OAB quer explicação para passeio de iate
A OAB do Acre quer uma explicação de deputados estaduais que, juntamente com vereadores e parentes, aparecem em imagens nas quais 24 pessoas fazem turismo pelos rios da Amazônia em um luxuoso iate alugado por R$ 30 mil. Foram nove dias a bordo do iate, que percorreu mais de 4,3 mil km pelos rios Juruá e Solimões. Os deputados acreanos aproveitaram o recesso parlamentar para fazer a expedição, paga com dinheiro público.
Agora, veja o OUTRO LADO:
Acre se solidariza com deputados contra manipulação da mídia
O deputado Moisés Diniz (PCdoB), líder do governo na Assembléia Legislativa, disse ontem que o Acre vai se levantar em atos de solidariedade aos deputados que participaram da Expedição Juruá. O parlamentar reafirmou a importância da expedição e a forma transparente como ela foi tratada. Também criticou a forma manipuladora como parte da imprensa divulgou as informações sobre o projeto.
Segundo o deputado comunista, a população acreana sabe que a Assembléia Legislativa é uma instituição respeitada e que está causando estranheza a todos a matéria veiculada no jornal da Globo, através da TV Acre.
“O que fizeram com a Assembléia Legislativa não é uma ação fortuita, tem a ver com a forma que ela está agindo nos últimos meses. Eleger a deputada Naluh Gouveia, por unanimidade, para o TCE é algo que não pode ficar de graça para os conservadores”, avalia.
Diniz argumenta que há uma tentativa de desmoralizar a atual gestão do parlamento acreano, sob o comando de um comunista e de um petista de raiz popular. Avalia que há interesses muito fortes por trás da reportagem, que foi gerada no Acre.
“A Assembléia Legislativa deixou de ser uma casa folclórica e dominada por corruptos para se transformar em um instrumento institucional forte que ouve e mobiliza o povo, unificando a situação e a oposição”, considera.
O deputado do PCdoB afirma ainda que, nunca na história do parlamento brasileiro, deputados deixaram de proteger deputados acusados. Mas, segundo ele, aqui no Acre foi diferente.
“A Assembléia Legislativa, algo inédito no Brasil, exigiu apuração rigorosa, apoiando o Ministério Público, em relação às graves denúncias contra o primeiro suplente de deputado e ex-deputado Roberto Filho”, informa Diniz.
O parlamentar afirma ainda que a ação do presidente da OAB do Acre está se tornando cada vez mais estranha, especialmente depois da prisão do ex-deputado Roberto Filho.
“O presidente da OAB do Acre, em cada ação que executa contra a Assembléia Legislativa, demonstra que quer desmoralizar quem luta contra o crime organizado”, afirmou Diniz.
Reproduzimos abaixo três textos, um do jornalista Altino Machado, outro do deputado estadual do Acre, Luiz Calixto (PDT), e uma carta do sertanista José Carlos que esclarecem os objetivos da expedição e demonstram como a mídia, em especial o suspeitíssimo “jornalista” Ednei Muniz e o presidente da OAB do Acre, Florindo Poersh, manipulam, com interesses escusos, as informações sobre o episódio.
FOLHA DESTACA VIAGEM AO JURUÁ
Altino Machado
Pra começar: acreano que gosta mesmo de passear não vai para o baixo Juruá matar pium, naquela que é considerada uma das regiões com menor densidade demográfica do planeta. O povo daqui gosta mesmo é da costa do Sauípe, Fortaleza, Rio, Florianópolis, Miami, Paris.
O "iate" citado em reportagem do jornal Folha de S. Paulo é a embarcação de pesca da família Benchimol, dona das lojas Bemol e da distribuidora Fogás. Conheço o Umuarama, barco de luxo de uso exclusivo da família, indisponível às empresas que promovem turismo na região.
Hoje, no Amazonas, é rotina a realização de eventos em barcos cujo conforto não pode ser comparado aos batelões e recreios que singram nossos tortuosos rios.
Participei, em julho de 2006, do simpósio internacional de religião, ciência e meio ambiente organizado pelo patriarca da Igreja Ortodoxa. Durou uma semana no Rio Negro, tendo à frente o luxuoso Ibero Star, além de 10 barcos, entre os quais estava o Igaratim-Açu, usado pela mesa diretora da Assembléia Legislativa para percorrer o Juruá e o Solimões.
