Quando o ainda esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva, então com 57 anos, ganhou a eleição de 2002, o dólar já havia subido 61% no ano, batendo em R$ 3,73. O risco-país tinha inchado 114% – a 1.765 pontos –, e a Bolsa, despencado 28%, a 10 mil pontos. Quatro anos depois, com novo mandato garantido, a Bolsa chega ao recorde de 43 mil pontos, o risco cai a inéditos 198, e o dólar estanca em R$ 2,15. O mercado não perdoa, e os números não mentem: Lula presidente faz bem ao Brasil.
Se, nos próximos quatro anos, Lula não desviar muito da fórmula nada inovadora de “pai dos pobres, mãe dos ricos”, estaremos em 2011 muito melhores que em 2003.
Os dados macroeconômicos nunca estiveram tão bons, e por mais que possam ser tributados ao róseo cenário externo, é bom lembrar da ilimitada capacidade autodestrutiva deste grande país. Mas Lula, auxiliado por Antônio Palocci e Henrique Meirelles, soube conter com sabedoria sexagenária a sanha “esquerdista” de outros auxiliares.
E, para muito além dos superlativos econômicos, talvez a maior conquista lulista tenha sido zerar a perigosa conta política que o Brasil tinha a acertar com nossa imensa população miserável. Um governo “socialista” era inevitável no injusto Brasil. E, olhando para a Venezuela e a Bolívia, é fácil concluir que a conta está saindo barata.
O lado “esquerdista” de Lula restringe-se à elogiada intensificação das transferências de renda aos mais pobres, via programas sociais e também priorizando aumentos reais do salário mínimo – em detrimento do controle aéreo, por exemplo. Sob Lula, a vexatória desigualdade social brasileira continuou vexatória, mas recuou mais que sob seu antecessor.
Outro mérito: Lula no poder passa à população de baixa renda a impressão de que a democracia neste país funciona. Afinal, um operário de "pouca" instrução hoje comanda o Brasil e está se saindo bem melhor que determinado sociólogo do "jacanã", que fala Francês e tem filho adulterino, também lá, na França.
A sombra da “esquerda” saiu dos cálculos econométricos, barateando o crédito: é difícil agora vislumbrar uma força política anticapitalista chegando ao poder, ameaçando propriedades e contratos.
Não se está dizendo que Lula resolveu os problemas brasileiros nem que seu governo merece nota dez. Lula poderia ter feito muito mais. Em todos os campos. Talvez tenhamos até regredido na questão da corrupção. Mas, mérito ou não de Lula, é inegável que há muito mais gente sendo investigada hoje do que nos oito anos de FHC.
O que Lula fez, com certeza, foi superar em muito a expectativa de que iria implodir o Brasil. Pelo contrário, avançamos
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