Para mercado e analistas, fotos de dinheiro do dossiê vieram tarde demais
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DENYSE GODOY
da Folha Online
As fotos que mostram o dinheiro que seria utilizado para comprar um dossiê contra José Serra --candidato ao governo do Estado de São Paulo-- e Geraldo Alckmin --candidato à presidência da República--, mantidas até agora em sigilo, foram divulgadas hoje pela manhã por um policial ligado ao caso. Mas, na avaliação de analistas políticos e de mercado financeiro, é tarde demais para que influenciem a intenção de voto dos eleitores.
A Bovespa fechou hoje em queda de 0,1%, aos 36.449 pontos, e o dólar comercial ficou estável, vendido a R$ 2,171. As eleições deixaram os investidores mais cautelosos porém a divulgação das fotos não mexeu com o seu humor.
"Não acredito que isso seja capaz de mudar o cenário. As próximas pesquisas vão mostrar o impacto do debate promovido ontem à noite pela TV Globo e dessas imagens. Alckmin deve continuar crescendo até domingo, mas no ritmo lento que vem apresentando", afirma Fernanda Machiaveli, da consultoria Tendências. "Dessa forma, provavelmente Lula vai vencer ainda no primeiro, mas com uma margem apertada."
Segundo levantamento realizado anteontem pelo Datafolha, 84% dos eleitores que vão votar em Lula se dizem totalmente decididas. "Seria muito difícil mudar o pensamento dessas pessoas", comenta Machiaveli.
Do total de eleitores, 80% afirmam já ter decidido o voto; 19% podem mudar de escolha e 1% não sabe.
Na opinião de Aldo Fornazieri, diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, são várias as explicações para que as fotos não mudem muito a cabeça da população. "O próprio escândalo do dossiê teve pouco impacto. Os eleitores fazem um julgamento racional e prático, votam pelos resultados concretos do governo, e é inegável que os indicadores econômicos e sociais da atual administração são melhores do que os da anterior", diz.
Para o cientista político, o comportamento da oposição também contribui para isso. "Adotaram uma estratégia errada, que foi a de saturar a atmosfera com denúncias. Dessa maneira, qualquer acusação perde o impacto", explica. "Além disso, para que provoque algum efeito, o denunciante precisa ter legitimidade. A sociedade acha que a oposição não tem moral para denunciar, já que também em outras ocasiões foi envolvida em suspeitas. Isso contribui para disseminar a visão de que todos os partidos são iguais."
Se as fotos tivessem saído na semana passada, quando estourou o escândalo, talvez tivessem maior repercussão.
"É claro que sensibiliza, mas não foi surpreendente, já que todos sabiam do caso", diz Expedito Araújo, responsável pela mesa de operações da corretora Alpes. "Passaram-se alguns dias, explicações --convincentes ou não-- vieram, o assunto esfriou."
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DENYSE GODOY
da Folha Online
As fotos que mostram o dinheiro que seria utilizado para comprar um dossiê contra José Serra --candidato ao governo do Estado de São Paulo-- e Geraldo Alckmin --candidato à presidência da República--, mantidas até agora em sigilo, foram divulgadas hoje pela manhã por um policial ligado ao caso. Mas, na avaliação de analistas políticos e de mercado financeiro, é tarde demais para que influenciem a intenção de voto dos eleitores.
A Bovespa fechou hoje em queda de 0,1%, aos 36.449 pontos, e o dólar comercial ficou estável, vendido a R$ 2,171. As eleições deixaram os investidores mais cautelosos porém a divulgação das fotos não mexeu com o seu humor.
"Não acredito que isso seja capaz de mudar o cenário. As próximas pesquisas vão mostrar o impacto do debate promovido ontem à noite pela TV Globo e dessas imagens. Alckmin deve continuar crescendo até domingo, mas no ritmo lento que vem apresentando", afirma Fernanda Machiaveli, da consultoria Tendências. "Dessa forma, provavelmente Lula vai vencer ainda no primeiro, mas com uma margem apertada."
Segundo levantamento realizado anteontem pelo Datafolha, 84% dos eleitores que vão votar em Lula se dizem totalmente decididas. "Seria muito difícil mudar o pensamento dessas pessoas", comenta Machiaveli.
Do total de eleitores, 80% afirmam já ter decidido o voto; 19% podem mudar de escolha e 1% não sabe.
Na opinião de Aldo Fornazieri, diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, são várias as explicações para que as fotos não mudem muito a cabeça da população. "O próprio escândalo do dossiê teve pouco impacto. Os eleitores fazem um julgamento racional e prático, votam pelos resultados concretos do governo, e é inegável que os indicadores econômicos e sociais da atual administração são melhores do que os da anterior", diz.
Para o cientista político, o comportamento da oposição também contribui para isso. "Adotaram uma estratégia errada, que foi a de saturar a atmosfera com denúncias. Dessa maneira, qualquer acusação perde o impacto", explica. "Além disso, para que provoque algum efeito, o denunciante precisa ter legitimidade. A sociedade acha que a oposição não tem moral para denunciar, já que também em outras ocasiões foi envolvida em suspeitas. Isso contribui para disseminar a visão de que todos os partidos são iguais."
Se as fotos tivessem saído na semana passada, quando estourou o escândalo, talvez tivessem maior repercussão.
"É claro que sensibiliza, mas não foi surpreendente, já que todos sabiam do caso", diz Expedito Araújo, responsável pela mesa de operações da corretora Alpes. "Passaram-se alguns dias, explicações --convincentes ou não-- vieram, o assunto esfriou."
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