Hábil na política, o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), presidente da Assembléia, deve estar rindo à toa por causa da visibilidade alcançada por sua expedição. No ano passado, ele percorreu a Estrada do Pacífico, no Peru, e a mídia não deu a menor atenção. Neste ano, porém, em pleno recesso, há mais de duas semanas a expedição ao Juruá tem sido destacada em blogs e jornais do Acre, Amazonas e São Paulo.
Ainda bem que Magalhães foi transparente ao tornar público que estava percorrendo o Juruá, um dos rios mais importantes do planeta, mas que pouca gente tem coragem de enfrentá-lo por ser uma das regiões com maior incidência de praga de insetos. Teria sido hipócrita se tivesse tentado conferir algum valor científico numa viagem de apenas 10 dias.
A Folha acabou pautada pelo site AC 24 horas, que sabemos não se afinar com o presidente da Assembléia. Talvez a defesa aberta que o AC 24 horas faz da escória da política acreana explique isso. O principal redator de um noticiário eivado de inverdades sobre a expedição é Edinei Muniz, assistente do advogado do ex-deputado Roberto Filho, acusado de tramar com o filho o assassinato de um juiz, de uma promotora e de um oficial de justiça. Magalhães contribuiu pesadamente para que a Justiça mandasse o seu ex-colega para um presídio de segurança máxima, onde se encontra até hoje.
Aliás, o repórter Leônidas Badaró, que participou da expedição, foi procurado por Muniz logo após a viagem. Acusado pelo Sindicato dos Jornalistas do Acre de exercício ilegal da profissão, Muniz ofereceu a Badaró R$ 500 por alguma foto na qual algum deputado estadual aparecesse ingerindo bebida alcoólica.
A gente sabe que iate é a mesma coisa que embarcação, mas quando se usa a palavra iate num título de reportagem como foi editada a da Folha, o efeito que se tem é outro. Entendo bem dessas filigranas semânticas. Mas a reportagem da Folha é bastante esclarecedora, embora contenha algumas imprecisões em decorrência de que o jornal se habituou a usar apenas telefone para a cobertura, a partir de Sampa, da imensa Amazônia.
O engraçado é que a Folhapress, do mesmo grupo que edita o jornal que trata a expedição com exotismo, vende o trabalho de Odair Leal, fotógrafo oficial da Assembléia do Acre, que fez as melhores fotos da viagem. Ontem mesmo eles pediram fotos a Leal.
Espero que na próxima expedição a Folha de S. Paulo também seja convidada pela mesa diretora, para ver de perto e contar de certo.
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ESTRANHO E MEDROSO SOU EU
Luiz Calixto *
Em que pese nossas profundas divergências políticas, posto que sou um deputado de oposição ao governo do PT, tenho profundo respeito pelo deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), presidente da Assembléia Legislativa do Acre. É um parlamentar firme e idealista.
Durante a festa de confraternização de final de ano dos funcionários da Assembléia Legislativa nos encontramos e conversamos por alguns instantes, quando fui informado por ele sobre a viagem de barco, de Cruzeiro do Sul até Manaus. Não esperei sequer ser convidado e já disse a ele que também iria.
Nossos propósitos e expectativas em relação à essa expedição eram os mesmos: nascemos no Acre (ele em Cruzeiro do Sul e eu em Tarauacá), andamos pelo Acre, e precisamos, como representantes eleitos democraticamente, conhecer as potencialidades econômicas da nossa terra.
É preciso conhecer a realidade para propor alternativas capazes de gerar as oportunidades de exploração para geração de renda. Começamos a viagem a partir de Cruzeiro do Sul no dia 3 de janeiro. Tudo foi registrado e divulgado. Nada foi feito às escondidas. A transparência foi total.
Nossas paradas nas cidades de Eirunepé, Carauari, Coari e Manacapuru serviram, sobretudo, para que os blogueiros Edvaldo Magalhães, Roberto Brana e Altino Machado postassem fotos e relatos da viagem. Quem acessou aos blogs sabe disso.
