domingo, 27 de janeiro de 2008

Aguinaldo Silva: Esse "malfadado César Maia, no qual tive o desprazer de votar duas vezes, atos dos quais me arrependo amargamente".

IPTU? Sempre paguei integralmente e com desconto. Mas agora... Na justiça não vou depositar, pois sei que logo vai aparecer um juiz autorizando a Prefeitura de César Maia a sacar o meu dinheiro. A saída seria pagar com correção e multas em novembro... E hoje estou quase decidido: vou fazer isso.


Aguinaldo Silva - Na onda do boicote ao IPTU DO RIO


Até ontem eu andei às voltas com uma dúvida cruel: pago ou não o IPTU? Sempre paguei integralmente e com desconto. Mas agora... Na justiça não vou depositar, pois sei que logo vai aparecer um juiz autorizando a Prefeitura de César Maia a sacar o meu dinheiro.

A saída seria pagar com correção e multas em novembro... E hoje estou quase decidido: vou fazer isso. Pior do que está, por conta do descaso do seu prefeito atual, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro não ficará, pelo menos não até novembro, ou por falta do meu dinheiro. Por isso vou seguir por este caminho: até o prazo limite eu não rcolho o imposto.

O que me fez tomar a decisão de adiar o pagamento foi uma visita que fiz ontem ao centro da cidade. Mais precisamente, ao bairro do Castelo. E ainda mais precisamente, à Praça Virgílio de Mello Franco, onde fui resolver uns assuntos.

Esta praça era pra ser um dos locais mais agradáveis do Rio de Janeiro. Agradável e nobre, pois é ladeada pelas embaixadas de Portugal, Itália e França, incluindo o Teatro Maison de France, e pela Ordem dos Advogados do Brasil. Seu nome homenageia o filho de uma das famílias mais ilustres da cidade. Porém nada disso impediu que ela virasse um depósito de lixo, e um valhacouto de viciados, bebuns e desocupados.

Tão periclitante e horrível é a situação da Praça Virgilio de Melo Franco, que até barracos já começaram a ser nela construídos, o que nos faz crer na possibilidade de que, em breve, ela se transformará num tipo bastante original de favela, que certamente fará a delícia dos nossos sociólogos.

Durante os dias de semana, centenas de pessoas usam a praça para estacionar seus carros, e fingem que nada vêem demais no seu entorno: é o cinismo que hoje impera entre os cariocas, capazes de fingir que a cidade deles, embora tenha virado um filme de terror, ainda é maravilhosa.

No caso da praça a situação é ainda mais grave, pois ela é um dos raros locais do Centro do Rio que ainda abrigam prédios residenciais, e assim poderia se tornar um laboratório para possíveis experiências de revitalização da área. Mas quem liga pro centro do Rio? Quem se importa com a cidade? Quem se preocupa em devolver a uma simples praça sua função original - ser uma área de lazer pros moradores?

E JUSTAMENTE: QUEM NOS SALVARÁ DE TODO ESSE DESCASO?

Certamente não será o malfadado César Maia, no qual tive o desprazer de votar duas vezes, atos dos quais me arrependo amargamente. Pois o que ele sente pela cidade não é apenas indiferença – é desdém puro e simples. César Maia nos odeia a todos – ricos e pobres. Por isso deixa que a muquiranagem ocupe todos os territórios.

Eu, se não fosse um mero Ferreira da Silva, e sim um Mello Franco, exigiria que a prefeitura tirasse das placas lá da praça o nome de Virgílio, pois aquilo deixou de ser uma homenagem para ser uma cusparada em plena cara daqueles que ainda têm vergonha na própria.

Não acreditam em mim? Acham que estou exagerando? Então vão lá num domingo e dêem uma olhada. Mas sem bolsas, jóias, relógios ou carteiras! A praça é um verdadeiro horror. É um pátio dos milagres no qual, em vez de mendigos, o que se vê é gente usando – e vendendo – drogas abertamente. É um depósito de montanhas de lixo que nenhuma Comlurb retira. Ela fede! Os brinquedos infantis existentes no seu canteiro central, que hoje nenhuma criança usa, são irônicos monumentos ao descaso. Nem os pombos pousam mais neles, pois se o fizerem, correm o risco de ser abatidos a tiros.

Claro que não posso deixar de ressaltar a indiferença das grandes empresas e instituições que a rodeiam, além das representações diplomáticas. Não seria o caso delas aderirem a uma possível campanha de revitalização da praça, inclusive pra garantir a segurança dos que nelas trabalham?

Seria, sim. Mas cadê que fazem isso?

Afinal, apesar de César Maia, de quem o antecedeu e de quem o sucederá, muita coisa ainda pode ser feita pelo Rio de Janeiro se houver empenho dos seus usuários.

Ou será que todos se sentem no melhor dos mundos, mesmo ameaçados de ver as praças nas quais deviam brincar seus filhos transformadas em favelas?
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