sábado, 27 de outubro de 2007




Edição 468
Colosso. Não mais impávido
por Alisson Avila
A Globo sofre uma inédita queda de participação na audiência em 2007


A concorrência provoca mudanças no negócio do doutor Roberto
©TV Globo
A letra de É Hoje, canção de Didi e Mestrinho eternizada no samba e na música popular brasileira, é sempre lembrada como “aquela que fala da luta do rochedo contra o mar”. E é mais ou menos isso o que acontece, guardadas as devidas proporções, na velha guerra da audiência da tevê brasileira. A Rede Globo trata de manter-se impávido colosso diante dos vagalhões projetados por Record e SBT contra o seu rochedo.

Ambos os canais fizeram (SBT) e fazem (Record) todo o possível para reduzir a histórica superioridade que começou a ser construída pela empresa da família Marinho na tevê aberta do País a partir dos anos da ditadura militar. E parece que tanto esforço e energia – e especialmente dinheiro, tratando-se da Record – começam a gerar sinais de erosão na pétrea estrutura da Globo.

A emissora de Faustão, Xuxa e Ana Maria Braga, mesmo sem ver afetada a folga na liderança, perde participação de mercado. Enquanto isso, a Record cresce, e bem, e o SBT segue caindo, mas faz questão de mostrar que ainda não perdeu a batalha. Arma-se assim o cenário para um acirramento muito maior da disputa a longo prazo.

Tais conclusões são resultado da análise dos dados do Ibope Telereport, interpretados em perspectiva de janeiro de 2005 até agosto de 2007, a partir do filtro mais utilizado pelo mercado de propaganda na hora de definir quanto de dinheiro será investido em cada rede: o chamado share de audiência das emissoras. Trocando em miúdos, trata-se da participação de mercado (leia-se quantidade de espectadores), em pontos porcentuais, que Globo, Record, SBT, Band e demais tevês abertas possuem.

A partir dessa métrica, vê-se que, na Grande São Paulo, a Globo sofreu uma queda de 9,5% no chamado horário nobre (das 6 da tarde à 1 da manhã), quando se compara a média de janeiro a agosto de 2007 ao mesmo período de 2006. Em âmbito nacional, a perda foi de 7%.

Estendida a referência para o dia inteiro (das 6 da manhã à meia-noite), descobre-se que o share caiu 10,5% na Grande São Paulo e 7,3% no total nacional (tabelas na edição impressa).

À medida que desce a curva da Globo, outra curva sobe. A Record, mesmo que a partir de uma base muito menor, que facilitaria um crescimento acelerado, avançou 23% no horário nobre na região metropolitana paulista e 22,5% no total nacional nos oito primeiros meses deste ano, na comparação com 2006. No acumulado do dia, sob a mesma referência do cálculo da Globo, a emissora de Edir Macedo ampliou a participação em 28% em São Paulo e 27% no Brasil de um ano para o outro.

Os dados são praticamente públicos: qualquer agência de publicidade ou veículo de comunicação pode comprar os sistemas de pesquisas do Ibope e selecionar determinados filtros, gerando dados que permitam a comparação. O detalhe é que esses números, segundo as regras do mercado, não podem ser divulgados publicamente, ou seja, devem circular apenas à boca pequena.



*Confira a íntegra da reportagem na edição impressa

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