Durante a viagem, eu e Edvaldo conversamos acerca dos desdobramentos que deveríamos fazer na Assembléia com o objetivo de vermos implementados, através de políticas de governo, a exploração econômica do roteiro que navegamos.
A viagem terminou no sábado, dia 12, e no dia seguinte retornei para Rio Branco. Logo no inicio da semana, o professor Ednei Muniz postou no blog dele uma foto da embarcação já anteriormente divulgada pelos nossos blogueiros e, sem ouvir ninguém, sem esperar a divulgação dos resultados da expedição, elevou a embarcação à categoria de iate. E só. Pura maldade e jornalismo rasteiro.
Sabe ele que uma viagem de quase 5 mil quilômetros, regados a muito pium nos rios considerados maiores do Brasil (Juruá ) e do mundo (Solimões), tem que ser feita com um mínimo de conforto e muita segurança. Todos os barcos que navegam na região são assim ou melhores.
Ato continuo, o presidente da OAB, Florindo Poersh, que também é advogado da TV 5, sabe-se lá como, conseguiu a fita bruta das filmagens e a repassou para a TV Globo, que selecionou as partes que quis e partiu para tentar desmoralizar o sentido da expedição, cuja partida fora divulgada por ela no jornal do dia 2 de janeiro.
Faço aqui algumas perguntas a Florindo Poersh e ao senhor Ednei Muniz:
- Se fosse a intenção de fazer algo subterrâneo teríamos permitido que a viagem também fosse composta por cinegrafista e fotografo?
- Qual o pecado cometido em cantar parabéns para o deputado Juarez Leitão? Todos os dias, em alguma repartição pública, se prestam homenagens a alguém que está aniversariando. Incivilizado é não fazer isso.
- Qual o erro de quem, em 5 mil quilômetros de rios, resolveu dar um mergulho? Queriam o que? Que pulassem de paletó e gravata? Estranho sou eu que, por medo, não fiz isso.
Mas isso não vai me amedrontar. Continuarei insistindo no propósito da viagem e trabalharei para a implementação de políticas públicas para a exploração econômica do roteiro percorrido.
Se houver desgaste, o suportarei. Quem acompanha minha trajetória política sabe que não arredarei um milímetro sequer das minhas convicções. Não sou oposicionista de momento.
Quanto aos questionamentos feitos pela OAB-AC, tenho certeza que a Mesa Diretora os responderá com a maior transparência e rapidez. Nada fizemos de ilegal.
E espero que a OAB continue cumprindo o seu papel e que essa atitude não seja apenas o reflexo de uma questão pessoal que o presidente da OAB tem contra o deputado Edvaldo Magalhães.
* O deputado estadual Luiz Calixto (PDT) é o principal opositor ao governo petista do Acre.
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"EU TAMBÉM QUERO IR"
Do sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior sobre a polêmica expedição organizada pela Assembléia Legislativa do Acre nos rios Juruá e Solimões:
- “Sempre existem outros interesses por traz de cada notícia. São raras as notícias isentas porque quase todo jornalista ou dono de veículo de comunicação é um político partidário. Toda notícia sempre terá tantas versões quanto forem as tendências políticas envolvidas. É o jogo da democracia. Como a iniciativa me parece realmente relevante para que se possa conhecer um pouco mais da realidade amazônica, os deputados acreanos deveriam anunciar o roteiro da próxima expedição. Mas me convidem porque também quero ir”.
Comentário de Altino Machado
“Meu caro sertanista, o segurança da Assembléia Legislativa que aparece sentado tomando cerveja durante a reportagem do Jornal Nacional estava num bar e não no interior do barco como o telespectador é induzido a acreditar. O desembargador Arquilau de Castro Melo comandou expedições ao alto Juruá enquanto presidia o Tribunal de Justiça. Não foi criticado por isso. Jorge Viana, durante os oito anos de governo também dirigiu caravanas de convidados ao Peru, Bolívia e pelo interior do Acre. Até eu estive com ele em La Paz, quando o presidente boliviano perguntou acidamente, ao final da apresentação de cada membro da delegação, se ficara algum acreano no Acre. O senador Tião Viana também tem dirigido várias expedições de reconhecimento, dentro e fora do Acre, mas não tem sido atacado por isso. O jogo na política é realmente pesado e tudo o que foi exibido no Jornal Nacional já havia sido relatado e mostrado na web. É forçar demais a barra ao apresentar um "parabéns pra você" ou mergulho no rio como um atentado à ética. Existe tanta coisa realmente grave acontecendo na Amazônia e que a mídia teima em não enxergar”.
