terça-feira, 23 de outubro de 2007

Novas denúncias de corrupção atingem tucanos de MG e SP

Os dois maiores jornais de São Paulo (Folha e Estadão) publicaram ontem e hoje matérias denunciando o envolvimento de altas lideranças do PSDB de Minas Gerais e de São Paulo em atividades que estão sendo investigadas pela justiça como possíveis focos de corrupção. Entre os citados, estão o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, o senador e ex-presidente do PSDB, Aduardo Azeredo (MG), e o ex-vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade.

A matéria "MP apura favorecimento do governo a ONG ligada a tucanos", do Estadão desta segunda-feira (22) informa que o Ministério Público Estadual investiga as relações do Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transportes e Meio Ambiente (Idelt) com o governo paulista e prefeituras. O Idelt é uma organização não governamental criada pelo tucano Alberto Goldman, vice-governador paulista, por Frederico Bussinger, ex-secretário municipal de Transportes de São Paulo, e Thomaz de Aquino Nogueira Neto, atual presidente da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), entre outras pessoas ligadas ao setor de transporte público e ao PSDB. É presidido pela mulher de Bussinger, Vera Bussinger. E recebeu pelo menos R$ 5 milhões dos cofres públicos nos últimos sete anos.

Promotores querem saber se houve superfaturamento dos contratos e favorecimento da organização não governamental ligada ao PSDB. São analisados ao menos 16 contratos e aditamentos, parte sem licitação, com Dersa, Sabesp, Secretaria Estadual do Trabalho, prefeituras de São Paulo e Carapicuíba, segundo publicações do Diário Oficial do Estado. As contratações referem-se a cursos de qualificação profissional como assistente administrativo, reciclagem de lixo, conservação, limpeza e formação de mão de obra para fazer calçadas (calceteiro), além de assessoria técnica em transporte público e programas de água de reúso. A Dersa alega que não havia necessidade de licitação pelo fato de o instituto ter notória especialização nos setores em que atua.

Ao contrário do que costuma acontecer quando os envolvidos são ligados à base do governo Lula, desta vez a imprensa não deu muita repercussão à denúncia.

Mensalão mineiro

Ontem (21), foi a vez dos tucanos de Minas Gerais serem citados como protagonistas de irregularidades envolvendo a administração pública.


A Folha de domingo publicou três matérias - "Auditoria aponta gasto irregular de Azeredo", "Ex-governador de MG diz que gestão era autônoma" e "Valério dominou as licitações do 1º governo Aécio" - revelado irregularidades nos gastos de publicidade dos governos tucanos em Minas Gerais.

Segundo a matéria principal, auditorias da Secretaria da Fazenda de Minas, feitas de 1997 a 2000 e que examinaram os gastos de publicidade do governo Eduardo Azeredo (1995-1998), apontaram despesas irregulares de R$ 9,97 milhões - entre os quais prevalecem pagamentos às agências SMPB e DNA, de Marcos Valério.

A questão ainda depende de julgamento definitivo do TCE-MG, tribunal que tem entre seus sete conselheiros dois ex-deputados beneficiados (segundo a Polícia Federal) por recursos do valerioduto tucano, um ex-líder do PSDB na Assembléia e a mulher de Clésio Andrade (ex-vice de Aécio e ex-sócio de Valério).

O valerioduto tucano, segundo a PF, foi um esquema operado por Valério, por meio de suas agências, para ocultar origem e destino de ao menos R$ 28,5 milhões em recursos públicos desviados e verbas privadas não-declaradas à Justiça que financiaram, em 1998, a campanha à reeleição de Azeredo, hoje senador, e aliados.

Entre as irregularidades apontadas nas cinco auditorias estão pagamentos a mais, promoção de autoridade em publicidade estatal, gastos sem empenho (reserva orçamentária) prévio, apresentação de fatura como comprovante de despesa (o correto é nota fiscal) e serviços sem comprovação.

O senador Eduardo Azeredo afirmou que os gastos de publicidade de sua gestão em Minas "eram geridos por setores específicos e autônomos do governo". Na mesma linha, apontou autonomia do setor financeiro de sua campanha à reeleição ao governo em 1998 ao negar participação no suposto esquema do valerioduto tucano.

A revista Isto É, no entanto, publicou um recibo, datado de 13 de outubro de 1998, assinado por Eduardo Azeredo, onde ele atesta que recebeu R$ 4,5 milhões da SMP&B e DNA, por intermédio do coordenador de sua campanha eleitoral, Cláudio Mourão da Silveira, "para saudar compromissos diversos".

Entre 2004 e 2005, os pagamentos do governo mineiro às empresas de Marcos Valério SMPB Comunicação e DNA Propaganda somaram R$ 30,3 e R$ 8 milhões, respectivamente. Das 14 maiores campanhas publicitárias do governo em 2004, que totalizaram de R$ 21,8 milhões, SMPB e DNA ficaram com R$ 10,6 milhões (49%).

Fonte: Blog do Dirceu

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