Pai perde filho que roubou um canivete
Detento de 19 anos morto em incêndio já deveria ter deixado a cadeia; parentes estiveram ontem no IML
FLAVIANE PAIXÃO
Os furtos de uma bola e de um canivete custaram a vida de Dalton Arlei Felício, 19, um dos detentos mortos na 12ª Delegacia Regional de Ponte Nova. Dos 15 presos identificados até ontem, ele é o mais jovem. O lavrador Cláudio Felício, 46, pai do rapaz, esteve no Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte e informou que a detenção estimada para esse delito era de apenas 36 horas. Mas a previsão não se confirmou e a prisão ultrapassou uma semana. O motivo, segundo Cláudio, era que na ficha policial de Dalton constava outro processo: uma denúncia por tumulto.
Ele teria jogado uma lata de lixo no chão da cidade no último Carnaval. "Ele estava detido desde o último dia 11. Não há dinheiro que pague a vida de ninguém. Meu filho me ajudava em casa, pois era muito trabalhador. Queremos uma explicação. Sabemos que os presos pediram ajuda no começo do incêndio, mas ignoraram. E a gasolina, como deixaram entrar?", indagou. Pai de outros três filhos, Cláudio reclamou da falta de organização durante os 12 dias de prisão de Dalton.
A audiência no fórum foi remarcada sem aviso prévio e a família não pôde acompanhar. Mostras de negligência na tutela dos presos foi denunciada por pessoas ligadas a outros dois detentos. De acordo com amigos, Carlos Alexandre Nazário, 25, já deveria estar nas ruas desde o dia 6 de agosto, quando vencia sua pena de seis meses. Entretanto, ele ficou detido e nenhuma justificativa foi dada aos irmãos. "Era para ele ter saído e o deixaram lá. A irmã dele vai cobrar explicações de tudo isso", disse Maria da Conceição Gomes, 39, que acompanhava os parentes no trabalho de identificação.
O detento Francisco Raimundo Bueno, 35, também teria o direito à progressão de regime desde a segunda-feira passada, mas, conforme a família, nada aconteceu no decorrer da semana. Antes da tragédia, o dia de ontem estava sendo aguardado com ansiedade para amigos e parentes de Severino Custódio, 28. Preso há um mês por tentativa de homicídio, seu julgamento iria acontecer nesta sexta-feira.
"É muito injusto perder um irmão assim, ele não teve como se defender", reclamou Sebastião Custódio. A assessoria do governador AÉCIO NEVES não comentou sobre as reclamações. Os familiares lá presentes informaram que uma gangue chegou a avisar sobre a intenção de promover uma "grande rebelião" na cadeia.
Detento de 19 anos morto em incêndio já deveria ter deixado a cadeia; parentes estiveram ontem no IML
FLAVIANE PAIXÃO
Os furtos de uma bola e de um canivete custaram a vida de Dalton Arlei Felício, 19, um dos detentos mortos na 12ª Delegacia Regional de Ponte Nova. Dos 15 presos identificados até ontem, ele é o mais jovem. O lavrador Cláudio Felício, 46, pai do rapaz, esteve no Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte e informou que a detenção estimada para esse delito era de apenas 36 horas. Mas a previsão não se confirmou e a prisão ultrapassou uma semana. O motivo, segundo Cláudio, era que na ficha policial de Dalton constava outro processo: uma denúncia por tumulto.
Ele teria jogado uma lata de lixo no chão da cidade no último Carnaval. "Ele estava detido desde o último dia 11. Não há dinheiro que pague a vida de ninguém. Meu filho me ajudava em casa, pois era muito trabalhador. Queremos uma explicação. Sabemos que os presos pediram ajuda no começo do incêndio, mas ignoraram. E a gasolina, como deixaram entrar?", indagou. Pai de outros três filhos, Cláudio reclamou da falta de organização durante os 12 dias de prisão de Dalton.
A audiência no fórum foi remarcada sem aviso prévio e a família não pôde acompanhar. Mostras de negligência na tutela dos presos foi denunciada por pessoas ligadas a outros dois detentos. De acordo com amigos, Carlos Alexandre Nazário, 25, já deveria estar nas ruas desde o dia 6 de agosto, quando vencia sua pena de seis meses. Entretanto, ele ficou detido e nenhuma justificativa foi dada aos irmãos. "Era para ele ter saído e o deixaram lá. A irmã dele vai cobrar explicações de tudo isso", disse Maria da Conceição Gomes, 39, que acompanhava os parentes no trabalho de identificação.
O detento Francisco Raimundo Bueno, 35, também teria o direito à progressão de regime desde a segunda-feira passada, mas, conforme a família, nada aconteceu no decorrer da semana. Antes da tragédia, o dia de ontem estava sendo aguardado com ansiedade para amigos e parentes de Severino Custódio, 28. Preso há um mês por tentativa de homicídio, seu julgamento iria acontecer nesta sexta-feira.
"É muito injusto perder um irmão assim, ele não teve como se defender", reclamou Sebastião Custódio. A assessoria do governador AÉCIO NEVES não comentou sobre as reclamações. Os familiares lá presentes informaram que uma gangue chegou a avisar sobre a intenção de promover uma "grande rebelião" na cadeia.
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