O deputado Moisés Diniz (PCdoB), líder do governo na Assembléia Legislativa, disse ontem que o Acre vai se levantar em atos de solidariedade aos deputados que participaram da Expedição Juruá. O parlamentar reafirmou a importância da expedição e a forma transparente como ela foi tratada. Também criticou a forma manipuladora como parte da imprensa divulgou as informações sobre o projeto.
Segundo o deputado comunista, a população acreana sabe que a Assembléia Legislativa é uma instituição respeitada e que está causando estranheza a todos a matéria veiculada no jornal da Globo, através da TV Acre.
“O que fizeram com a Assembléia Legislativa não é uma ação fortuita, tem a ver com a forma que ela está agindo nos últimos meses. Eleger a deputada Naluh Gouveia, por unanimidade, para o TCE é algo que não pode ficar de graça para os conservadores”, avalia.
Diniz argumenta que há uma tentativa de desmoralizar a atual gestão do parlamento acreano, sob o comando de um comunista e de um petista de raiz popular. Avalia que há interesses muito fortes por trás da reportagem, que foi gerada no Acre.
“A Assembléia Legislativa deixou de ser uma casa folclórica e dominada por corruptos para se transformar em um instrumento institucional forte que ouve e mobiliza o povo, unificando a situação e a oposição”, considera.
O deputado do PCdoB afirma ainda que, nunca na história do parlamento brasileiro, deputados deixaram de proteger deputados acusados. Mas, segundo ele, aqui no Acre foi diferente.
“A Assembléia Legislativa, algo inédito no Brasil, exigiu apuração rigorosa, apoiando o Ministério Público, em relação às graves denúncias contra o primeiro suplente de deputado e ex-deputado Roberto Filho”, informa Diniz.
O parlamentar afirma ainda que a ação do presidente da OAB do Acre está se tornando cada vez mais estranha, especialmente depois da prisão do ex-deputado Roberto Filho.
“O presidente da OAB do Acre, em cada ação que executa contra a Assembléia Legislativa, demonstra que quer desmoralizar quem luta contra o crime organizado”, afirmou Diniz.
Reproduzimos abaixo três textos, um do jornalista Altino Machado, outro do deputado estadual do Acre, Luiz Calixto (PDT), e uma carta do sertanista José Carlos que esclarecem os objetivos da expedição e demonstram como a mídia, em especial o suspeitíssimo “jornalista” Ednei Muniz e o presidente da OAB do Acre, Florindo Poersh, manipulam, com interesses escusos, as informações sobre o episódio.
FOLHA DESTACA VIAGEM AO JURUÁ
Altino Machado
Pra começar: acreano que gosta mesmo de passear não vai para o baixo Juruá matar pium, naquela que é considerada uma das regiões com menor densidade demográfica do planeta. O povo daqui gosta mesmo é da costa do Sauípe, Fortaleza, Rio, Florianópolis, Miami, Paris.
O "iate" citado em reportagem do jornal Folha de S. Paulo é a embarcação de pesca da família Benchimol, dona das lojas Bemol e da distribuidora Fogás. Conheço o Umuarama, barco de luxo de uso exclusivo da família, indisponível às empresas que promovem turismo na região.
Hoje, no Amazonas, é rotina a realização de eventos em barcos cujo conforto não pode ser comparado aos batelões e recreios que singram nossos tortuosos rios.
Participei, em julho de 2006, do simpósio internacional de religião, ciência e meio ambiente organizado pelo patriarca da Igreja Ortodoxa. Durou uma semana no Rio Negro, tendo à frente o luxuoso Ibero Star, além de 10 barcos, entre os quais estava o Igaratim-Açu, usado pela mesa diretora da Assembléia Legislativa para percorrer o Juruá e o Solimões.
