sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Solidário com Ronaldo do PSDB, Senado celebra sua renúncia



Vocês devem se lembrar da notícia postada aqui
sobre a renúncia de Ronaldo Cunha Lima ao mandato de deputado federal pelo PSDB da Paraíba.


Há 14 anos, governador do seu Estado, ele entrou em um restaurante de João Pessoa e deu três tiros no seu antecessor, Tarcísio Buriti, autor de críticas ao filho de Ronaldo, o atual governador da Paraíba Cássio Cunha Lima - na época, superintendente da Sudene.



Buriti ficou em coma durante três dias, mas sobreviveu.



Ronaldo foi preso pela Polícia Federal, solto mais tarde e começou a responder processo por tentativa de homicídio. Como ex-governador e depois deputado, teve direito a foro privilegiado.



Valeu-se de todos os recursos possíveis para que o processo se arrastasse penosamente. Seria julgado pelo Supremo Tribunal Federal na próxima segunda-feira.



Renunciou ao mandato para que o processo volte à Justiça comum. Com 71 anos de idade, saúde debilitada, ele poderá morrer antes de o processo ser concluído.



Em sua carta de renúncia, assim justificou o gesto:



- Em caráter irrevogável e irretratável, renuncio ao mandato de deputado federal, representando o povo da Paraíba, a fim de possibilitar que esse povo me julgue, sem prerrogativa de foro como um igual que sempre fui.



Quer dizer: depois de 14 anos se comportando como "um não igual", ele agora pretende ser julgado pelo povo do seu Estado como "um igual".



Deboche! Cinismo puro! Escárnio!



Como senadores reagiram ontem à renúncia de Ronaldo. Ele foi também senador. E tem muitos amigos no Senado.



Cícero Lucena (PSDB-PB) - Cumpro, diante desta Casa, da Paraíba e da história, uma missão particularmente difícil e dolorosamente cruel: comunicar ao Senado a renúncia do ex-Governador e do ex-Senador Ronaldo da Cunha Lima ao mandato de Deputado Federal pela Paraíba. O Senado é testemunha da integridade insuperável e da profunda sensibilidade humana que são marcas da vida do homem e do poeta. Dolorosamente foi traído em algum momento da sua vida pela dramaticidade de um gesto e de uma circunstância. Testemunhei eu próprio a dor que o fato lhe causou, a marca que lhe deixou na alma, tão profunda que o tempo não cicatrizou. Ronaldo sangra até hoje.



Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) - O gesto do Deputado Ronaldo Cunha Lima é importante até para demonstrar que realmente essa questão da imunidade parlamentar e do foro privilegiado tem de ser repensada e revisada.



Marcelo Crivella (PRB-RJ) - Gostaria apenas de expressar minha profunda tristeza. Sei que Ronaldo Cunha Lima, o Governador, o Senador, o Deputado, o servidor do povo, o amigo de todos, já enfrentou, na vida pública, tantos agravos, injúrias e calúnias que nos lançam os ódios e as paixões inerentes à vida parlamentar, hoje se vê na situação de renunciar a um mandato que o povo lhe deu. Quero solidarizar-me com V. Exª esperando que o nosso Deputado possa encontrar, nesse exílio que se auto-impõe, os momentos mais sublimes da sua alma como estadista e, na planície, como dizemos, forças também para vencer mais essa etapa da sua trajetória. Parabéns a V. Exª!



Arthur Virgílio (PSDB-AM) - Senador Cícero Lucena, a notícia da renúncia do Deputado Ronaldo Cunha Lima me pegou de surpresa e eu custei a entender as razões nobres que a motivaram, porque o meu primeiro ímpeto foi lamentar o que pode ser a perda momentânea da convivência com uma figura tão encantadora e de tanta riqueza humana. A grande verdade é que essa renúncia, mais uma vez, mostra o espírito grandioso de Ronaldo Cunha Lima, porque ele pretende mesmo é ser julgado pelo júri popular. Ele abriu mão do que chamam uns de foro privilegiado e que eu prefiro, de maneira moderada, chamar de foro especial.



Romeu Tuma (PTB-SP) - Um dos lugares a que eu mais gostava de ir era a Paraíba, porque ele era um homem sentimental, poeta, tinha vocação para cantar, para se dedicar aos amigos e ser simpático com eles. São coisas inesquecíveis. Vi a história dele, a angústia que guardou depois do fato ocorrido até conseguir o perdão, tanto é que vários problemas de saúde prejudicaram a locomoção, o raciocínio dele.



Mão Santa (PMDB-PI) - Senador Cícero Lucena, é por uma dessas que Cícero, do Senado Romano, disse: “Errare humanum est.” Então, ele pode ter cometido um erro, mas acho que foi o homem público que teve mais acertos. O próprio Cristo disse: “Atirem a primeira pedra...”



Flexa Ribeiro (PSDB-PA) - Quero me solidarizar com V. Exª – sei da amizade que os une – e dizer que a justiça dos homens virá, e ele dará a demonstração de que nenhuma culpa tem para ainda ter que pagar com julgamento.




Eduardo Azeredo (PSDB-MG) - Que eles tenham realmente a tranqüilidade da decisão que tomaram e que todo o episódio acabe sendo devidamente esclarecido.



Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) - Sua presença (do Cunha Lima) aqui no Senado Federal foi marcante, construtiva e exemplar, um padrão de comportamento que chegou a granjear a simpatia, a admiração e o respeito de todos nós durante o exercício de seu mandato de Senador da República. Logicamente, a vida leva a determinadas surpresas, a determinados acontecimentos imprevistos. Até pela força da emoção, o homem é capaz de atos imprevisíveis. É da natureza humana. Como dizia o nosso Victor Hugo, “o tempo não só cura, mas também reconcilia”.



César Borges (PR-BA) - Neste momento, em um ato que eu considero de grandeza, em sua própria carta de renúncia, ele diz que, representando o povo da Paraíba, quer possibilitar que esse povo o julgue, sem prerrogativa de foro, “como igual, que sempre fui".



Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) - Eu convivi, neste Senado, com o Senador Ronaldo Cunha Lima e tivemos uma bela amizade, herdada do meu pai, que era um grande amigo seu. Então, ele merece todo o nosso apoio, o nosso aplauso e a nossa solidariedade.

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