terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Genro: caso Jango será investigado se houver 'dado real'

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que o governo federal poderá tomar alguma providência e "mobilizar uma investigação" se receber alguma informação concreta indicando que o Estado brasileiro tenha ordenado ou contribuído para um atentado contra o ex-presidente João Goulart, morto em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, na Argentina. "Para isso, precisamos de um dado real, que até agora não existe, pelo menos sob controle do Ministério da Justiça", ressaltou hoje em Porto Alegre, onde participou de um painel com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o senador Pedro Simon (PMDB) na sede do Grupo RBS.

A discussão sobre a morte de João Goulart, que governou o País de 1961 a 1964, foi retomada pelo filho do ex-presidente, João Vicente Goulart, que diz ter certeza de que uma investigação sobre a morte de seu pai comprovaria que ele foi envenenado por militares uruguaios a pedido da ditadura brasileira. A tese tem sido fomentada por entrevistas que o uruguaio Mario Neira Barreiro, preso em Charqueadas (RS) por tráfico de armas, falsidade ideológica, roubo e formação de quadrilha, vem dando desde 2002, uma das quais ao próprio João Vicente, afirmando que participou da operação de assassinato de João Goulart e negando que a morte tenha ocorrido por um enfarte de causas naturais, conforme a versão oficial.

Para Genro, não há nenhuma informação concreta ou consistente e nenhum dado técnico confirmando que o regime militar brasileiro tenha articulado um atentado contra João Goulart. "Se isso chegar ao ministério, obviamente será investigado, vai ser verificado", reiterou. "Mas até agora não chegou e o que há é apenas uma informação desse cidadão (Barreiro) do qual não se tem nenhuma visão de confiabilidade", observou o ministro.

Apesar de exigir informações concretas, Genro não descarta a possibilidade de João Goulart ter sido assassinado. O ministro contou que passou um mês na fazenda do ex-presidente no Uruguai, quando também estava no exílio, nos anos 70, e percebeu que ele vivia uma vida simples, sem qualquer precaução com sua segurança, costumando receber muitos visitantes com quem negociava gado ou conversava sobre política. Segundo Genro, o panorama histórico daquela época também torna possível pensar que um presidente no exílio pudesse sofrer atentados de serviços de segurança de ditaduras. "Generais chilenos legalistas e parlamentares uruguaios foram mortos na Argentina", recordou.

Fonte: Agência Estado

Nenhum comentário:

Marcadores