Hábil na política, o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), presidente da Assembléia, deve estar rindo à toa por causa da visibilidade alcançada por sua expedição. No ano passado, ele percorreu a Estrada do Pacífico, no Peru, e a mídia não deu a menor atenção. Neste ano, porém, em pleno recesso, há mais de duas semanas a expedição ao Juruá tem sido destacada em blogs e jornais do Acre, Amazonas e São Paulo.
Ainda bem que Magalhães foi transparente ao tornar público que estava percorrendo o Juruá, um dos rios mais importantes do planeta, mas que pouca gente tem coragem de enfrentá-lo por ser uma das regiões com maior incidência de praga de insetos. Teria sido hipócrita se tivesse tentado conferir algum valor científico numa viagem de apenas 10 dias.
A Folha acabou pautada pelo site AC 24 horas, que sabemos não se afinar com o presidente da Assembléia. Talvez a defesa aberta que o AC 24 horas faz da escória da política acreana explique isso. O principal redator de um noticiário eivado de inverdades sobre a expedição é Edinei Muniz, assistente do advogado do ex-deputado Roberto Filho, acusado de tramar com o filho o assassinato de um juiz, de uma promotora e de um oficial de justiça. Magalhães contribuiu pesadamente para que a Justiça mandasse o seu ex-colega para um presídio de segurança máxima, onde se encontra até hoje.
Aliás, o repórter Leônidas Badaró, que participou da expedição, foi procurado por Muniz logo após a viagem. Acusado pelo Sindicato dos Jornalistas do Acre de exercício ilegal da profissão, Muniz ofereceu a Badaró R$ 500 por alguma foto na qual algum deputado estadual aparecesse ingerindo bebida alcoólica.
A gente sabe que iate é a mesma coisa que embarcação, mas quando se usa a palavra iate num título de reportagem como foi editada a da Folha, o efeito que se tem é outro. Entendo bem dessas filigranas semânticas. Mas a reportagem da Folha é bastante esclarecedora, embora contenha algumas imprecisões em decorrência de que o jornal se habituou a usar apenas telefone para a cobertura, a partir de Sampa, da imensa Amazônia.
O engraçado é que a Folhapress, do mesmo grupo que edita o jornal que trata a expedição com exotismo, vende o trabalho de Odair Leal, fotógrafo oficial da Assembléia do Acre, que fez as melhores fotos da viagem. Ontem mesmo eles pediram fotos a Leal.
Espero que na próxima expedição a Folha de S. Paulo também seja convidada pela mesa diretora, para ver de perto e contar de certo.
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ESTRANHO E MEDROSO SOU EU
Luiz Calixto *
Em que pese nossas profundas divergências políticas, posto que sou um deputado de oposição ao governo do PT, tenho profundo respeito pelo deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), presidente da Assembléia Legislativa do Acre. É um parlamentar firme e idealista.
Durante a festa de confraternização de final de ano dos funcionários da Assembléia Legislativa nos encontramos e conversamos por alguns instantes, quando fui informado por ele sobre a viagem de barco, de Cruzeiro do Sul até Manaus. Não esperei sequer ser convidado e já disse a ele que também iria.
Nossos propósitos e expectativas em relação à essa expedição eram os mesmos: nascemos no Acre (ele em Cruzeiro do Sul e eu em Tarauacá), andamos pelo Acre, e precisamos, como representantes eleitos democraticamente, conhecer as potencialidades econômicas da nossa terra.
É preciso conhecer a realidade para propor alternativas capazes de gerar as oportunidades de exploração para geração de renda. Começamos a viagem a partir de Cruzeiro do Sul no dia 3 de janeiro. Tudo foi registrado e divulgado. Nada foi feito às escondidas. A transparência foi total.
Nossas paradas nas cidades de Eirunepé, Carauari, Coari e Manacapuru serviram, sobretudo, para que os blogueiros Edvaldo Magalhães, Roberto Brana e Altino Machado postassem fotos e relatos da viagem. Quem acessou aos blogs sabe disso.
Durante a viagem, eu e Edvaldo conversamos acerca dos desdobramentos que deveríamos fazer na Assembléia com o objetivo de vermos implementados, através de políticas de governo, a exploração econômica do roteiro que navegamos.
