terça-feira, 4 de setembro de 2007

Não existia PROCURADOR DA REPÚBLICA antes? Ou era apenas um ENGAVETADOR?

As revelações de corrupção agitam a mídia, mas o seu peso específico dentre todas as transgressões cometidas por empresas é reduzido. A corrupção gera algo em torno de US$ 30 bilhões por ano no mundo. Os demais crimes empresariais, a exemplo de subfaturamento, superfaturamento, transferência de preços abusiva e transações falsas, somam cerca de US$ 700 bilhões por ano.

É quase 70% de todo o dinheiro sujo global, que inclui o produto do tráfico de drogas, falsificação de produtos e de moedas, tráfico humano, comércio ilegal de armas, contrabando, jogo ilegal, extorsão e também a famigerada corrupção.
Neste terreno minado, a situação do país, em que pese o trabalho incansável de funcionários públicos zelosos que trabalham nos órgãos de fiscalização e de repressão, é agravada pela condescendência de grande parte da mídia e da sociedade em relação ao crime empresarial.

Os exemplos não se limitam aos casos acima mencionados. As propinas pagas em 1994 aos deputados federais que votaram a emenda da reeleição e a acusação feita ao mesmo governo, de aceitar suborno da empresa americana Raytheon, que teria estreitas relações com a Casa Branca e o Pentágono e venceu a francesa Alsthom para instalar o bilionário sistema de radar na Amazônia, são um marco mundial no campo das práticas não convencionais de empresas, políticos e governantes. Contam-se nos dedos os que ainda se lembra desse caso gravíssimo.

O mesmo é possível dizer sobre o maior escândalo financeiro do país, o do Banestado, que em 2004 apontou 91 políticos, empresários, banqueiros, autoridades e celebridades envolvidos em transferências ilegais para o exterior de mais de R$ 150 bilhões, entre 1996 e 2002. Note-se que o escândalo do Banestado tem o mesmo tamanho do da concessão da TV digital nos Estados Unidos.

Não houve, por parte da Mídia, nada comparado ao zumzumzum promovido agora, diante da ação PIROTÉCNICA do atual procurador, que até menção fez com estórias das MIL E UMA NOITES (40 LADRÕES) para deixar gravado para posteridade. Se incluísse na mesma denúncia EDUARDO AZEREDO, o PERCURSOR DO MENSALÃO, seria, SEM DÚVIDA, 41 INDICIADOS.

Em que pesem as evidências sobre a centralidade das empresas no fenômeno da corrupção, muitas pessoas continuarão vendo no Estado a matriz do problema. Uma parte dessas pessoas é vítima de uma ilusão de ótica: os donos do dinheiro capturaram a máquina pública há tanto tempo que isso já é visto como normal.

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