O Movimento dos Sem Mídia foi criado pelo ex-comerciante Eduardo Guimarães, que se diz "irritado" com o comportamento da imprensa, principalmente nas últimas semanas, quando notícias sobre a influência da mídia nas decisões do STF no julgamento dos envolvidos com o mensalão foram divulgadas.
"Faz muito tempo que venho querendo tomar uma atitude. Sei que uma ação como esta nunca foi tentada por quem não é engajado em nenhum movimento", disse Guimarães, em entrevista ao Portal Imprensa. "No momento em que fica claro que existe um processo de desmoralização dos poderes, em que os rumos do país são decididos com base no que querem meia-dúzia de famílias, é necessário fazer alguma coisa."
Aos 48 anos, Guimarães é morador de um bairro de classe média de São Paulo, atua como gerente de exportação de uma fábrica no interior do estado e já foi leitor assíduo dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo. Hoje, no entanto, ele se diz contra ao que chamou de trabalho alicerçado em "critérios morais e políticos seletivos".
"Aquilo da repórter da Folha (referindo-se à matéria em que as informações foram registradas por uma jornalista que presenciou conversa telefônica entre o ministro Lewandowski e seu irmão, em um restaurante de Brasília), ninguém vai me convencer que ela foi lá por acaso. Os políticos estão sendo monitorados, perseguidos", disse o manifestante.
Segundo ele, o Movimento dos Sem Mídia - que deve ser formalizado durante a manifestação de sábado - luta por uma imprensa que dê voz a todo tipo de opinião e espaço para que o "outro lado" seja trabalhado sem distorções.
"No caso do Renan (Calheiros, presidente do Senado), não que eu ache que ele seja inocente, mas só lemos notícias que falam contra ele. Essa unanimidade não existe. Deve haver alguém em algum lugar do país que seja a favor. Eu quero ouvir esse outro lado para formar minhas opiniões", afirma.
O local em que se dará a manifestação, de acordo com Guimarães, não foi escolhido por acaso. Segundo ele, apesar de a capital paulista ser sede de vários veículos - como TV Globo, jornal O Estado de S. Paulo e Editora Abril -, a rua Barão de Limeira tem posição "estratégica" e abriga um dos veículos mais "perigosos" do país.
"Diferentemente de outros veículos que deixam clara sua posição ideológica, a Folha tem uma capa - ela dissimula o que realmente defende. Por isso, ela faz um jornalismo perigoso." Perguntado se existe alguma exceção na imprensa brasileira, Guimarães reluta em responder: "Não sei. A CartaCapital é uma revista que critica o governo, mas ela já assumiu que ia defender o Lula. Para mim, isso é pluralismo".
Apesar de "cerca de cem pessoas" já terem confirmado presença na manifestação, Guimarães disse acreditar que o número de participantes é imprevisível. Mas, mesmo que esteja sozinho, ele garante que ela vai acontecer. "O país não avança porque ninguém se propõe a fazer nada pelo benefício comum. Precisamos fazer alguma coisa contra esse jornalismo lavador de cérebros."
A ação inaugural do 'Movimento dos Sem Mídia' está sendo divulgada - e organizada - pelo blog Cidadania.Com, de Guimarães. A página conta com visita diária de cerca de 700 pessoas.
Clique aqui para visitar o blog Cidadania.Com <http://edu.guim.blog.uol.com.br>
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