Roberto Porto
A cassação da concessão de funcionamento da emissora de televisão RCTV, de Caracas, em decisão previamente anunciada pelo presidente Hugo Chávez, da Venezuela, provocou enorme impacto na mídia brasileira. A rigor, não há um único e escasso noticiário – principalmente das tevês – que não massacre diariamente os telespectadores com cenas de protestos populares nas ruas da capital venezuelana.
Há 33 anos, porém, no Rio, a morte por inanição do Correio da Manhã (1901-1974), perpetrada maquiavelicamente pelos homens que comandaram o golpe militar desfechado no Brasil em 1964, não teve a menor repercussão.
O grande matutino da Rua Gomes Freire – situado a dois passos do temido DOPS – morreu porque teve a audácia de combater os arbítrios perpetrados pelos militares após a derrubada de João Goulart (1918-1976), que sucedeu Jânio Quadros (1917-1992) na presidência.
A partir de 1965, quando o Correio da Manhã – que apoiara o golpe desfechado pelo Exército – decidiu denunciar censura, prisões, mortes e torturas praticadas pelos militares, o plano de liquidar o matutino começou a ser executado. Primeiro, através de cuidadosa censura de matérias supostamente subversivas. Depois, recolhendo as tiragens do jornal antes que os exemplares chegassem aos caminhões para serem distribuídos.
Quem comandava a apreensão era o ex-zagueiro-direito do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira de 1950 Augusto da Costa (1922-2004). Antigo integrante da Polícia Especial de Getúlio Vargas (1882-1954), Augusto só não conseguia prender os jornalistas, que fugiam por uma passagem secreta que os levava à Tribuna da Imprensa, na Rua do Lavradio, jornal ironicamente fundado pelo jornalista Carlos Lacerda (1914-1977), adepto da derrubada de João Goulart.
Mas o Correio da Manhã resistiu heroicamente. Seus exemplares, contrabandeados, chegavam a ser vendidos em Recife por mil cruzeiros, hoje, aproximadamente, cerca de 100 reais.
Mas o golpe definitivo veio quando os militares chamaram as agências de publicidade e as proibiram de anunciar no Correio da Manhã. Aí o jornal caiu de joelhos. E Niomar Muniz Sodré (1916-2003) foi obrigada a alugar o título do jornal aos irmãos Alencar – Maurício, Marcello (que seria prefeito do Rio) e Mário – testas de ferro dos empreiteiros que ganhavam obras e mais obras em concorrências surgidas em Brasília. As matérias da redação tinham que fazer referências elogiosas, por exemplo, à Belém-Brasília, à Ponte Rio-Niterói e outras. Eu estava na redação e testemunhei tudo o que relato.
Em 1972, entretanto, as verbas encolheram e em 1974 o jornal, ex-fantástico matutino, concorrente direto do gigantesco Jornal do Brasil (o da Avenida Rio Branco, claro), foi a nocaute. E hoje é um prédio mal aproveitado na Gomes Freire, diante da TV-Educativa.
A mídia brasileira insiste em chorar o fim da RCTV, mas não acendeu uma única, escassa e barata vela em homenagem póstuma à morte do Correio da Manhã em 1974.
Há 33 anos, porém, no Rio, a morte por inanição do Correio da Manhã (1901-1974), perpetrada maquiavelicamente pelos homens que comandaram o golpe militar desfechado no Brasil em 1964, não teve a menor repercussão.
O grande matutino da Rua Gomes Freire – situado a dois passos do temido DOPS – morreu porque teve a audácia de combater os arbítrios perpetrados pelos militares após a derrubada de João Goulart (1918-1976), que sucedeu Jânio Quadros (1917-1992) na presidência.
A partir de 1965, quando o Correio da Manhã – que apoiara o golpe desfechado pelo Exército – decidiu denunciar censura, prisões, mortes e torturas praticadas pelos militares, o plano de liquidar o matutino começou a ser executado. Primeiro, através de cuidadosa censura de matérias supostamente subversivas. Depois, recolhendo as tiragens do jornal antes que os exemplares chegassem aos caminhões para serem distribuídos.
Quem comandava a apreensão era o ex-zagueiro-direito do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira de 1950 Augusto da Costa (1922-2004). Antigo integrante da Polícia Especial de Getúlio Vargas (1882-1954), Augusto só não conseguia prender os jornalistas, que fugiam por uma passagem secreta que os levava à Tribuna da Imprensa, na Rua do Lavradio, jornal ironicamente fundado pelo jornalista Carlos Lacerda (1914-1977), adepto da derrubada de João Goulart.
Mas o Correio da Manhã resistiu heroicamente. Seus exemplares, contrabandeados, chegavam a ser vendidos em Recife por mil cruzeiros, hoje, aproximadamente, cerca de 100 reais.
Mas o golpe definitivo veio quando os militares chamaram as agências de publicidade e as proibiram de anunciar no Correio da Manhã. Aí o jornal caiu de joelhos. E Niomar Muniz Sodré (1916-2003) foi obrigada a alugar o título do jornal aos irmãos Alencar – Maurício, Marcello (que seria prefeito do Rio) e Mário – testas de ferro dos empreiteiros que ganhavam obras e mais obras em concorrências surgidas em Brasília. As matérias da redação tinham que fazer referências elogiosas, por exemplo, à Belém-Brasília, à Ponte Rio-Niterói e outras. Eu estava na redação e testemunhei tudo o que relato.
Em 1972, entretanto, as verbas encolheram e em 1974 o jornal, ex-fantástico matutino, concorrente direto do gigantesco Jornal do Brasil (o da Avenida Rio Branco, claro), foi a nocaute. E hoje é um prédio mal aproveitado na Gomes Freire, diante da TV-Educativa.
A mídia brasileira insiste em chorar o fim da RCTV, mas não acendeu uma única, escassa e barata vela em homenagem póstuma à morte do Correio da Manhã em 1974.
Um comentário:
Piadinha brasiliense: errar é humano. Repetir o erro é goiano...
Brincadeiras à parte, um erro não justifica nem minimiza o outro. A imprensa não se manifestou em 74? Você é quem está dizendo que não se manifestou. Não vou perder tempo com isso, mas também não vou acreditar só porque você está dizendo. Supondo que seja verdade, não quer dizer que, por causa disso, ela tenha que se calar para sempre... viu o erro agora, tem que falar, sim!
O fechamento da RCTV foi arbitrário e revanchista. O próprio Hugo Cháves admitiu isso! Para quê ficar justificando uma coisa que já foi declarada como antidemocrática?
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