhado de queda de seu índice de intenção de voto, enquanto o presidente Lula voltou a subir, abrindo antes mesmo do início da campanha eleitoral em rádio e TV uma dianteira folgada que o faz, outra vez, sério candidato a liquidar a fatura já em primeiro turno, ainda que a senadora Heloísa Helena continue muito viva na corrida presidencial.

O Datafolha, divulgado na noite de terça, confirmou a tendência de esvaziamento da candidatura Alckmin, embora com ênfase menor que a pesquisa do Sensus encomendada pela CNT, Confederação Nacional dos Transportes. Pelo Datafolha, Lula está agora com 47% ( tinha 44% em julho), Alckmin faz 24% (28% no mês passado) e HH foi de 10% para 12% das intenções de voto.

Que o ex-governador de São Paulo não era a melhor opção da dupla PSDB-PFL se sabe desde que ele tirou do páreo o ex-prefeito José Serra, único tucano a ameaçar Lula - e hoje provável vencedor em 1º turno ao governo paulista. Fora de prognóstico era Alckmin se revelar tão cedo carta fora do baralho, como sugere o Sensus.

Pela análise da consultoria Tendências, a vantagem de Lula sobre todos os seus adversários mais do que dobrou, na comparação com o levantamento anterior, ampliando-se de 8 para 16,5 pontos. “Apesar de a intenção de voto no presidente ter oscilado dentro da margem de erro sobre a pesquisa anterior do Sensus, no caso de Alckmin houve uma abrupta queda de 7,5 pontos percentuais”, diz a análise.

Com 19,7% de intenção de voto no Sensus, contra 47,9% de Lula e 9,3% de Heloísa Helena, Alckmin devolveu todo o crescimento que havia obtido em junho e julho e voltou para o mesmo patamar em que s encontrava em maio. Ele perdeu voto em todas as regiões do país e em todos os demais critérios, como áreas urbana e rural, sexo, instrução e nível de renda, à exceção dos mais ricos.

Alckmin só vence na faixa acima de 20 salários mínimos, por 62,5% a 37,5%. No topo de renda a senadora HH nem é citada. Na faixa de 1 SM, Lula faz a festa, com 56%. Alckmin tem 13,3% e HH, 5,6%. Lula já pode encomendar a nova faixa presidencial?


Alckmin é tão ruim?

Muitos analistas vão buscar na percepção sobre a roubalheira no Congresso explicações para o quadro exibido pelo Sensus. Lula não seria visto, ou o eleitor prefere não vê-lo, envolvido com as falcatruas, que desabam todas sobre o teto dos partidos.
Lula estaria revestido de teflon. Certo.
Mas não explica a queda de Alckmin.
Sua explicação teria de ser buscada em outros fatores não-políticos, subjetivos, como sua falta de carisma e de discurso convincente.

Entre paredes, os institutos dão como certa a reeleição de Lula, ainda que em 2º turno, o que faz secar as doações aos candidatos.

O capital e setores da classe média em São Paulo, aliás, preocupam-se já com o novo ministério de Lula, levando a uma torcida que enfraquece os planos de uma das raras lideranças incólumes do PT: o senador Aloizio Mercadante, que disputa o governo de São Paulo. Os anti-Lula já resignados que haverá bis preferem vê-lo no governo, de preferência no Ministério da Fazenda, que tirando pontos do tucano José Serra.

Se confirmar seu favoritismo, Serra e Aécio Neves, que está à vontade, serão os grandes protagonistas políticos a partir de 2007, junto com Lula.

O PSDB também estará perdido como cachorro que cai de caminhão de mudanças, caso se ratifique o desempenho humilhante de Alckmin pintado pelo Sensus. Ele e o ex-presidente Fernando Henrique, que não o bancou mas nada fez para defender Serra nas prévias do partido, estarão liquidados.

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