Com as galerias cheias e ao som da música “Hasta siempre Comandante”, o Senado iniciou, nesta terça-feira (23), uma sessão especial em homenagem à memória do líder revolucionário Ernesto Che Guevara. Durante a reverência, diversos senadores e deputados se pronunciaram. A deputada Manuela d´Ávila (PCdoB-RS) lembrou que “a luta de Che, contra as injustiças e a exploração é absolutamente atual. E que nós do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) damos curso a esta luta, a luta por um mundo socialista”.
Manuela afirmou que homenagear Che é mais que um rito solene, como os que acontecem no Congresso. “Me sinto profundamente tocada, pois, para mim, e para minha geração, o exemplo de Che Guevara é muito forte. Ele representa desprendimento e coragem que só os jovens têm. Minha geração cresceu sob os auspícios da redemocratização, onde figuras como o Che eram aos poucos novamente lembradas”.
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) entende que a homenagem representa uma luta, não apenas como uma forma de suprir a sua ausência, mas também como uma fórmula de fazê-lo mais presente na canalização das energias presas na juventude que se vestem de Che, em camisas, bonés, em múltiplos símbolos e canções. O senador pensa que dessa forma os jovens podem transformar o mundo, “parindo um futuro melhor para os nossos povos”.
Inácio disse que há muito a se recordar de Che, “precursor da unidade continental na linhagem de Simon Bolívar e José Marti”. Inácio diz que Che ''é um cidadão da América e do mundo que mereceu atenção especial para suas idéias, publicadas pelas Edições Futuro, do Partido Comunista do Brasil, o PCdoB, ainda no início dos anos 1960, com prefácio de Mauricio Grabois, líder da nossa bancada na Constituinte de 1946 e que tombou no natal de 1973 na Guerrilha do Araguaia”.
A comunista gaúcha destacou a importância de Che para União da Juventude Socialista (UJS), que escolheu o líder revolucionário como seu símbolo e como seu exemplo de luta. “A Escolha traz em si um significado muito mais amplo que a mitificação de herói político. A escolha se pautou pelo significado de sua vida e de sua luta em defesa do socialismo”.
Mídia golpista
A parlamentar protestou contra a revista Veja que, dias atrás, publicou uma edição sobre o Che “eivada de mentiras e de um primarismo que me constrangeu como jornalista”. Manuela disse que esse tipo de manifestação, de certa forma, já era esperada. Para justificar a previsão, ela fez alguns questionamentos: “Que ídolos o capitalismo nos aponta? Qual o seu exemplo de preocupação com o próximo? De que forma pode-se imaginar um lutador neoliberal contra as injustiças?”
O autor do requerimento, senador José Nery (PSOL-PA), afirmou que a homenagem a Che busca preservar e honrar sua memória justamente em um momento em que setores reacionários da imprensa brasileira fazem ataques mentirosos contra a verdadeira história do guerrilheiro.
Cuba
A deputada Manuela lembrou de um depoimento da filha de Che, Aleida, numa entrevista ao jornal O Povo: 'Eu nunca me entendi como filha de um mito. Eu sou filha de um homem. A questão é entender como é que ele, sendo tão ser humano como nós, conseguiu ser um ser humano melhor'. Segundo a congressista, “seu exemplo é tão forte que as crianças cubanas têm uma organização política que é chamada 'Pioneiros de Cuba'. E quando eles se saúdam como pioneiros, eles dizem: 'pioneiros pelo comunismo, seremos como o Che'”.
Porém, Manuela alertou que a utilização da sua imagem em itens de consumo tenta desesperadamente destacar a imagem de seu conteúdo, do homem. “Tentam ocultar os motivos pelo qual ele viveu e morreu. Esta usurpação de sua imagem é um grande desrespeito. Todavia, também há bandeiras de combate, por exemplo, bandeiras vermelhas com sua imagem, bandeiras cubanas com sua imagem”.
“Seu exemplo inspira os cubanos a enfrentar a grave crise que a Ilha enfrentou após a queda da experiência socialista na União Soviética. Hoje, apesar do bloqueio norte-americano, Cuba experimenta taxas de crescimento de quase 12% ao ano e sabe combinar isso com políticas sociais universais e eficientes”, afirma Manuela.
A parlamentar comunista lembra também que há naquele país uma unidade indissolúvel entre governo, povo e partido. “Em 1966, Che disse que a Guerra do Vietnã não era nada mais que um método utilizado pelos Estados Unidos para provocar medo”.
Escute a música que tocou na sessão: Hasta siempre Comandante
De Brasília
Alberto Marques
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