"Espírito orienta" pedido de propina
Investigação da terceira fase da Hurricane analisou escutas de ligações feitas para "alma do além"
Uma suposta "entidade espiritual" se transformou em "alvo" das escutas telefônicas da Polícia Federal da Operação Furacão 3. Identificado nas gravações apenas como "Senhor", o "espírito" teria como "cavalo" Marinilde de Fátima Rodrigues Ferreira - mulher do delegado federal Osvaldo da Cruz Ferreira - e, de acordo com a denúncia dos procuradores da República apresentada à Justiça, o "orientaria" nos supostos achaques contra investigados nos inquéritos.
Em uma ocasião, "Senhor" chegou a ser consultado sobre a possibilidade de uma das ações criminosas do delegado ter sido filmada e gravada pela PF. O "espírito" afirmou que isso não ocorrera. Em outra ocasião, o policial pede à "entidade" opinião sobre uma investigação.
"Osvaldo pergunta o que o Senhor (Fátima) está achando do relatório que ele está fazendo, e Fátima diz que está bom, tá excelente", diz a denúncia, reproduzindo diálogo gravado. "Osvaldo pergunta o que o escrivão vai achar do relatório e se ele não vai reclamar, pois o escrivão vai olhar o relatório e Fátima diz que não, que tá tudo ok".
De acordo com a denúncia dos procuradores da República, Fátima se passava por funcionária da PF, freqüentava a Delegacia de Polícia Fazendária e chegava a pressionar algumas das vítimas dos achaques. A denúncia afirma ainda que ela depositava em bancos o dinheiro que o delegado obtinha mediante extorsões e demonstrava ter ascendência sobre ele.
Em outras conversas gravadas pelos policiais federais que investigavam o esquema, ela demonstrou preocupação com a queda de padrão de vida que o casal teria, porque o delegado estava sendo transferido da Delegacia de Polícia Fazendária para a Delegacia dos Correios, onde não seria possível fazer achaques.
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