A viagem terminou no sábado, dia 12, e no dia seguinte retornei para Rio Branco. Logo no inicio da semana, o professor Ednei Muniz postou no blog dele uma foto da embarcação já anteriormente divulgada pelos nossos blogueiros e, sem ouvir ninguém, sem esperar a divulgação dos resultados da expedição, elevou a embarcação à categoria de iate. E só. Pura maldade e jornalismo rasteiro.
Sabe ele que uma viagem de quase 5 mil quilômetros, regados a muito pium nos rios considerados maiores do Brasil (Juruá ) e do mundo (Solimões), tem que ser feita com um mínimo de conforto e muita segurança. Todos os barcos que navegam na região são assim ou melhores.
Ato continuo, o presidente da OAB, Florindo Poersh, que também é advogado da TV 5, sabe-se lá como, conseguiu a fita bruta das filmagens e a repassou para a TV Globo, que selecionou as partes que quis e partiu para tentar desmoralizar o sentido da expedição, cuja partida fora divulgada por ela no jornal do dia 2 de janeiro.
Faço aqui algumas perguntas a Florindo Poersh e ao senhor Ednei Muniz:
- Se fosse a intenção de fazer algo subterrâneo teríamos permitido que a viagem também fosse composta por cinegrafista e fotografo?
- Qual o pecado cometido em cantar parabéns para o deputado Juarez Leitão? Todos os dias, em alguma repartição pública, se prestam homenagens a alguém que está aniversariando. Incivilizado é não fazer isso.
- Qual o erro de quem, em 5 mil quilômetros de rios, resolveu dar um mergulho? Queriam o que? Que pulassem de paletó e gravata? Estranho sou eu que, por medo, não fiz isso.
Mas isso não vai me amedrontar. Continuarei insistindo no propósito da viagem e trabalharei para a implementação de políticas públicas para a exploração econômica do roteiro percorrido.
Se houver desgaste, o suportarei. Quem acompanha minha trajetória política sabe que não arredarei um milímetro sequer das minhas convicções. Não sou oposicionista de momento.
Quanto aos questionamentos feitos pela OAB-AC, tenho certeza que a Mesa Diretora os responderá com a maior transparência e rapidez. Nada fizemos de ilegal.
E espero que a OAB continue cumprindo o seu papel e que essa atitude não seja apenas o reflexo de uma questão pessoal que o presidente da OAB tem contra o deputado Edvaldo Magalhães.
* O deputado estadual Luiz Calixto (PDT) é o principal opositor ao governo petista do Acre.
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"EU TAMBÉM QUERO IR"
Do sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior sobre a polêmica expedição organizada pela Assembléia Legislativa do Acre nos rios Juruá e Solimões:
- “Sempre existem outros interesses por traz de cada notícia. São raras as notícias isentas porque quase todo jornalista ou dono de veículo de comunicação é um político partidário. Toda notícia sempre terá tantas versões quanto forem as tendências políticas envolvidas. É o jogo da democracia. Como a iniciativa me parece realmente relevante para que se possa conhecer um pouco mais da realidade amazônica, os deputados acreanos deveriam anunciar o roteiro da próxima expedição. Mas me convidem porque também quero ir”.
Comentário de Altino Machado
“Meu caro sertanista, o segurança da Assembléia Legislativa que aparece sentado tomando cerveja durante a reportagem do Jornal Nacional estava num bar e não no interior do barco como o telespectador é induzido a acreditar. O desembargador Arquilau de Castro Melo comandou expedições ao alto Juruá enquanto presidia o Tribunal de Justiça. Não foi criticado por isso. Jorge Viana, durante os oito anos de governo também dirigiu caravanas de convidados ao Peru, Bolívia e pelo interior do Acre. Até eu estive com ele em La Paz, quando o presidente boliviano perguntou acidamente, ao final da apresentação de cada membro da delegação, se ficara algum acreano no Acre. O senador Tião Viana também tem dirigido várias expedições de reconhecimento, dentro e fora do Acre, mas não tem sido atacado por isso. O jogo na política é realmente pesado e tudo o que foi exibido no Jornal Nacional já havia sido relatado e mostrado na web. É forçar demais a barra ao apresentar um "parabéns pra você" ou mergulho no rio como um atentado à ética. Existe tanta coisa realmente grave acontecendo na Amazônia e que a mídia teima em não enxergar”.
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