LBR/Tejofran, cujo dono é da Fundação Covas, deu R$ 244 mil a campanhas do PSDB
Promotoria de Pirapozinho fez denúncia de supostas fraudes em construção de moradias populares; dois funcionários foram presos
As empresas Tejofran e LBR, que montaram consórcio citado pelo Ministério Público de São Paulo nas investigações sobre supostas fraudes na construção de casas populares do governo de São Paulo, doaram R$ 243,6 mil para candidatos do PSDB ao governo e à Assembléia Legislativa nas três últimas três eleições.
Do total doado pelas empresas, 93% destinaram-se aos tucanos. Candidatos do PT receberam R$ 7,2 mil (2,7%), e, do PDT, R$ 11 mil (4,2%).
A construção de casas populares é alvo de investigação da Promotoria de Justiça de Pirapozinho (SP). Os promotores apreenderam uma planilha da empresa FT Construções que indica, segundo eles, pagamentos ao deputado estadual e ex-secretário de Habitação do Estado, Mauro Bragato (PSDB). Segundo a promotoria, o consórcio LBR-Tejofran fazia as medições das obras que possibilitavam os pagamentos à FT.
Como pessoa física, o dono da Tejofran, Antonio Dias Felipe doou, em 2002, R$ 2 mil para o candidato à reeleição ao governo de SP Geraldo Alckmin (PSDB), R$ 20 mil para o candidato a deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB), e R$ 1 mil para o candidato a deputado estadual Mauro Menuchi (PT). Nas eleições de 2004, o empresário doou R$ 10 mil para o candidato a prefeito de Mairiporã (SP), Antonio Aiacyda (PSDB).
A Tejofran, por meio de consórcio "Telar/Augusto Velloso/Tejofran", doou R$ 20 mil para o candidato a deputado estadual eleito João Caramez (PSDB), R$ 10 mil para o candidato Antonio Ramalho (PDT) e R$ 2 mil para Barros Munhoz (PSDB), líder do governo na Assembléia Legislativa.
A LBR Engenharia, parceira da Tejofran, doou R$ 189,6 mil para dois candidatos a deputado pelo PSDB (Mauro Bragato e Roberto Engler), R$ 12,6 mil para a campanha de Alckmin em 2002 e R$ 1 mil para o candidatos Geraldo Vinholi (PDT).
A investigação em Pirapozinho é a primeira a resultar numa denúncia à Justiça. "A empresa LBR-Tejofran, responsável pela medição das obras, também legitima o esquema, porque seus engenheiros medidores são pagos pelo grupo para falsearam ideologicamente as planilhas, o que viabiliza o repasse das correspondentes verbas da CDHU", afirmaram, na denúncia encaminhada à Justiça em 28 de maio, os promotores Landolfo Andrade de Souza, André Luiz Felício, Bruno Orsati Landi e Mário Coimbra.
Na denúncia, os promotores descreveram a suposta participação de um engenheiro civil do consórcio LBR-Tejofran: "É coordenador da empresa LBR-Tejofran na região de Presidente Prudente e Marília [SP]. Dá autenticidade ao quantitativo e qualitativo utilizado nas obras. Assim, participa das fraudes dos relatórios de medições, porquanto ratifica o superfaturamento qualitativo e quantitativo nos materiais para construção empregados. Recebe valores mensais do grupo, a título de suborno. A LBR é uma terceirizada da estatal CDHU, sendo a empresa responsável pela medição mensal que viabiliza a liberação dos valores a serem pagos aos fornecedores".
De acordo com os promotores, as medições levaram à liberação de pelo menos R$ 1,42 milhão para a empresa FT.
ONG
O dono da Tejofran, Antonio Dias Felipe, é membro do conselho consultivo da Fundação Mário Covas. Foi amigo de Covas, morto em 2001, e padrinho de casamento do filho do ex-governador, o advogado Mario Covas Neto, o Zuzinha -que também é o presidente do conselho da fundação.
Ontem, em entrevista à Folha, Zuzinha disse que já prestou serviços de advocacia à Tejofran, mas não deu detalhes. Repudiou "tentativa de ligação" entre sua vida pessoal e profissional e os contratos da Tejofran no governo de SP, administrado pelo PSDB há 12 anos e meio.
"Não tem nada a ver uma coisa com a outra. (...) A partir de hoje, nós temos que consultar todos os casamentos que foram efetuados ao longo da vida, e ver quem é que foi padrinho de quem, etc, como se uma coisa tivesse ligação com a outra. E daí?", disse Zuzinha.
RUBENS VALENTE
CATIA SEABRA
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