segunda-feira, 5 de maio de 2008

O retorno de Palocci




O ex-ministro investe na reconstrução da sua imagem e já há quem o veja como alternativa à sucessão de Lula em 2010

OCTÁVIO COSTA


MISSÃO Se convencer seus pares a aprovar a reforma tributária, o deputado Palocci poderá dar a volta por cima no escândalo do caseiro e assim se credenciar para vôos mais altos

Aagenda do deputado federal Antônio Palocci está tão cheia quanto nos seus tempos de ministro da Fazenda. E por uma boa razão. Palocci assumiu a presidência da Comissão Especial da Reforma Tributária da Câmara. Cabe a ele, portanto, tornar real um sonho que teve início ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1999: dar ao País uma estrutura tributária mais simples e equilibrada, em que não haja tratamento diferenciado entre os entes da Federação. Diante do desafio de aprovar ainda este ano a mais recente proposta do governo Lula, Palocci tem circulado pelo País, em contatos incontáveis com governadores, prefeitos, empresários e sindicalistas. Em Brasília, é difícil encontrá-lo em seu gabinete. Sua movimentação também é intensa pelos corredores do Congresso e na Esplanada dos Ministérios. O ex-ministro garante que, "apesar da correria nos últimos dias", está sendo bem-sucedido em sua missão. "Meu primeiro trabalho é dar credibilidade à aprovação da reforma. Tento convencer meus próprios colegas deputados de que essa é a oportunidade possível", explicou Palocci à ISTOÉ.

Sua tarefa é árdua. Além das experiências frustradas entre 1999 e 2003, acredita-se que o ano político, com eleições para prefeito, não é o ambiente ideal para votar uma reforma tributária. Mas Palocci está otimista. "Com um trabalho concentrado, é possível fazer a reforma andar. Vamos votar na Comissão e na Câmara o mais rápido possível", prevê. Na verdade, Palocci sabe que o que está em xeque não é só o projeto do governo Lula. Com a volta à luz dos holofotes, também está em jogo o próprio futuro político do ex-ministro, que deixou o governo num rumoroso caso que envolveu a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Enquanto aguarda o julgamento do caso pelo STF, Palocci investe na reconstrução de sua imagem, num projeto cercado de moderação. "Não quero me colocar para planos políticos mais à frente. Prefiro fazer meu trabalho no Congresso e deixar que eventuais novas posições possam aparecer com o tempo", afirma. Sem pressa, o ex-ministro pretende ser reconhecido pelo desempenho no Parlamento. O resto virá como conseqüência natural.

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