segunda-feira, 17 de setembro de 2007

As tentativas da CIA para desestabilizar a Venezuela

É cada vez mais evidente que a RCTV (Rádio Caracas TV), mais do que uma emissora televisão é uma estrutura política. A sua empenhada participação no golpe de estado de 13 de Abril de 2002 foi um episódio mais no seu histórico de subordinação às estratégias da CIA para o derrube de governos Latino-americanos.
Por Chris Carlson*


O presidente da estação venezuelana de rádio e televisão RCTV, Eladio Larez, não é propriamente um desconhecido da CIA. Na verdade, os contactos de Eladio com a agência começaram há quase 20 anos. Em 1989, Larez ajudou a CIA a canalizar fundos através da Venezuela para a oposição na Nicarágua, quando esta se esforçava para derrubar o governo sandinista através de uma campanha de desestabilização e violência em grande escala. Larez teve até a amabilidade de criar uma falsa fundação na Venezuela, denominada Fundação Nacional para a Democracia, que funcionou como capa para receber dinheiro da CIA e transferi-lo para a Nicarágua, onde serviu para financiar as operações de um dos principais jornais da oposição.


"Como jornalista," dizia Larez aos seus colegas nicaragüenses, "compreendo os problemas que existem com a liberdade de expressão nestes países e as necessidades e dificuldades dos órgãos de comunicação escrita e falada".


Algumas semanas mais tarde, o presidente venezuelano Carlos Andres Perez, um amigo e aliado político de Larez, dava ordens ao exército nacional para disparar sobre manifestantes inocentes nas ruas de Caracas, matando centenas, ou possivelmente milhares, de ativistas. A RCTV de Larez ajudou a mascarar esta realidade, não transmitindo imagens do massacre.


Analogamente, a 13 de Abril de 2002, depois de a RCTV e outros órgãos de informação venezuelanos terem apoiado e participado num golpe de estado contra o Presidente Hugo Chávez, cerca de 60 manifestantes pró-Chávez foram mortos pelo governo temporariamente liderado por Pedro Carmona. A RCTV recusou-se a difundir imagens da violência, preferindo transmitir desenhos animados e telenovelas enquanto cidadãos eram mortos nas ruas da capital.


Aparentemente, as preocupações fictícias de Larez com a "liberdade de expressão" não mudaram muito com o passar dos anos. É caso para perguntar se as suas relações com a CIA se mantêm iguais também... Se analisarmos o papel que Eladio Larez desempenhou na campanha de desestabilização da Nicarágua orquestrada pela CIA, perceberemos melhor os métodos que ele e a sua RCTV estão a usar na Venezuela com idêntico propósito.

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