Nasci sob o governo Médici e cresci na ditadura, tinha 3 anos quando Vladimir Herzog foi assassinado, Vi a Sete-Quedas desaparecer de repente e achei lindo, era criança e aquilo parecia mágica. Lembro do Presidente Figueiredo entregando um país falido aos civis, pra gente pagar a conta da dívida externa.
Vi o movimento das diretas já, adorava aquela música do Milton, vi o Tancredo internado e lembro da vigília em frente ao hospital, dias e dias, lembro de ter pensado como ele era querido e como eu não sabia o porquê e vi um "micróbio" matando a esperança e o povo chorando. E de novo veio o homem da ditadura, Sarney e seu bigodão e comecei a me dar conta, inflação, 80% ao mês, corrupção, fracasso do Plano Cruzado, lembro que se falava muito em gatilho e arrocho salarial, correção monetária, e isso era a vitória da democracia, ouvia dizer.
Aí veio o Collor, fazendo cooper, jovem, bonito, excelente oratória, macho do saco-roxo, a salvação. Eu vi o Collor tascando a mão na grana do Brasil e o País todo "de quatro" olhando para a Casa da Dinda, para ver o que mais viria pela frente, lembro da primeira dama chorando porque o marido tirou a aliança. Lembro da Zélia dançando bolero com Cabral, lembro de ter visto piscina azul no meio da caatinga, PC Farias e seu bilhão e da guerra dos irmãos Collor, o câncer, os caras-pintadas, o impeachment.
E por mero acaso, por um capricho de Itamar eu vi FHC chegando ao poder, a traição dos seus aliados, a inveja repulsiva da Academia, ACMs, Barbalhos e Sarneys prontos para tomar o Congresso de assalto, para impedirem qualquer mudança e voltarem aos bons tempos de zona geral. Eu vi, todos viram e dizem que esquecemos. Ontem eu vi o Lula ser presidente e contribuí para os 61,3% de votos.
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