sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Abril tenta impedir "enterro" de Mainardi, mas não consegue





Conforme o prometido, cerca de 40 jovens da União da Juventude Socialista (UJS) fizeram o enterro simbólico do colunista da Veja, Diogo Mainardi, nesta quinta (11), em frente ao prédio que abriga o escritório da Editora Abril, na cidade do Rio de Janeiro. A manifestação foi em repúdio à declaração do colunista na edição desta semana (7/10) onde os militantes, defensores de Che Guevara, foram chamados de “fascistóides”. Durante o protesto a segurança do local foi reforçada, numa tentativa de impedi-lo. Para Mainardi, os jovens não passam de “comunistóides”.
Por Carla Santos








Irreverência e denúncia marcaram o ato desta quinta contra Mainardi no Rio



Por volta das 14h30 os jovens chegaram ao local, na Praia de Botafogo. Segundo o diretor de comunicação da UJS-Rio, Vitor Voguel, assim que os militantes se aproximaram do prédio, o segurança que faz a guarda patrimonial do local, Leonardo Alves dos Santos, se aproximou.



“Vocês estiveram aqui na semana passada para fazer bagunça, mas nesta semana vai ser diferente. Eu sei onde vocês ficam e eu vou descobrir onde vocês moram. É bom vocês ficarem com medo, há até um policial do Bope (Batalhão de Operações Especiais) fazendo a segurança na aérea. Se vocês não esvaziarem o local agora não estranhem se um cair do nada, ‘por acaso’, no chão”, teria dito o segurança a Igor Bruno, presidente da UJS-Rio, e a Marcelo Gavião, presidente nacional da entidade.



Segundo o segurança, cerca de 30 a 40 homens, inclusive policiais a paisana, fizeram a segurança do prédio durante o protesto. O local também ficou fechado para a entrada ou saída de pessoas e carros durante toda a manifestação.



Após a reiteração dos manifestantes de que o protesto ocorreria, independente das ameaças, foi negociado de que os jovens não ateariam fogo em frente ao prédio, bem como não jogariam estrume de cavalo no local – como ocorreu no ato da quinta (4). A partir da negociação o protesto ocorreu com tranqüilidade.



“Cãozinho de Bush” e CPI Abril-Telefônica



“Sabemos muito bem quem é o pseudo jornalista Diogo Mainardi. Em suas colunas nunca faltaram adjetivos ao presidente norte-americano, G. W. Bush, e a sua guerra sangrenta pelo mundo. Ataques a produção cultural do Brasil e a defesa da cultura americana também fazem parte do roll de temas mainardianos. Por isso estamos aqui, para denunciar o ‘cãonzinho de Bush’, e deixar bem claro que nunca vamos arrecefer na defesa dos símbolos do socialismo, como Che Guevara, e na defesa de nossa cultura brasileira”, disse Gavião.



Em tom jocoso, Igor Bruno proibiu Diogo Mainardi de falar sobre o ato e tentar atacar a UJS, “pois caso contrário nós vamos voltar na próxima quinta”.



Gavião também alertou a editora e o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, sobre a necessidade da imediata instalação da CPI Abril- Telefônica/TVA.



“É estranho para UJS o fato do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, não ter atendido aos pedidos de inúmeros parlamentares pela abertura da CPI Abril Telefônica/TVA. A postura de Chinaglia deixa a impressão para a sociedade brasileira de que a Editora Abril possa tê-lo coagido, ou até mesmo comprado”, provocou.



Teatro e funeral



Sob gritos de “Ô Mainardi, seu debilóide, você que é um fascistóide”, os estudantes iniciaram o rito do “funeral”. Com cartazes que trouxeram o semblante do jornalista com o “bigode de Hitller”, foi dado início à peça Adolf Bush e seu cãozinho, uma sátira do conteúdo das colunas de Mainardi.



Cenas de abraços e beijos entre Bush e Mainardi se desenrolaram em frente ao prédio. Em determinados momentos, Bush se desgarrava do jornalista para atirar com sua arma nos transeuntes.



Na hora do enterro, novamente o estrume entrou em cena e fez às vezes da terra, que cobriu um caixão de papelão com a imagem do jornalista.



Algumas velas foram acesas pelos jovens que lembraram os 40 anos sem Che – completados no dia 8 – para dizer “de sua disposição de manterem vivos os seus ideais e sua luta pela liberdade diante do retrocesso que representa o oligopólio dos meios de comunicação contra a diversidade de opiniões presentes no país.”



Durante todo o protesto os jovens distribuíram a “Carta aberta a Diogo Mainardi e a sociedade brasileira”, aos transeuorntes e trabalhades do prédio.



Resposta de Mainardi



Em seu podcast, na página eletrônica da revista Veja, do final desta quinta (11) o jornalista comentou a manifestação.



“Fui enterrado na quinta-feira, 11 de outubro, às 15 horas, na praia do Botafogo, no Rio de Janeiro, na frente da Editora Abril, um dos prédios mais feios de todos os tempos, espremido entre um viaduto e um túnel. Trata-se do mesmo grupo que, na semana passada, queimou exemplares de Veja na frente da Editora Abril. Durante a cerimônia, eles divulgaram uma nota explicando que a iniciativa de organizar meu funeral tinha o objetivo de repudiar o termo que usei para descrevê-los na última coluna – “fascistóides”. Eles preferem ser chamados de “comunistóides”, em homenagem ao mártir Che Guevara”, escreveu Mainardi.



Apesar da provocação, a UJS confirmou ao Vermelho nesta sexta (12) que não fará mais protestos contra o jornalista, como havia dito o presidente da UJS-Rio, Igor Bruno. “Temos mais o que fazer”, explicou Gavião.

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