O comportamento irresponsável e sensacionalista de boa parte da mídia tem feito com que surgimento de alguns poucos casos suspeitos de febre amarela causem uma corrida desnecessária aos postos de vacinação. Apenas no Distrito Federal, mais de 1 milhão de pessoas já tomaram a vacina. Em Goiás, foram cerca de 1,5 milhão de pessoas. Até mesmo na capital paulista, onde o risco de se contrair febre amarela é praticamente nulo, muitas pessoas desinformadas e afoitas têm lotado os postos de saúde em busca da vacina.
Segundo o virologista e pesquisador em febre amarela e dengue do Instituto Oswaldo Cruz, Hermann Schatzmayr, não se pode sequer considerar que haja um surto de febre amarela nestes locais, pois só existem três casos confirmados até o momento em todo o país.
Nos últimos 12 anos, o Brasil tem apresentado uma média de 15 a 40 casos de febre amarela por ano, todos relacionados a pessoas que entram em florestas e reservas ambientais sem vacina.
Os únicos períodos que fugiram desta média foram os anos de 2000 e 2003, que tiveram 85 e 64 casos registrados respectivamente. Nestes anos, houve surtos de 53 casos em Goiás e 58 em Minas Gerais.
De acordo com o virologista, só é correto chamar de epidemia uma situação em que ocorram o dobro de casos ou mais que a média habitual como no ano 2000 por exemplo.
Segundo Schatzmayr, o surto é uma espécie de epidemia localizada. Ainda segundo o pesquisador, as áreas endêmicas são aquelas que têm o vírus em circulação na natureza.
Como o vírus amarílico vive em macacos, estas áreas só deixariam de ser consideradas de risco caso deixassem de ter esse tipo de animal. O homem só é atingido pela doença quando entra na mata sem se vacinar. "Enquanto tiver macaco circulando, ele vai estar ali, o vírus vai se transferir de um animal para o outro e sem que o homem possa interferir", diz o pesquisador.
O corte de árvores também facilita a contaminação humana porque os macacos fogem e os mosquitos que vivem dentro delas se desorientam e procuram outros animais para se alimentar.
"Tem a doença que é de gravidade leve, que o paciente sente dor, febre e moleza. A mediana que, além desses sintomas, apresenta alguma insuficiência renal, hepática ou cardíaca, mas que consegue controlar com facilidade. E a grave, na qual apresenta lesão renal, hepática e cardíaca grave e resulta facilmente em morte", explica o virologista.
O tratamento é de suporte, ou seja, à base de soro e medicação para diminuir os sintomas, mas a recuperação depende apenas da imunidade de cada paciente.
Fonte: Agência Brasil
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