MAIR PENA NETO
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O fatídico ano de 1964 andou rondando a cena brasileira nos últimos dias. Não como possibilidade de novo golpe de Estado, mas como reminiscências, discursos e novas revelações, que nos alertam para que a história não se repita, nem como farsa.
O fato mais importante foi a divulgação de documentos da CIA provando o apoio financeiro e material que os Estados Unidos deram ao golpe militar que derrubou o governo de João Goulart e instaurou no país uma ditadura que durou 21 anos.
O envolvimento norte-americano já era conhecido por diversas fontes, uma das mais famosas a gravação da conversa de julho de 1962, entre o então presidente dos EUA, John Kennedy, e seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon. Dois anos antes do golpe, ele já era articulado na Casa Branca, com Kennedy, inclusive, se comprometendo a não reprová-lo como fizera com os militares peruanos, que derrubaram o presidente Manuel Prado naquele mês.
Neste famoso encontro, que reuniu ainda o subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Richard Goodwin, e o assessor especial para Assuntos da Segurança Nacional, McGeorge Bundy, se acertou que o novo adido militar dos EUA no Brasil seria Vernon Walters, que fora o intérprete de Eisenhower no Brasil durante a guerra e falava fluentemente português. Walters foi articulador do golpe junto aos militares.
A nova documentação revela detalhes da participação de Lincoln Gordon na intervenção norte-americana e seus informes pedindo apoio logístico e militar ao golpe. Em outro documento, este do Congresso e revelado anteriormente, Gordon admitira que a embaixada dos EUA no Brasil tinha dado dinheiro a candidatos anti-Jango em 1962 e encorajado os conspiradores.
Quatro dias antes do golpe, o embaixador norte-americano pede a entrega clandestina de armas aos partidários de Castello Branco, em São Paulo, e sugere que seja feita por um submarino sem identificação, que seria descarregado à noite em pontos isolados da costa paulista.
Seus pedidos foram atendidos e no dia do golpe o Departamento de Estado informou a Gordon que tinham sido despachados de Aruba o primeiro de três navios-tanque, um porta-aviões, quatro destróieres, duas escoltas de destróieres e toneladas de munição. Nada menos que toda a frota do Caribe.
Gordon previa uma revolução sangrenta e a frota estaria pronta para a intervenção norte-americana. Algumas correntes defendem que Jango evitou a resistência por saber das intenções dos Estados Unidos e temer um banho de sangue.
1964 também voltou à tona com o reaparecimento do cabo Anselmo, presidente da Asociação de Cabos e Soldados da Marinha naquele ano e que depois de ser preso se tornou um agente da repressão. Cabo Anselmo pede indenização na Comissão de Anistia e disse ao Estadão que passou a apoiar o regime militar para “salvar vidas”.
Por fim, o senador Almeida Lima (PMDB-SE), ao defender o presidente do Senado, Renan Calheiros, que responde a um processo por quebra de decoro no Conselho de Ética, acusou os adversários de agirem como a UDN antes do golpe de 64. Segundo o senador, os oposicionistas de Renan acham que vão se beneficiar com a “degeneração institucional”, como a UDN achou que se beneficiaria com o golpe militar.
Que os fantasmas de 64 não voltem a assombrar o país, mas que não sejam esquecidos para que os males não se repitam.
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O fatídico ano de 1964 andou rondando a cena brasileira nos últimos dias. Não como possibilidade de novo golpe de Estado, mas como reminiscências, discursos e novas revelações, que nos alertam para que a história não se repita, nem como farsa.
O fato mais importante foi a divulgação de documentos da CIA provando o apoio financeiro e material que os Estados Unidos deram ao golpe militar que derrubou o governo de João Goulart e instaurou no país uma ditadura que durou 21 anos.
O envolvimento norte-americano já era conhecido por diversas fontes, uma das mais famosas a gravação da conversa de julho de 1962, entre o então presidente dos EUA, John Kennedy, e seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon. Dois anos antes do golpe, ele já era articulado na Casa Branca, com Kennedy, inclusive, se comprometendo a não reprová-lo como fizera com os militares peruanos, que derrubaram o presidente Manuel Prado naquele mês.
Neste famoso encontro, que reuniu ainda o subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Richard Goodwin, e o assessor especial para Assuntos da Segurança Nacional, McGeorge Bundy, se acertou que o novo adido militar dos EUA no Brasil seria Vernon Walters, que fora o intérprete de Eisenhower no Brasil durante a guerra e falava fluentemente português. Walters foi articulador do golpe junto aos militares.
A nova documentação revela detalhes da participação de Lincoln Gordon na intervenção norte-americana e seus informes pedindo apoio logístico e militar ao golpe. Em outro documento, este do Congresso e revelado anteriormente, Gordon admitira que a embaixada dos EUA no Brasil tinha dado dinheiro a candidatos anti-Jango em 1962 e encorajado os conspiradores.
Quatro dias antes do golpe, o embaixador norte-americano pede a entrega clandestina de armas aos partidários de Castello Branco, em São Paulo, e sugere que seja feita por um submarino sem identificação, que seria descarregado à noite em pontos isolados da costa paulista.
Seus pedidos foram atendidos e no dia do golpe o Departamento de Estado informou a Gordon que tinham sido despachados de Aruba o primeiro de três navios-tanque, um porta-aviões, quatro destróieres, duas escoltas de destróieres e toneladas de munição. Nada menos que toda a frota do Caribe.
Gordon previa uma revolução sangrenta e a frota estaria pronta para a intervenção norte-americana. Algumas correntes defendem que Jango evitou a resistência por saber das intenções dos Estados Unidos e temer um banho de sangue.
1964 também voltou à tona com o reaparecimento do cabo Anselmo, presidente da Asociação de Cabos e Soldados da Marinha naquele ano e que depois de ser preso se tornou um agente da repressão. Cabo Anselmo pede indenização na Comissão de Anistia e disse ao Estadão que passou a apoiar o regime militar para “salvar vidas”.
Por fim, o senador Almeida Lima (PMDB-SE), ao defender o presidente do Senado, Renan Calheiros, que responde a um processo por quebra de decoro no Conselho de Ética, acusou os adversários de agirem como a UDN antes do golpe de 64. Segundo o senador, os oposicionistas de Renan acham que vão se beneficiar com a “degeneração institucional”, como a UDN achou que se beneficiaria com o golpe militar.
Que os fantasmas de 64 não voltem a assombrar o país, mas que não sejam esquecidos para que os males não se repitam.
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