Um insistente mosquito acompanha a carreira do atual governador de São Paulo, José Serra: é o aedes aegypti. Quando ele foi ministro "da Saúde do governo Fernando Henrique" (sic), de 1998 a 2002, os casos de dengue no Brasil mais que triplicaram: passaram de 249 mil para 791mil. Agora, São Paulo, com mais de 62 mil casos entre janeiro e agosto de 2007, enfrenta uma epidemia de dengue sem precedentes. O número é 17% superior aos 53 mil de todo o ano passado. Dezesseis pessoas morreram de dengue hemorrágica em São Paulo.
CASOS DE DENGUE EM SÃO PAULO
2005 - 5.800
2006 - 53.000
2007 - 63.000
"A infestação do mosquito está explodindo em muitos locais e isso tem a ver com o meio ambiente, desmatamento, questões sociais e sanitárias", admite Célia Aranda, do Controle de doenças da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.
Culpa do Mato Grosso do Sul?
A Secretaria estadual de Saúde atribui o problema à fronteira com o Mato Grosso do Sul, que de fato enfrenta uma epidemia grave: 71 mil casos de dengue notificados só no primeiro semestre deste ano. No entanto, os sul-matogrossenses podem alegar que foram eles os contaminados pelos paulistas. Em 2006, o Mato Grosso do Sul teve 15.800 apenas casos de dengue e foram o sétimo estado mais afetado pela doença, enquanto São Paulo, com 53 mil, já ficou em primeiro lugar (em 2005 os casos paulistas de dengue não chegavam 5.800).
Para enfrentar a epidemia, a secretaria estadual anunciou nesta segunda-feira (3) uma "Operação Pente Fino" contra a dengue. Os profissionais da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) irão concentrar sua atenção em 78 municípios que formam o epicentro da dengue no estado.
As 78 cidades são as que tiveram grande número de casos ou alta incidência de dengue nos últimos três anos. Também foram incluídos municípios que registraram casos da doença mesmo na época de frio, além de locais turísticos, com grande fluxo de pessoas ao longo do ano.
Entre os municípios listados, Campinas teve 4.525 casos até agosto deste ano, seis vezes mais que em 2006. Mas o recorde permaneceu com São José do Rio Preto, com 9.407 casos de dengue, embora este número seja ainda 22% menor que o do ano passado.
Tecnologia de combate será cubana
Foram contratados com urgência 110 profissionais para a operação. O objetivo é agir nos próximos três meses, antes que o verão aumente os riscos de proliferação da doença.
Curiosamente, a secretaria decidiu adotar o modelo cubano para combater as complicações causadas pela dengue, incluindo a dengue hemorrágica. Profissionais da pasta acabam de voltar de um estágio em Cuba. A Ilha de Fidel Castro anunciou em 11 de agosto a completa ausência de casos de dengue, depois de uma campanha de erradicação do aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
Veja os 78 municípios paulistas que concentram as preocupações com a proliferação da dengue (em ordem alfabética):
Adamantina
Andradina
Araçatuba
Araraquara
Assis
Barretos
Barueri
Bauru
Bebedouro
Bertioga
Birigui
Botucatu
Boituva
Buritama
Campinas
Caraguatatuba
Cubatão
Diadema
Dracena
Embu
Fartura
Guarujá
Guarulhos
Hortolândia
Iepê
Igarapava
Ilha Solteira
Itanhaém
Itapevi
Itu
Ituverava
Jandira
Jardinópolis
Jaú
Junqueirópolis
Limeira
Lins
Marília
Matão
Miguelópolis
Mirante do Paranapanema
Mirassol
Mongaguá
Olímpia
Osasco
Ourinhos
Paulínea
Penápolis
Pereira Barreto
Peruíbe
Piracicaba
Praia Grande
Presidente Epitácio
Presidente Prudente
Presidente Venceslau
Rancharia
Rosana
Rio Claro
Ribeirão Preto
Salto
São José do Rio Preto
Santo Anastácio
Santos
São João do Pau D'Alho
São Paulo
São Vicente
Sorocaba
Sumaré
Taboão da Serra
Taquaritinga
Taquarivaí
Taubaté
Tupã
Tupi Paulista
Ubatuba
Valparaíso
Votorantim
Votuporanga.
Veja também: Cuba, território livre da dengue <http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=22958>
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