quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Lupi diz que sofre linchamento público por acumular ministério e PDT

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse nesta quinta-feira (27) que sofre ''um linchamento público por ser presidente de um partido''. Ele atacou o conselheiro da Comissão de Ética, Marcílio Marques Moreira (ex-ministro da Fazenda no governo Collor), que divulgou o parecer recomendando ao presidente Lula o afastamento de Lupi da pasta.

''Que interesses estão por trás do conselheiro Marcílio? Ele não é só conselheiro da Comissão de Ética. Quero saber quem está ferindo a ética, pois eu não pertenço a nenhum conselho particular ou grupo privado'', afirmou o ministro em São Gonçalo, na Grande Rio.
''Querem criminalizar a política''

Sobre o preenchimento de cargos nas delegacias regionais do Trabalho com integrantes do PDT, ele se defendeu afirmando que esta não é uma prática nova. ''E daí? Será que só o PDT tem cargos dos governos federal, estadual e municipal? Será que no governo de Fernando Henrique Cardoso o PSDB não tinha suas ocupações naturais e legítimas, eleitas pelo povo? Gente, vocês estão querendo criminalizar a política. Isso é um absurdo'', afirmou Lupi, que participou da assinatura de um convênio com a prefeitura de São Gonçalo para a abertura de cursos profissionalizantes com sete mil vagas.

A Comissão de Ética Pública, órgão do governo federal criado em 1999, encaminhou nesta quarta-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofício no qual recomenda a demissão de Lupi por ''choque de funções''. Marcílio, presidente em exercício da comissão, opina que esta é a alternativa para evitar o conflito entre o cargo de ministro e a função no partido. O ofício foi encaminhado ao chefe de gabinete adjunto da presidência da República, Cezar Alvarez.

No dia 26 de novembro, a comissão já recomendou que o ministro deixasse a presidência do PDT porque considera que a função dele no partido pode prejudicar suas atividades no governo federal. A AGU (Advocacia Geral da União), em resposta a uma consulta formulada pelo próprio ministro, sugeriu que a comissão ''suspenda'' o processo envolvendo Lupi até que parecer definitivo da advocacia seja concluído.

No despacho assinado pelo advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, a AGU afirma que não há ''nenhuma ilegalidade ou inconstitucionalidade na cumulação de cargos do ministro de Estado e presidente de partido, havendo, inclusive precedentes na história recente do país''. A comissão, no entanto, decidiu não seguir a recomendação da AGU porque considera que o órgão tem autonomia.

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