No PAC que LULA acaba de lançar, e que a priori a TUCANALHA CHIA, a prioridade é a infra-estrutura pública
O governo selecionou mais de 100 projetos de investimento prioritários em rodovias, hidrovias, ferrovias, portos, aeroportos, saneamento, recursos hídricos (esses com recursos da administração direta, saindo do orçamento da União, via ministérios setoriais e autarquias), além de energia elétrica (via Eletrobrás), gás e petróleo (Petrobras).
Por falar em FERROVIAS, lebremos da RFFSA, A estatal SUCATEADA POR FHC, que morreu em 1999, depois de quase uma década de agonia, internada no Programa Nacional de Desestatização e que deixou seu patrimônio para a União. Eram 33 mil quilômetros de trilhos, em 18 estados, e um “imobilizado líquido” com “211 mil itens”. Um item, no caso, pode pesar dezenas de toneladas, ou medir centenas de hectares, se for locomotiva, prédio ou reserva florestal. Por alto, no balanço de 2005, seis anos depois da liquidação, o espólio valia R$ 19 bilhões.
Mas, na Rede Ferroviária Federal, os bilhões de reais variam como as bitolas. O engenheiro ferroviário Marcelo Costa, que ainda contesta a privatização, orçou a herança da empresa em R$ 25 bilhões, com o dólar “a 1 por 1”. Leivas desconfia que ela sequer estava falida, e, em seu estágio terminal, tinha R$ 6 bilhões a receber por serviços fiados, quase todos encomendados pelo próprio governo. Só a Companhia Vale do Rio Doce lhe deve R$ 807 milhões, do tempo em que eram ambas estatais e uma mão lavava a outra. Embalsamada em rolos contábeis, a Rede sobrevive como empresa fantasma, arrastando 500 funcionários e uma despesa mensal de R$ 4,3 milhões. Há sete anos, não mexe um vagão.
Achador-geral da República
Procurador caça trens, estradas e terrenos sumidos
por Marcos Sá Corrêa
Texto originalmente publicado na edição de janeiro da revista Piauí.
O gabinete do procurador Luiz Cláudio Pereira Leivas é amplo e desarrumado como o Brasil. Há quadros no chão e sacos de plástico enganchados nas maçanetas dos armários de aço, que atravessam a sala em fila dupla. Comprados aos montes nos sebos do Rio de Janeiro, os livros aguardam vagas nas estantes. Em caixas, cilindros, cadernos, maços e folhas avulsas, papéis ocupam todos os móveis, sem deixar uma quina para o copo descartável, quando a servente traz o café. Em 70 metros quadrados, falta lugar para outra cadeira em frente à sua escrivaninha. Mas é lá fora, na desordem geral da República, que as coisas se perdem. Dentro do gabinete, a bagunça é o método usado pelo procurador Leivas para encontrá-las.
"O achador-geral da República gosta de caminhar pelo Centro do Rio de Janeiro. Tem predileção por andar no Cais do Porto no trecho onde a Fundação Cultural da Marinha parece estar pousada na água, sobre os arcos de um molhe com 280 metros, construído no século XIX. São as antigas Docas do Lloyd, que por pouco não foram abaixo, quando a companhia estatal de navegação naufragou, na década de 90, com navios arrestados ao redor do mundo. Era para estar ali um aterro, com um edifício de vinte andares. Leivas implodiu o projeto. Por essas e outras, caminhar a esmo pela cidade lhe dá “pequenas satisfações”.
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