Diferentemente do que costuma ser difundido, o trabalhador brasileiro está entre aqueles com maior carga horária de trabalho do mundo. Trabalha duro, nem sempre em condições salubres, geralmente recebe salários aquém de sua formação profissional e, mesmo assim, ostenta uma elevada produtividade. Um operário de nosso pólo industrial, por exemplo, produz muito mais do que um operário europeu ou americano no mesmo espaço de tempo.
Construímos uma economia dinâmica, altamente diversificada, que figura entre as 10 maiores do planeta. Produzimos alimentos, somos auto-suficientes em petróleo, desenvolvemos um original programa de energia alternativa (o biodiesel) e temos uma extraordinária abundancia de recursos naturais, incluindo 20% da água doce do planeta.
O povo brasileiro fez tudo isso mantendo as suas principais características, como a alegria, a irreverência, a engenhosidade e o espírito "carnavalesco", de festa.
E é por isso que os milhares de turistas que anualmente nos visitam por época do carnaval, ficam atônitos com o espetáculo dos desfiles das escolas de samba, do carnaval de rua e dos "blocos de sujo", ponto alto desta irreverência.
Provavelmente desconhecem que esse espetáculo majestoso é feito por operários, trabalhadores domésticos, escriturários, pedreiros, carpinteiros, estudantes, donas de casa, enfim, gente do povo.
Gente que às vezes trabalha o ano inteiro para comprar a fantasia de sua escola preferida; gente que sangra as mãos tocando o tambor de seu coração; gente que sua, chora e canta, evoluindo num asfalto de 45 graus de temperatura. Tudo isso em nome da festa das festas: o carnaval.
Mas, neste momento em que se inicia esta majestosa festa nacional, nós queremos nos juntar a alegria de tantos quanto fazem esse belo espetáculo e, ao mesmo tempo, apelar ao bom senso de todos para que de fato tudo seja apenas alegria, tanto pela eventual vitória de sua escola, quanto pela sua volta ao trabalho após o carnaval, inteiro e disposto para o trabalho enquanto se prepara para o próximo ano de festas.
*Eron Bezerra, Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual Licenciado, Secretário de Agricultura do Estado do Amazonas, Membro do CC do PCdoB.
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