Resolução do PT-MG diz não à aliança com Aécio Neves
A direção municipal do PT usou o "rolo compressor" para abafar a tentativa do grupo ligado ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, de adiar em 15 dias a decisão sobre a possível aliança com o PSDB na eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte. Depois de três horas de reunião do Diretório Municipal, ontem (16), a tese de adiamento, defendida pelo deputado estadual André Quintão -braço-direito de Patrus em Minas - foi derrubada, sem que sequer fosse levada a voto.
A manobra foi coordenada pelo presidente municipal do PT, Aluísio Marques (principal auxiliar do deputado federal Virgílio Guimarães), que, antes da votação pelos 45 membros do diretório que estavam no local desde as 9h, sugeriu que fosse tentada uma proposta de consenso entre os três grupos envolvidos, em reunião marcada para durar 15 minutos. Cinquenta minutos depois, sem que o impasse fosse solucionado, o próprio Quintão se encarregou de jogar a toalha, se dizendo "decepcionado" com a falta de acordo.
Em 30 de março, o diretório se reúne para escolher os 400 delegados que irão bater o martelo, em 6 de abril, sobre a possível dobradinha PT-PSDB, que tem como principal pré-candidato o secretário de estado de Desenvolvimento Econômico, Marcos Lacerda. (PSB). "Esperávamos um gesto de reciprocidade, de boa vontade, mas ele não veio. O adiamento serviria para distensionar o processo, mas prevaleceu a maioria aritmética", lamentou Quintão, referindo-se à representação majoritária do grupo que defende a aliança na comissão eleitoral que discutiu o assunto.
O ex-presidente do Diretório Municipal Eugênio Pasqualini, do grupo de Patrus Ananias, lembrou que caberá recurso da decisão nas instâncias estadual e federal. "Não vamos engolir goela abaixo uma maioria momentânea. O tempo não é o do cronograma da resolução, o tempo é o da tolerância política", apelou.
Resolução estadual: "Aécio não"
No mesmo final de semana em que o diretório municipal deu fôlego aos que pretendem alimentar a aliança com o tucanato mineiro, uma resolução do diretório estadual, aprovada no sábado (15) reafirma o antagonismo entre o PT e o PSDB. A resolução afirma categoricamente que os aliados dos petistas devem ser "prioritariamente aqueles do campo democrático e popular, tradicionalmente - o PCdoB, o PSB e o PDT". O documento abre brecha também para alianças com o PMDB, mas rechaça acordos com "os partidos que fazem oposição ao governo Lula - o PSDB, o DEM e o PPS."
"O governo Aécio não se coaduna com o que o PT quer para Minas Gerais e muito menos para o Brasil", diz a resolução do PT-MG.
Apesar da posição firmada pelo PT estadual, o presidente nacional do partido, Ricardo Berzoini, afirmou que o PT decidirá sobre sua política de alianças somente na reunião do Diretório Nacional no próximo dia 24 de março, em São Paulo.
"Nenhuma decisão sobre tática eleitoral ou política de alianças para 2008 foi tomada pelo Diretório Nacional, inclusive com relação ao caso específico de Belo Horizonte que, juntamente com outras situações, deverá ser analisado pela direção nacional", disse o presidente do PT em nota divulgada no dia 6 de março.
Confira abaixo a 2ª Resolução do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais, aprovada pelo Diretório Estadual, no sábado (15)
Uma contribuição ao debate
As eleições municipais de outubro acontecerão sob o enorme sucesso do governo Lula. O crescimento do país, fruto da melhoria da renda dos assalariados, da oferta de empregos, do Plano de Aceleração do Crescimento, das políticas sociais, criam um ambiente propício para debater com a sociedade os rumos de nossas cidades.
Estamos consolidando nosso projeto anti-neoliberal e devemos, nessas eleições, politizar o debate acerca do modelo de desenvolvimento que queremos para o Brasil - mais estado a serviço do povo, mais cidadania, mais direitos, mais justiça social.
Os temas da sustentabilidade do crescimento e do papel dos municípios no desenvolvimento nacional, da necessidade de uma profunda reforma política e da participação popular devem ser centrais no nosso discurso de campanha, traduzidos para o contexto de cada localidade.
O PT é o nosso grande instrumento de transformação, da implementação do nosso projeto onde há prevalência do coletivo do partido, sobre as pessoas.
Vencemos as duas últimas grandes disputas de rumo da política nacional, em 2002 e 2006. O nosso atual desafio é identificar o PT nos municípios com os projetos e programas do Governo Lula para atingirmos o melhor desempenho nas eleições de 2008. Assim agiremos localmente para construir uma nova Minas Gerais e nos prepararemos para a continuidade da mudança em 2010.
O Governo Aécio não se coaduna com o que o PT quer para Minas Gerais e muito menos para o Brasil. Reafirmamos nossa oposição programática ao governo estadual, conforme Resolução do 3º Congresso Estadual, em razão de ações como: mínimos investimentos na área social, ausência de participação popular, falta de transparência no gasto público e sua concepção de estado mínimo.
A Direção Estadual, observado o estatuto, promoverá o diálogo para que aonde o PT governa as prévias sejam evitadas e, ainda, trabalhará para que o partido em todo o estado lance candidatos a prefeito(a), vices e a vereadores(as), fortalecendo o 13 e nossas marcas principais, tendo como referência prática os êxitos de nossas atuais administrações.
Nossos aliados, considerando a realidade local, devem ser prioritariamente aqueles do campo democrático e popular, tradicionalmente - o PCdoB, o PSB e o PDT. Os demais partidos que dão sustentação ao governo Lula também estão inseridos no nosso campo de alianças, em especial o PMDB.
Já os partidos que fazem oposição ao governo Lula - o PSDB, o DEM e o PPS - estão fora desse campo. Eventuais coligações com estes partidos só poderão ser realizadas com autorização prévia da DE, cabendo recurso ao DN.
PT/MG
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