quarta-feira, 16 de maio de 2007

O JEITO TUCANO DE GOVERNAR NO RS; YEDA CRUSIUS

Além de problemas financeiros, o governo gaúcho enfrenta disputas políticas internas. Não bastasse a dificuldade financeira atravessada pelo estado, o governo Yeda Crusius (PSDB) enfrenta duas crises que envolvem o vice-governador Paulo Feijó (Democratas), o Banrisul e a área ambiental. No caso do vice, Feijó levantou uma série de suspeitas contra a gestão do presidente do Banrisul, Fernando Lemos. No episódio envolvendo o setor de meio ambiente, as pressões vêm de empresas de celulose que têm programados investimentos de R$ 8 bilhões e criticam as restrições impostas ao plantio de eucaliptos. Como conseqüência, pediu demissão o presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Irineu Schneider, e a secretária estadual do Meio Ambiente, Vera Callegaro, balançou no cargo.

Em rota de colisão com Yeda e com o presidente do Banrisul desde a época da campanha, Feijó tem dito que a gestão de Lemos "não resiste a uma auditoria". Semana passada, na Assembléia Legislativa, Feijó citou uma série de casos que segundo ele teriam indícios de irregularidades. Entre eles, a contratação sem licitação de uma consultoria por R$ 40 milhões, a liberação para uma empresa de uma sucessão de empréstimos sem que os primeiros fossem pagos, relações suspeitas com outros bancos e possíveis irregularidades na área de publicidade.

Em resposta, o Palácio Piratini divulgou uma nota afirmando que Feijó levantou suspeitas sem comprovações, atitude que foi taxada de "irresponsável, leviana e inaceitável". Para o governo, o comportamento de Feijó foi "desequilibrado". Ontem, no novo capítulo da crise, Lemos convocou uma coletiva para rebater as acusações. Sobre a questão da consultoria, Lemos assegurou que no caso foi possível dispensar a licitação.
"O Tribunal de Contas (do Estado) já examinou esta questão. Os contratos são lícitos e legais", defendeu-se Lemos. Sobre os empréstimos, disse que foram feitos antes de sua gestão. "O que fiz foi executar as garantias para receber o que era devido", assegurou. Na questão publicitária, a insinuação era de que o desenvolvimento do logotipo do banco teria custado R$ 20 milhões. Conforme Lemos, o custo foi de R$ 7,1 mil.Além da crise em si, o momento também é considerado delicado já que o Banrisul prepara uma emissão de ações para aumentar o capital da instituição e o caso poderia afetar o valor dos papéis.

O governo gaúcho pretende captar até R$ 2 bilhões no mercado, sendo que a maior parte poderia entrar no caixa para ajudar a amenizar a crise financeira do estado, que há dois meses paga os salários com atraso.


O NOVO JEITO DE "GOVERNAR" DA TUCANA

Após quatro meses de gestão, o “novo jeito de governar” proposto pela governadora Yeda Crusius (PSDB) não cessa de acumular crises e episódios inéditos na história da política gaúcha. O ápice deste processo de crises sucessivas ocorreu neste dia 26 de abril, quando Yeda Crusius, em nota oficial do governo do Estado, rompeu com o vice-governador Paulo Feijó (DEM), classificando-o como um “desequilibrado”.

O motivo da nota foi o comparecimento de Feijó a uma audiência pública na Comissão de Serviços Públicos da Assembléia Legislativa, onde apresentou uma série de denúncias contra a gestão do atual presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), Fernando Lemos. O depoimento de Feijó detonou as poucas pontes que ainda existiam entre o vice e o Palácio Piratini. Ao saber a decisão da governadora de romper com ele, Paulo Feijó comentou que não se tratava de nenhuma novidade uma vez que Yeda teria pedido que ele renunciasse ao final do primeiro turno nas eleições estaduais de 2006.

Terremoto no Piratini

O depoimento de Paulo Feijó, na manhã de quinta-feira (26), na Comissão de Serviços Públicos da Assembléia Legislativa, provocou um pequeno terremoto no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. No depoimento, onde fez novas denúncias contra a gestão do atual presidente do Banrisul, Fernando Lemos, o vice-governador voltou a dizer que não tem nenhum canal de diálogo com a governadora e que não participa das decisões de governo. Completamente afastado da esfera de poder estadual, Feijó foi buscar espaço na Assembléia para voltar a bater duro na direção do Banrisul.

Na verdade, não se trata mais apenas de falta de afinidade entre a governadora e seu vice. O atual estágio é de hostilidade aberta e declarada. Na reunião da Comissão de Serviços Públicos, Feijó foi chamado de psicótico pelo deputado estadual Alceu Moreira (PMDB), que também ameaçou o vice-governador com um processo de impeachment. A raiva de Alceu Moreira manifestou-se após Feijó ter detalhado as denúncias que diz ter recebido contra a gestão do atual presidente do Banrisul. Entre elas, a concessão de dez empréstimos, no valor de R$ 30 milhões, pela agência do banco em Vacaria, a uma empresa do município. O sub-gerente dessa agência, segundo o vice, é irmão de Fernando Lemos. Feijó também falou sobre a contratação de uma consultoria prestada por Lauro Tashibana (que, durante o governo Britto, trabalhou na preparação da privatização do banco) sem licitação e por valores vultuosos. O vice-governador deixou um dossiê com detalhes sobre esses e outros temas nas mãos na presidente da Comissão, deputada Stela Farias (PT).

Relatou que já entregou esse material ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas. Segundo Feijó, no Ministério Público recebeu a orientação de, em caso de assumir provisoriamente o governo do Estado, encaminhar uma investigação sobre as denúncias para evitar um processo por prevaricação. Deixou implícito que Yeda Crusius estaria correndo esse risco ao não determinar a investigação dessas denúncias. Feijó também questionou a concessão de empréstimo superior a R$ 100 milhões do Banrisul ao Banco Matone, cujo patrimônio líquido é avaliado em R$ 50 milhões.

“Nunca vi um banco fazer empréstimo superior ao valor do seu patrimônio", observou. Foi além e lembrou que um dos diretores do Matone (Ricardo Russowsky) já partilhou a gestão do Banrisul com Lemos e, juntos, foram condenados, em primeira instância, pela Justiça Federal, por crime contra o sistema financeiro nacional e fraude de balanço. Se havia alguma ponte entre a governadora e o vice, ela foi completamente implodida nesta quinta

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